Desrespeitados, brasileiros desistem de viajar ao México
Falha de sistema impede viajantes de obter autorização eletrônica em tempo hábil
Se existe algo difícil ultimamente é um brasileiro colocar os pés no México. Apesar de não haver barreiras, é necessário obter uma autorização eletrônica em um site do governo mexicano. O problema é que, para brasileiros, o sistema vem falhando há cerca de um mês. A situação chegou ao ponto de turistas desistirem de viagens marcadas.
Desde dezembro, a autorização eletrônica para entrar no México passou a ser exigida dos viajantes brasileiros, assim como de outros países. O aval precisa ser obtido nos 30 dias anteriores ao embarque e, na ausência dele, pode-se tentar obter o visto mexicano via entrevista presencial. "Aqui em São Paulo, eles abrem a agenda para o visto na terceira semana do mês", diz o engenheiro Paulo Blanco, de 47 anos. Com viagem marcada para 9 de julho, ele passou as últimas semanas tentando a autorização para um dos filhos. Nada feito. Correu atrás de uma data no consulado e se deparou com a falta de tempo hábil. "Não vamos mais", contou.
O engenheiro entrou no site do governo mexicano para obter a autorização de viagem dentro do prazo exigido, 30 dias antes do embarque. Ao ver que o sistema não funcionava, foi às redes sociais e descobriu que não estava só.
O visto mexicano e a autorização eletrônica são dispensados no caso de o viajante ter o visto para entrar nos Estados Unidos válido. O mesmo vale para quem tem autorização para entrar em Canadá, Japão, Reino Unido ou Espaço Schenguen, composto por 22 dos 28 países membros da União Europeia. Blanco, sua mulher e sua filha têm o visto americano. O do filho está vencido.
Nas redes sociais sobram queixas de "falta de respeito com as pessoas, sonhos sendo jogados no lixo e dinheiro também". "Estou há dias tentando, sem parar. Vou perder tudo. Minha filhinha está em prantos pois sonhamos muito com essa viagem na pandemia", diz Blanco.
O engenheiro ainda tem mais uma reclamação em comum com outros brasileiros. Quem entra no site e muda a nacionalidade para qualquer outra tem uma surpresa. "Aí, funciona! É uma situação surreal", afirma.
No site do órgão, um comunicado informa a quem ainda tem interesse em manter a viagem que "o Consulado não tem participação nesse processo" e "não tem nenhum controle sobre o sistema de autorizações eletrônicas e não assume nenhuma responsabilidade pelas perdas de reservas de passagens de avião, hotéis nem quaisquer outros prejuízos". A reportagem entrou em contato com a Embaixada Mexicana e não obteve resposta. (Estadão Conteúdo)