Circuito das Águas é perto e relaxante

Por

Piscinas de água mineral são atrações do Balneário Municipal. Crédito da foto: Cortesia / Adriane Mendes

Região oferece inúmeros atrativos naturais, centros de produção artesanal, comércio variado e muitas opções para relaxar longe dos riscos das aglomerações. Crédito da foto: Cortesia / Adriane Mendes

Roteiros curtos e de relaxamento! Essa tem sido a tendência na retomada do turismo, após praticamente sete meses de recessão por conta da pandemia do novo coronavírus. E entre os muitos destinos nacionais oferecidos dentro dessa proposta, um dos que desponta, especialmente para os moradores de Sorocaba e região, é o do Circuito das Águas Paulista, que recebe acima de três milhões de pessoas ao ano, com direito a pernoite. São, ao todo, 21 mil leitos. O Circuito, localizado entre 170 e 220 quilômetros de Sorocaba, compreende nove municípios: Jaguariúna, Pedreira, Amparo, Monte Alegre do Sul, Serra Negra, Lindóia, Águas de Lindóia, Holambra e Socorro.

Com o conceito de turismo baseado no “bem-estar” de seus visitantes, vale frisar que dessas nove cidades do Circuito, seis são estâncias hidrominerais, não podendo, portanto, terem indústrias que possam danificar o lençol freático: Águas de Lindóia, Lindóia, Serra Negra, Socorro, Monte Alegre do Sul e Holambra.

E, além de cada cidade possuir atrativos diferenciados, é possível, numa mesma viagem -- num período curto de três dias --, visitar pelo menos três localidades, incluindo não apenas ao turismo contemplativo, bem como ao de compras. Esse também foi um fator apreciado pelo grupo de sorocabanos que entre 13 e 15 de novembro pode passear por Pedreira, Águas de Lindóia, Serra Negra e, ainda, na mineira Monte Sião, conseguindo assim se sentir revigorado após meses de isolamento social, embora é claro, todos os protocolos de segurança tenham sido mantidos, tanto por cuidado com a própria saúde, como em respeito às demais pessoas.

Conheça nesta página um pouco da rota turística, com ênfase no locais em que o grupo de Sorocaba passou.

Pedreira tem porcelana e muitas flores

Floreiras espalhadas por todas as ruas distinguem Pedreira. Crédito da foto: Cortesia / Adriane Mendes

Conhecida como a cidade da porcelana, Pedreira não poderia deixar de chamar a atenção pelo seu artesanato nessa linha, cujos produtos são vendidos em cerca de 550 lojas existentes no Centro. A cidade também é muito apreciado pelo clima acolhedor e pelas floreiras espalhadas por todas as ruas.

Com mais tempo para desfrutar da cidade, já que normalmente os visitantes se dedicam mesmo às compras, o Complexo Turístico do Morro do Cristo, com passagem pelas estações da Via Sacra, é uma ótima opção de passeio.

Outra sugestão é o Museu Histórico e da Porcelana. Situado no centro da cidade e instalado num antigo sobrado do final do século 19, possui um acervo variado, desde fotografias, peças de ferrovia, além das peças de porcelana representando a evolução de cada época. O Museu também possui uma mini-fábrica para demonstrar o processo de fabricação da porcelana.

Águas de Lindóia agrada a todos os gostos

Piscinas de água mineral são atrações do Balneário Municipal. Crédito da foto: Cortesia / Adriane Mendes

Estância hidromineral -- conhecida como a capital da água termal do Brasil --, Águas de Lindóia fica a 945 metros do nível do mar. Sua fama se originou na época das capitanias e pela permanência dos índios da tribo Caiapós, que logo perceberam os benefícios das águas minerais.

Dos seus pontos turísticos, um dos mais visitados, e de forma gratuita, é o Morro do Cruzeiro, de onde se avista toda a cidade. O local, que pode ser acessado por charmosos “trenzinhos” ou “bondinhos”, o que inclusive já é uma atração à parte. Durante o trajeto, o visitante passa por outros pontos turísticos, como, por exemplo, o Balneário Municipal, que possui quatro das 240 nascentes com poder medicinal. O espaço oferece mais de 30 serviços, como banhos de imersão, piscinas de água mineral, ducha escocesa, e banho de argila. E tudo isso, cercado por jardins projetados pelo paisagista Burle Marx, que também projetou a praça Adhemar de Barros um espaço maravilhoso para passeios à pé. O local ainda é ponto de embarque para trenzinhos e bondes.

O Morro Pelado, avistado inclusive do Morro do Cruzeiro, está a 1.400 metros de altitude, e se situa a quatro quilômetros da área central, na divisa entre os Estados de Minas Gerais (Monte Sião) e São Paulo. Além da visão panorâmica, o Morro Pelado oferece uma plataforma de vôo livre de asa delta, inaugurada em 1984.

Em Serra Negra, um shopping a céu aberto

Em meio às compras, passeio de teleférico ao Cristo Redentor. Crédito da foto: Cortesia / Adriane Mendes

O maior centro comercial do Circuito das Águas Paulista, com 650 lojas numa mesma rua, como num verdadeiro shopping a céu aberto, Serra Negra sempre recebeu, em alta temporada de inverno (antes da pandemia), 50 mil visitantes por dia em média.

Dentre as atrações turísticas estão o teleférico, pelo qual se chega ao Cristo Redentor, um belo cartão postal da cidade. O local também pode ser acessado de carro.

A cidade oferece vasto comércio de malhas e couro, além de propriedades rurais produtoras de vinhos, cachaças e licores.

Do lado mineiro, a Capital do Tricô

Em Monte Sião, até o ônibus é tricotado por dentro e por fora. Crédito da foto: Cortesia / Adriane Mendes

Capital Nacional do Tricô, a cidade mineira de Monte Sião, que faz divisa com São Paulo (Águas de Lindóia), pode ser considerada uma referência em moda em tricô, produzindo e distribuindo seus produtos para todo País. Entretanto, a porcelana também é uma referência do município, que se destaca pela produção artesanal. E vale frisar que, além da beleza das peças, o diferencial se dá por se tratar de porcelana azul e branca, com acabamento e pintura à mão.

Bom, depois de passar pelas compras de malharias, pela fábrica da Porcelana Monte Sião e degustar o saboroso café moído na hora, bem como os queijos, cachaças e licores, a parada seguinte pode ser a praça Prefeito Mário Zucato, que fica no centro da cidade. O local reúne coreto tradicional, esculturas em ciprestes e uma atração à parte, um micro-ônibus totalmente revestido -- dentro e fora -- que funciona como receptivo turístico. As igrejas de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa e do Rosário são outras atrações.

Trégua no isolamento sem riscos

“É uma forma de sair do ambiente de tristeza, pois só estava em casa e só pensava nas perdas que tive!” A frase, dita pela professora da rede municipal de ensino de Sorocaba, Lisete Bonilha Carcagnolo, reflete o posicionamento dos demais integrantes do grupo de sorocabanos que viajou para o Circuito das Águas Paulista na segunda quinzena de novembro. Eles entendem que roteiros de relaxamento são ideais para quem quer sair parcialmente do distanciamento social.

Para a psicóloga e psicoterapeuta psicanalítica Miriam Elaine Correa Martins, a decisão de dar uma trégua no isolamento social -- mantendo obviamente o protocolo de segurança -- é algo esperado e visto como positivo na promoção da saúde mental.

Viúva desde março, tendo ainda quinze dias antes perdido também uma irmã, Lisete Carcagnolo destaca que essa é a primeira viagem desde o início da pandemia, e desde a morte do marido, com quem conviveu 47 anos entre namoro e matrimônio.

Após três meses de contato apenas virtual com a mãe, Maria Lúcia Campestrini Pereira, a esteticista Cristina Aparecida Pereira concorda que sair para roteiros tranquilos é a tendência do momento, tendo em vista a possibilidade de unir o útil ao agradável, podendo espairecer sem se aglomerar. Sua mãe, viúva há dois anos, também precisava desse momento: “Confio na minha filha, e entre ficar sentada em casa e aqui (hotel), aqui é bem melhor”, comenta.

Para a empresária do comércio varejista, Lenina Assis Bertolli, que também viajou pela primeira vez desde o surgimento da Covid-19, “há um entendimento melhor de como vivermos em meio à pandemia, sem no descuidar dos protocolos exigidos”. Ela garante ter saído “um pouco do estresse e dar uma arejada”.

Para a decoradora Vera Lúcia Faulin Silva e seu marido, o advogado Paulo Roberto Silva, que também viajaram pela primeira vez em meio à pandemia, “o momento exige que haja respeito e não medo pela doença”, afirma. O advogado também entende que “a conscientização quanto aos cuidados está mais profunda, usando álcool em gel, máscaras, e sem aglomeração”. (Adriane Mendes)

Adriane Mendes é jornalista e guia de turismo.