Shiitake é recomendado como opção de suplemento alimentar

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Sara Spim, no Laboratório de Pesquisa Toxicológica da Uniso (Lapetox) - Paulo Ribeiro/ Uniso

Sara Spim, no Laboratório de Pesquisa Toxicológica da Uniso (Lapetox) - Paulo Ribeiro/ Uniso

Muitos estudos vêm demonstrando uma série de benefícios associados à ingestão do Lentinula edodes — nome científico do shiitake, o segundo cogumelo mais consumido no planeta, que corresponde a 25% da produção mundial de cogumelos. Nativo do leste da Ásia e velho conhecido dos apreciadores da culinária japonesa, o fungo foi introduzido nos hábitos alimentares tupiniquins há apenas algumas décadas, quando chegaram os primeiros imigrantes das terras do Sol nascente. Entre os benefícios demonstrados estão as ações antitumoral, hipoglicêmica, antitrombótica e especialmente a redutora de colesterol.

Esse último dado é particularmente importante quando se considera a típica composição das dietas praticadas no Brasil e no mundo, altamente ricas em gorduras e açúcares. "O consumo desproporcional dessas substâncias está relacionado à obesidade, que é um dos maiores problemas de saúde pública, tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento. Males como as síndromes metabólicas, dislipidemias, resistência à insulina e doenças cardiovasculares estão diretamente relacionadas à obesidade", alerta Sara Rosicler Vieira Spim, que estudou os efeitos terapêuticos nutricionais da ingestão de shiitake como ALIMENTO FUNCIONAL como parte de seu Mestrado em Ciências Farmacêuticas na Universidade de Sorocaba (Uniso), em 2016, sob a orientação da professora doutora Denise Grotto.

Outros estudos prévios, como o de K. N. Yoon, conduzido em 2011 na Coreia do Sul, já demonstraram que a adição de shiitake a dietas hipercolesterolêmicas teve impactos positivos na saúde de ratos, reduzindo os níveis de colesterol total, colesterol LDL e triglicerídeos. Contudo, a concentração usada nesse e em outros estudos foi altamente elevada, correspondendo, em termos de consumo humano, a 30 kg de shiitake por habitante ao ano, o que está longe de refletir o consumo real. "Mesmo na China, o país que mais consome shiitake em todo o mundo, a média é de cerca de 10 kg por habitante ao ano, segundo dados de pesquisas realizadas em 2008. Assim, fica evidente a necessidade de estudos como este conduzido na Uniso, com o objetivo de determinar a quantidade ideal para o consumo humano, especialmente quando se pensa nos hábitos alimentares dos brasileiros, que tradicionalmente não comem tanto shiitake assim", lembra Spim.

Conduzido no Laboratório de Pesquisa Toxicológica (Lapetox) da Uniso, para determinar a eficácia e a segurança da ingestão do shiitake em dosagens reais e apropriadas ao nosso consumo, este estudo pré-clínico — como é chamada a etapa anterior ao teste em seres humanos — determinou como ideal, considerando um adulto de 70 kg, uma dosagem diária de 63 g de cogumelos frescos (cerca de 1,5 cogumelos de tamanho regular) ou 7 g de cogumelos secos. A etapa seguinte do estudo, atualmente em desenvolvimento pela mesma pesquisadora no Programa de Doutorado em Ciências Farmacêuticas da Uniso, é o estudo clínico (em seres humanos), voltado a pacientes pré-colesterolêmicos — ou seja, aqueles que ainda não têm um nível alto de colesterol, mas estão no grupo de risco. Até o momento, não foram observados quaisquer efeitos colaterais nessa dosagem segura.

"Cogumelos são alimentos saudáveis, com baixo valor calórico e baixa concentração de gorduras, que muitos povos utilizam para alimentação desde a antiguidade. São ricos em proteínas, vitaminas, minerais, betaglucanas, fibras alimentares e aminoácidos essenciais, e também possuem propriedades antioxidantes. Além da redução do risco de patologias relacionadas à obesidade, os nossos resultados apontaram efeito protetor renal e redutor da glicose sanguínea em ratos, um dado importante também para os diabéticos. Assim, respeitadas as dosagens testadas, o shiitake pode ser uma boa indicação como suplemento alimentar a toda a população", finaliza Spim.

O QUE É ALIMENTO FUNCIONAL?

Segundo a portaria nº 398 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), alimento funcional é aquele "alimento ou ingrediente com alegação de propriedades funcionais e/ou de saúde e que pode, além de funções nutricionais básicas, produzir efeitos metabólicos e/ou fisiológicos benéficos à saúde, devendo ser seguro para consumo sem supervisão médica". A portaria determina, ainda, que a eficácia desses alimentos deve ser assegurada por estudos científicos, como este conduzido na Uniso.

Texto produzido com base na dissertação "Efeitos da ingestão de Lentinula edodes (shiitake) sobre parâmetros bioquímicos, hematológicos e de estresse oxidativo em ratos alimentados com dieta hiperlipídica", do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade de Sorocaba (Uniso), com orientação da professora doutora Denise Grotto e aprovada em 18 de fevereiro de 2016. A dissertação foi premiada em dois eventos internacionais: o VIII Simpósio Internacional sobre Cogumelos no Brasil (SICOG) e o XI Congresso Internacional de Nutrição Funcional, ambos em 2015.

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