Cresce o número de acidentes devido ao mau uso do álcool em gel
Um dos maiores perigos do álcool em gel é que sua chama é transparente. Crédito da foto: Divulgação (15/04/20)
Segundo uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Queimados (SBQ), de 19 de março até 9 de abril de 2020, foram identificados 96 casos de internações por queimaduras em todo o Brasil, devido ao mau uso do álcool em gel.
Dessas 96 internações, 49 ocorreram no Estado de São Paulo e em Pernambuco, uma dona de casa ao passar o produto por todo o corpo para se prevenir do COVID-19, ascendeu um cigarro e morreu queimada.
Desde 2002, a venda de álcool líquido 70% estava suspensa à população, justamente por conta dos riscos que o mesmo oferece. Porém, diante da pandemia, a SBQ e a organização não governamental Criança Segura assinaram, em 20 de março deste ano, um posicionamento a favor da volta do produto ao comércio pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Eficaz no combate ao COVID-19, o produto está sofrendo até mesmo escassez nos mercados, desta forma as orientações são fundamentais para prevenir acidentes.
De acordo com Daniel Miranda, engenheiro de segurança do trabalho e parceiro da Trabt – Medicina e Segurança do Trabalho, é importante orientar a população que o líquido é inflamável e seu contato com superfícies quentes e com o fogo direto pode causar acidentes. “Um dos maiores perigos do álcool em gel é que sua chama é transparente, muito difícil de enxergar. Por isso, muitas pessoas só percebem sua combustão tarde demais”, frisa o engenheiro.
Daniel explica que o álcool em gel proporciona queimaduras que podem variar de 2º grau superficial até 2º grau profundo e, em casos raros, queimaduras de 3º grau. Por isso, aconselha que as empresas que estão em funcionamento realizem Diálogos Diários de Segurança no início de cada turno de trabalho, orientando a respeito da necessidade de fazer uma higienização redobrada das mãos e o uso correto do álcool em gel, quando necessário.
A melhor orientação, segundo a Organização Mundial da Saúde, é o uso de água e sabão. Caso não disponha de um local para realizar a lavagem das mãos, então deve se utilizar do álcool em gel. “O uso do produto é uma medida complementar, na impossibilidade da lavagem das mãos com água e sabão. Caso tenha que fazer uso do álcool em gel, o ideal é que se espere alguns instantes para secagem completa do produto, para então retornar às suas atividades laborais”, norteia o engenheiro.
Caso o pior aconteça, coloque o membro ou a superfície queimada em água corrente, de 3 a 5 minutos, não utilize nenhum produto sobre o ferimento e procure um médico. “Assoprar o local provavelmente não vai funcionar, caso não haja água no local realize o abafamento, retirando o oxigênio o fogo se apagará. Pessoas fumantes e que cozinham com grande frequência, devem ter atenção redobradas, álcool em gel é necessário neste período, porém continua sendo um produto perigoso”, finaliza Daniel.