Nos últimos dias, muitos munícipes notaram um cenário diferente ao longo da avenida Armando Pannunzio. Isto porque, na semana passada, a Prefeitura de Sorocaba cortou 14 árvores do canteiro central da via para a continuidade das obras do BRT. Desta vez, os cortes aconteceram na parte final da avenida, nas proximidades do número 1601.

Além da diminuição dos pontos de sombra, o fato de ver árvores antigas cortadas chamou a atenção de muita gente que passou pela região. O Cruzeiro do Sul recebeu várias reclamações sobre o episódio.

Porém, a municipalidade afima que o corte foi autorizado em 2019. A supressão das árvores acontece para a implantação do corredor Oeste do BRT, segundo autorização ambiental (nº 055/2019). “Essa autorização de 2019 prevê a supressão de até 261 árvores no trecho, com a compensação ambiental de plantio de 2.397 árvores em áreas públicas”, explica a Prefeitura.

A administração municipal também informou que, do total de 466 cortes autorizados em 2019 nos três corredores do BRT --- Avenida Itavuvu, Avenida Ipanema e Avenida Armando Pannunzio/Avenida General Carneiro --, 178 árvores precisaram ser retiradas.

Contudo, muitos munícipes não gostaram nem um pouco da atitude da empresa. Uma delas é Alessandra Grosso Mortari, que trabalha na avenida General Carneiro. Ela contou à reportagem que viu a calçada com as árvores cortadas e confessou estar com medo das árvores centenárias da Praça 9 de Julho sofrerem o mesmo destino.

“O BRT prometeu uma reunião com os comerciantes das avenidas, mas antes desta ocorrer, está fazendo esse crime contra essas árvores centenárias. Tudo na calada da noite”, reclamou Alessandra.

Já a munícipe Vanessa Guazzelli tirou foto dos tocos de árvore cortados e postou no Facebook mostrando sua indignação. “As primeiras vítimas foram as árvores da avenida Armando Pannunzio”, escreveu. A publicação viralizou, com mais de mil compartilhamentos. Os comentários também demonstravam opinião contrária da população com relação aos cortes.

De acordo com o biológo e membro titular do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Sorocaba Welber Smith, a arborização urbana está sujeita a esse tipo de intervenção. “Do ponto de vista de educação ambiental, é muito importante que as pessoas se sensibilizem e não achem que cortar 14 árvores é normal. Mas se está dentro da lei, eu acho que isso se justifica”, disse o especialista.

Consultada, a Secretaria do Meio Ambiente, Parques e Jardins (Sema) garante que a intenção é manter a maior quantidade de árvores possível. “A BRT Sorocaba informou à Prefeitura que somente haverá intervenção nos casos de real necessidade para a implantação do sistema e que a intenção é sempre manter intacto o maior número possível de árvores. Ao final da obra, inclusive, será feita a compensação ambiental dos exemplares pela empresa”.

Conforme a Política Municipal do Meio Ambiente (Lei Municipal nº 10.060/2012), a compensação ambiental é considerada um instrumento que visa à reparação e/ou à diminuição do dano ambiental.

O professor Smith explica como funciona esse instrumento. “É o plantio de novas árvores. Existem critérios de diâmetro da árvore, altura, espécie. Então, quando solicitaram a autorização (para o corte), houve o deferimento por parte da Secretaria do Meio Ambiente de Sorocaba e foi solicitado que os responsáveis fizessem a devida compensação”. Ele lembra que, normalmente, após o término da obra é feito o paisagismo com plantio de novas árvores no local.

Explicação do BRT

De acordo com a BRT Sorocaba (BRTS), do total de 466 supressões autorizadas incluindo os três corredores (Itavuvu, Ipanema e Oeste), 178 árvores foram retiradas. Segundo a empresa, o número total de árvores retiradas terá atualização depois da fase de implantação do Corredor Oeste, “pois serão removidas somente aquelas que forem necessárias para a realização das benfeitorias previstas nas Avenidas Armando Pannunzio e General Carneiro”, informa o comunicado do BRT.

Ainda segundo o BRT, ao final da implantação será realizado o balanço real que a empresa terá responsabilidade de replantar. “Após a confirmação do número de indivíduos arbóreos suprimidos, a Sema (Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade) determinará a quantidade que deverá ser reposta, assim como, os locais onde serão plantados ao final do projeto”, diz a nota.

“Reforçamos que a BRT Sorocaba seguirá conforme os critérios técnicos e as diretrizes ambientais vigentes no município”, finaliza a nota. (Supervisão: Guilherme Gomes)