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Grupo Katharsis apresenta ‘Le monde’ no Tusp, em SP

06 de Março de 2020 às 00:01

Grupo Katharsis apresenta ‘Le monde’ no Tusp, em SP O espetáculo aborda os processos de controle que aprisionam as diferenças individuais em função do capital. Crédito da foto: Paola Bertolini / Divulgação

Depois das apresentações de “Le monde” em Sorocaba e Campinas, o Grupo Katharsis, da Universidade de Sorocaba (Uniso), volta aos palcos hoje no Teatro da Universidade de São Paulo (Tusp), participando como espetáculo convidado pela coordenação da 2ª Mostra de Teatro Estudantil da USP, que acontece este mês. A sessão será às 20h, com entrada gratuita.

Resultado do projeto “Teatralidades líquidas”, contemplado pela Lei de Incentivo à Cultura de Sorocaba (Linc), no edital de 2018, “Le monde” retoma o estilo do grupo de aproveitar uma variedade de motivos para falar do mundo atual e do sujeito contemporâneo. Segundo o coordenador do Katharsis, Roberto Gill Camargo, que assina a produção e direção do espetáculo, esse trabalho dá continuidade às pesquisas do grupo, em que a narrativa se constrói a partir da coevolução das três energias fundamentais da cena: o ator, a luz e o som.

No espetáculo, a tônica recai sobre os processos de controle que aprisionam as diferenças individuais em função -- única e exclusivamente -- do capital. Fala-se de um poder que disciplina e encarcera os corpos, mas não as ideias, que fluem incontrolavelmente pelas fissuras. Enquanto as máquinas processam as conexões, há um planeta irrespirável, que se deteriora sem perspectivas quanto ao futuro da biosfera; dentro dele um homem que não se preocupa mais com a disciplina, porque o que passa a valer é o controle dos mapas, das senhas, das câmeras de segurança, dos micropoderes instalados por todas as partes e centralizados no capital.

Questões como essas serviram de reflexão e de base para o Katharsis criar cenas que se encadeiam em busca de uma narrativa livre e simbólica sobre o homem e o mundo. O tema de fundo se apresenta com uma tessitura cênica que valoriza a transitividade e a impermanência dos sentidos.

“Fizemos um espetáculo para ser compreensível, mas não necessariamente interpretável. Afinal, vivemos todos no mesmo mundo e na mesma época: livres, mas vigiados; cúmplices e comprometidos com o sucesso de nosso empreendimento”, diz Roberto Gill Camargo.

Crítica

O trabalho teatral produzido pelo Grupo Katharsis, em termos de dramaturgia e encenação, tem recebido bons comentários de críticos e pesquisadores que ressaltam as características do elenco e as suas propostas de linguagem cênica.

Na revista Fluxus, o professor e pesquisador Alexandre Mate comenta que nas montagens do Grupo Katharsis, “as palavras e as situações, vestidas das mais variadas texturas, em processo de tecimento, têm a função de criar múltiplas paisagens cênicas que, ao se materializarem nos corpos em estado de sofisticada elocução, criam uma impressionante narrativa rapsódico-babilônica”.

Ao referir-se ao trabalho do grupo, o crítico Valmir Santos (Folha de S.Paulo/ jurado do Prêmio Shell) diz: “Estamos diante de uma criação de fazer par aos coletivos de ponta do teatro e da dança brasileiros de turno, com a virtude de um frescor e de uma coragem para equilibrar-se sobre o arame sem rede lá embaixo -- atitude que algumas companhias notáveis já não tomam para si porque temem perder a sobrevida do patrocínio.”

Na revista Aplauso Brasil, o diretor e crítico Afonso Gentil destaca a trajetória do Katharsis, “marcada pelo experimentalismo bem pensado, inteligente, do diretor Roberto Gill Camargo, mago das metáforas do espírito beligerante”, destacando em seu comentário as atuações do elenco e dos músicos.

O Tusp fica na rua Maria Antônia, 294, na Consolação, em São Paulo. (Da Redação)