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Cultura

Série ‘Tecelares’ de Lygia Pape, são expostas em Chicago

Obras foram inspiradas no grafismos de comunidades indígenas brasileiras

13 de Fevereiro de 2023 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Série
Série "Tecelares" foi feita na década de 50 e destaca a cultura dos primeiros habitantes do Brasil (Crédito: DIVULGAÇÃO)

A obra da artista neoconcreta Lygia Pape (1927-2004) está presente em acervos de museus internacionais (o MoMA, entre outros), mas, pela primeira vez, o Instituto de Arte de Chicago abre suas portas para uma importante coleção de trabalhos inéditos ou pouco conhecidos da série “Tecelares”, são cem xilogravuras feitas na década de 1950 sob inspiração dos grafismos de comunidades indígenas brasileiras. A mostra, aberta desde sábado, 11, com curadoria do americano Mark Pascale, vai até 4 de junho.

A série é anunciada por Pascale como o ápice da produção de Lygia Pape, uma vez que essas xilogravuras, produzidas entre 1952 e 1960, coincidem com a fase embrionária do movimento neoconcreto, deflagrado em 1959 pelo Manifesto de mesmo nome assinado, entre outros, por ela, o poeta e crítico Ferreira Gullar (1930-2016) e o poeta e psicanalista turco Theon Spanudis (1915-1986).

A série “Tecelares” não revela apenas a visão de uma artista profundamente comprometida com o Brasil e a cultura de seus primeiros habitantes. É de tal modo sofisticada que os elementos geométricos sobrepostos sugerem, segundo o curador, “o choque de partículas atômicas”. Na época em que essas xilogravuras foram produzidas, Lygia ainda não chamava esses trabalhos de “Tecelares”. Só se deu conta da importância dessas xilogravuras para sua obra posterior nos anos 1970.

O termo que define a série, de acordo com o curador, está estreitamente ligado ao modo artesanal com que Lygia lida com a xilogravura, assim como à influência de modernistas internacionais, entre os quais o alemão Josef Albers, mestre da Bauhaus que fez carreira nos EUA e conhecido pela série Homenagem ao Quadrado.

“As gravuras de Pape evitam formas estáticas e a lógica matemática em troca da evocação de um movimento elegante, mudança de luz e ritmos pulsantes”, conclui Pascale.

Paula Pape, filha da artista e diretora do projeto que leva o nome da mãe, trabalhou com o Instituto de Arte de Chicago para divulgar a série “Tecelares”, emprestando as obras inéditas ou pouco exibidas desde os anos 1960.

Lygia Pape usava o termo “espaço magnetizado” para definir a tensão visual que essas xilogravuras provocam por meio da interação entre as incisões no bloco de madeira e a imprecisa absorção da tinta pelo papel, rejeitando mais que uma cópia de cada gravura - nesse ponto, mais uma semelhança com as monotipias de Mira feitas em papel japonês. Enfim, uma justa redescoberta histórica. (Da Redação com Estadão Conteúdo)