Falecimento
Cid Moreira, jornalista e apresentador, morre no Rio
Ele estava com 97 anos. Enterro será em Taubaté, após cerimônias de despedida
Um dos rostos - e vozes - mais conhecidos da televisão brasileira, o jornalista e apresentador Cid Moreira, morreu, na manhã de ontem (3). Ele tinha 97 anos e estava internado no Hospital Santa Teresa, em Petrópolis. A causa da morte de Cid Moreira foi falência múltipla de órgãos após quadro de pneumonia.
Fátima Sampaio, a viúva de Cid, explicou que ele pediu para que seu corpo fosse enterrado em Taubaté: “Ele quer ficar perto da primeira esposa e do filho que se foi. Ele ama Petrópolis, então vamos fazer uma despedida em Petrópolis, e outra no Rio”.
Após sair da frente das câmeras, continuou fazendo diversas locuções. Entre as mais marcantes, as do quadro do mágico Mister M., no início dos anos 2000, e o grito de “Jabulani!” nas vinhetas esportivas sobre a bola da Copa do Mundo de 2010.
Desde o fim dos anos 1990, também cedeu sua voz à leitura do Novo Testamento. Os discos fizeram sucesso e nas décadas seguintes Cid Moreira seguiu fazendo inúmeros trabalhos voltados à religião cristã e à leitura da Bíblia.
Mais recentemente, buscou modernizar suas atividades, criando perfis nas redes sociais, com centenas de milhares de seguidores Em 2020, por exemplo, lançou o podcast “Bom Dia, Cid Moreira”, na plataforma Deezer, e fez parte de uma rádio online, a Conhecer, com programas em que lia crônicas, poemas e trechos da Bíblia.
A voz da notícia
Nascido em 29 de setembro de 1927, Cid Moreira começou a trabalhar ainda na adolescência. Pretendia ser contador na Rádio Difusora de Taubaté, mas sua voz bonita chamou a atenção e acabou sendo remanejado à função de locutor. Certa vez, um correspondente da Rádio Bandeirantes que cobria o Vale do Paraíba ficou afônico e foi substituído por Cid. Na sequência, ele foi convidado pelo diretor da emissora, e passou dois anos na nova casa, antes de migrar para a Mayrink Veiga, no Rio de Janeiro.
Além das locuções, emprestava também sua voz a comerciais e cinejornais, como o histórico Canal 100: “Na época a TV estava engatinhando. O Canal 100 já focalizava e filmava os jogadores em close. Isso marcou muito, foi um jornal de cinema maravilhoso”. Teve uma breve passagem pelo teatro na década de 1960, como narrador da peça Como Vencer na Vida Sem Fazer Força, estrelada por Moacyr Franco e Marília Pêra.
Na televisão, começou como um dos apresentadores do Jornal de Vanguarda, da TV Excelsior. Passou ainda pela TV Rio, antigo canal 13, em que ficou até chegar à Globo em maio de 1969.
Meses depois, em setembro, estreou o Jornal Nacional. Em 2019, Cid relembrou como foi a primeira edição do programa: “Para dizer a verdade, eu não estava ansioso na época, não. Eu e o Hilton Gomes estávamos apresentando, há uns quatro meses, o Jornal da Globo, então tínhamos uma certa tarimba. A novidade era o aumento do público, que deixaria de ser só do Rio de Janeiro. A apreensão maior era dos técnicos, que recebiam e enviavam as imagens através de links nessa nova etapa do jornal.”
Cid Moreira deu seu “boa noite” cerca de 8 mil vezes à frente do Jornal Nacional - o último deles uma participação especial em breve homenagem aos 50 anos da Rede Globo, em 2015. (Da Redação, com informações de Estadão Conteúdo)