Arte
Mestre da xilogravura tem 44 obras no Sesi
Visitantes podem apreciar obras de diversas fases da produção de trabalhos do artista J. Borges

O imaginário popular do Nordeste está presente em símbolos e figuras talhadas na exposição “J. Borges - O Mestre da Xilogravura”, que o Centro Cultural do Sesi Sorocaba expõe de forma gratuita até o dia 27 de julho.
A mostra traz uma coletânea de 44 xilogravuras de J. Borges, falecido em julho de 2024, aos 88 anos. sendo oito delas até então inéditas (com suas respectivas matrizes), junto a outras 28 importantes obras da carreira do artista. Os temas retratados simbolizam a trajetória de sua vida, considerado pelo dramaturgo Ariano Suassuna como o “melhor gravador popular do Brasil”. Também fazem parte da mostra duas obras assinadas por Pablo Borges e Bacaro Borges, filhos e aprendizes do artesão, além da exibição de uma cinebiografia sobre sua vida e obra, assinada pelo jornalista Eduardo Homem.
Os visitantes podem apreciar obras de diversas fases da história de J. Borges, identificadas pelos temas Viagem a Trabalho e Negócios, Serviços do Campo, Plantio de Algodão, Forró Nordestino, Plantio de Cana, Feira de Caruaru, Carnaval em Pernambuco e Festa dos Apaixonados. A poesia popular também tem lugar na exposição, que reserva um espaço dedicado especialmente à sua literatura de cordel. Cordelista por mais de 50 anos, os versos de J. Borges tratam do cotidiano do agreste, de acontecimentos políticos e de fatos lendários, folclóricos e pitorescos da vida.
Em 2023, feliz com o início da circulação de sua mostra por unidades do Sesi-SP, o artista declarou: ‘O que me inspira é a vida, é a continuação, é o movimento. Minha obra é aquilo que eu vejo, aquilo que eu sinto‘. J. Borges foi Patrimônio Vivo de Pernambuco, título que lhe foi concedido pelo Estado, e suas obras foram expostas em países como França, Alemanha, Suíça, Itália, EUA, Venezuela e Cuba; também deu aulas na França e nos EUA, ilustrou livros em diversos países e foi destaque no The New York Times.
Equilibrando cheios e vazios com maestria, J. Borges desenhava direto na madeira, sem a produção de esboços, estudos ou rascunhos. O título da peça é o mote para criar o desenho, em que as narrativas próprias do cordel têm espaço na expressiva imagem da gravura. O fundo da matriz, talhado ao redor da figura, recebia aplicação de tinta, tendo como resultado um fundo branco e a imagem impressa em cor. As xilogravuras não apresentam uma preocupação rigorosa com perspectiva ou proporção.
A originalidade, irreverência e personagens imaginários são notáveis nas suas obras. Os temas mais recorrentes em seu repertório são o cotidiano da vida simples do campo, o cangaço, o amor, os castigos do céu, os mistérios, os milagres, crimes e corrupção, os folguedos, a religiosidade, a picardia, enfim todo o rico universo cultural do povo nordestino.
A gerente de Cultura do Sesi-SP, Debora Viana, reforça a importância desta exposição integrar o circuito das mostras itinerantes nos Espaços Galerias. “Com a iniciativa, que começou em Campinas, reforçamos o compromisso que a instituição possui de fomentar o cenário cultural e artístico por meio do acesso do público a obras, ao processo criativo de artistas nacionais e internacionais, à reflexão e à experimentação. Para o Sesi-SP, é de extrema importância a formação de novos públicos em artes, a difusão e o acesso à cultura de forma gratuita. É por isso que desenvolvemos e realizamos projetos das mais diversas áreas e convidamos o público a entrar de cabeça no universo do conhecimento e da arte”.
Com curadoria de Ângelo Filizola (1959-2024) e produção do Maracatu Estrela de Ouro de Aliança e Cactus Promoções e Produções, a exposição J. Borges - O Mestre da Xilogravura já foi apresentada no Centro Cultural Fiesp e nos Centros Culturais do Sesi em Campinas, São José do Rio Preto, Itapetininga, São José dos Campos e Ribeirão Preto.
O Centro Cultural do Sesi Sorocaba está localizado na rua Gustavo Teixeira, 369 - Vila Independencia, (Da Redação, com informações do Sesi)