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#TBT, a Rainha do Rádio
Locutora, cantora, rádio-atriz, escritora de novelas, toda uma vida dedicada às comunicações. Falar de Francisca Gonzaga, é falar sobre a história do rádio sorocabano, mas também é falar sobre a menina simples que nasceu em Porto Feliz e chegou em Sorocaba com sete anos, junto com os seus pais e nove irmãos, que vieram em busca de uma oportunidade de emprego na Estrada de Ferro Sorocabana. A família Gonzaga se instalou na Vila Santana e Francisca vivia brincado pelo bairro e soltando a sua voz entre uma brincadeira e outra.
Aos 11 anos ela comentou com sua mãe que queria ser cantora, e seu sonho era cantar na PRD-7 a Rádio Clube de Sorocaba. Sua mãe autorizou, mas também lhe alertou que talvez seu pai não fosse gostar, e que artistas de rádio não eram vistos com “bons olhos” naquela época. Francisca foi então cantar na rádio, mas como tinha medo de seu pai descobrir, teve que inventar um nome, daí veio em sua cabeça a cantora Zilá Fonseca, que ela adorava ouvir os discos, e decidiu que gostaria de ser chamada de Zilá Gonzaga.
Sua primeira música foi “Sebastiana da Silva” de Dalva de Oliveira, o sucesso foi tanto que a direção da PRD-7 chamou a menina para cantar novamente na semana seguinte, nascia naquele ano de 1951 aquela que iria ser a “rainha” do rádio. Zilá ficou sabendo que a Rádio Cacique estava para se instalar em Sorocaba e foi pedir emprego para José Rubens Bismara, ele ofereceu para ela a única vaga que ele tinha disponível, a de faxineira. Zilá aceitou o emprego e ficou trabalhando na rádio, entre uma vassourada e outra, Zilá cantarolava pelos corredores da Cacique. Foi observando os técnicos de som da época que Zilá começou a pegar gosto pelo rádio e apreender. Naquela época a rádio fazia uma pausa na hora do almoço e Zilá um dia entrou no estúdio e começou a ler as notícias do dia e som estava saindo nos alto-falante internos da rádio, José Rubens ficou encantando com a voz leve a cativante que estava ouvindo e foi até o estúdio ver de quem era aquela voz. Para sua supressa era a menina que ele havia contratado para fazer limpeza. Neste momento ele olhou para Zilá e falou: “Você não vai mais fazer faxina aqui, a partir de amanhã vai trabalhar no estúdio como locutora”. Zilá começou a fazer “pingue-pongue” com os outros locutores e logo foi ganhando seu espaço e aprendendo todas as funções dentro da rádio. O tempo foi passando e Zilá foi se consagrando no rádio e, em 1968, a rainha se mudou para São Caetano do Sul, onde foi contatada pela Rádio Cacique da cidade do ABC paulista, em 1972 voltou para Sorocaba para trabalhar novamente na emissora dos Bismara, em 1987 Zilá foi a primeira funcionária contratada por Benedicto Pagliato para inauguração da Rádio Ipanema.
Zilá foi a grande responsável pela formação da discoteca da rádio em uma época em que a internet ainda não era popular como hoje, época que ficou amiga de grandes artistas como Zezé de Camargo e Luciano, e Sérgio Reis. Zilá Passou também pala Líder FM e voltou para sua primeira emissora a Cacique. Para Zilá o segredo de tanto sucesso era o carinho e o respeito que ela tinha com seus ouvintes estes que ganharam um nome carinhoso as ‘‘radiais’’.
O grupo de fãs da Zilá se reuniam mensalmente sempre em um local diferente para celebrar a vida e estarem perto de sua querida “rainha” do rádio.
Zilá dedicou sua vida para o rádio e seu nome vai ficar eternamente gravado na história como a mulher que revolucionou o jeito em que o rádio hoje é feito, a rainha que tinha paixão pelo rei Roberto Carlos e dedicou por anos um programa exclusivo para ele: “A Hora do Rei”, a menina Francisca, que foi fonte de inspiração para muitas outras meninas que hoje fazem sucesso no rádio, a mulher que fez uma legião de amigos, famosos e anônimos. Zilá Gonzaga recebeu título de cidadão sorocabana em 2005, também foi tema de enredo de samba em 2010 do bloco Recreol, virou fonte de inspiração para o poeta Benedito Aleixo escrever o poema “Perola Negra” e recebeu em 2017 a medalha cultural Jornalista Guyma Baddini do Gabinete de Leitura Sorocabano, e também virou tema de um documentário produzido pela Esamc (Você pode assisti-lo escaneando o QR Code na página).
Zilá nos deixou no 13 de maio, dia de Nossa Senhora de Fátima e também data marcada pela assinatura de Lei Áurea em 1888, aos 87 anos, vítima de um câncer.
Em nosso portal tem uma galeria exclusiva com mais fotos.
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