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Roberto Alvim é nomeado novo secretário especial da Cultura

07 de Novembro de 2019 às 17:59

Roberto Alvim é nomeado novo secretário especial da Cultura Roberto Rego Pinheiro Alvim foi nomeado para o cargo de secretário especial da Cultura. Crédito da Foto: Divulgação

O presidente da República, Jair Bolsonaro, nomeou nesta quinta-feira (7) Roberto Rego Pinheiro Alvim para o cargo de secretário especial da Cultura.

O jornal O Estado de S. Paulo antecipou na última sexta-feira, 1º de novembro, que Alvim era cotado ao cargo.

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Alvim atuava como diretor do Centro de Artes Cênicas (Ceacen) da Fundação Nacional de Artes (Funarte).

No fim de setembro, Alvim atacou com ofensas a atriz Fernanda Montenegro. Em uma postagem no Facebook, chamou Montenegro de "intocável" e "mentirosa". Isso provocou a reação da classe artística.

Turismo

A Secretaria Especial de Cultura foi transferida também nesta quinta para o Ministério do Turismo. Antes, a pasta estava no Ministério da Cidadania, pasta comandada por Osmar Terra (MDB).

Alvim e Terra têm relação conturbada. O governo vinha estudando uma forma de encaixar Alvim na Cultura, sem tumultuar a relação com Terra.

A área rendia, a Terra, críticas de pessoas do governo, alas conservadoras e da esquerda. A crise na gestão da pasta transbordou em agosto, com a saída turbulenta de Henrique Pires do comando da secretaria.

O ex-secretário disse em entrevistas que a "gota d'água" para deixar o cargo seria a suspensão do edital que selecionaria obras com temática LGBT para serem exibidas em TVs públicas.

A escolha do sucessor, o economista Ricardo Braga, nem sequer passou pelas mãos de Terra, que só foi conhecer o currículo de seu subordinado dias após a nomeação. Braga deixou a pasta nesta semana, após dois meses apagados na Cultura, para assumir cargo no Ministério da Educação.

A mudança dá força ao ministro do Turismo, Álvaro Antônio, alvo de desgaste por suspeitas relacionadas a desvio de recursos públicos por meio de candidaturas laranja nas eleições de 2018. Antes de bater o martelo sobre a transferência da secretaria, o governo cogitou encaixar a pasta nos ministérios da Casa Civil ou da Educação. No fim, venceu a tese de que o Turismo tem mais proximidade com a cultura.

"Projetos importantes para o Brasil já vinham sendo desenvolvidos em parceria pelas duas pastas, que possuem objetivos sinérgicos e naturalmente integrados, pois o Brasil é o 9º país do mundo em atrativos culturais para turistas", afirmou o Ministério do Turismo em nota.

Auxiliares de Osmar Terra reduzem o impacto da transferência da secretaria de cultura. Afirmam que a medida foi feita em acordo com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), e o presidente Jair Bolsonaro (PSL). Bolsonaro e Terra conversaram durante viagem à China sobre a mudança na pasta.

Nos bastidores, no entanto, pessoas do governo apontam que havia forte descontentamento sobre a gestão de Terra na cultura. Para os mais conservadores, o ministro não conseguiu entregar políticas alinhadas ao discurso bolsonarista.

Repetidas vezes, Bolsonaro criticou o financiamento público de filmes e séries com temática LGBT. Em entrevista à youtuber Antonia Fontenelle, em setembro, o presidente disse que é preciso "retirar" dos órgãos públicos pessoas que "não aprovam" filmes com "temática do nosso lado".

"O tempo vai fazer a gente descontaminar esse ambiente para a boa cultura no Brasil", disse. "Mudou o governo. Não é mais o PT, onde a família era um lixo, onde os valores familiares não valiam nada. Tá na constituição: o que é família? Homem e mulher. Tá escrito lá. Emende a constituição e a gente vê como fica. Como sou cristão, vai ter de apresentar uma emenda à bíblia também", declarou o presidente.

A mudança também ocorre após uma série de trocas no primeiro escalão de órgãos da Cultura, como na Funarte, Fundação Casa Rui Barbosa e Iphan. (Mateus Vargas - Estadão Conteúdo)