Oportunidade
De olho nos EUA
Seletiva de futebol abre caminhos para educação e carreira na Terra do Tio Sam
O Centro de Treinamento do Desportivo Brasil, em Porto Feliz, Região Metropolitana de Sorocaba, foi utilizado para uma seletiva promovida pela 2SV Sports&Education. Na ocasião, jovens atletas de todo o país participaram de uma avaliação esportiva, cujo objetivo era observar jogadores com potencial para atuar no futebol universitário dos Estados Unidos.
O evento atraiu cerca de 75 jovens. Eles foram avaliados por 40 treinadores de universidades e escolas secundárias (high schools), presencialmente e via transmissão ao vivo por canais no YouTube. O processo incluiu seis jogos de até 30 minutos e avaliações rigorosas pelos técnicos, que consideram tanto o desempenho esportivo quanto os aspectos acadêmicos de cada candidato.
Em comum entre os participantes o objetivo de conquistar não só uma vaga em renomadas instituições de ensino, mas também a chance de construir uma carreira esportiva internacional.
Sonhos e determinação
Entre os jovens participantes o clima era de entusiasmo e dedicação. Davi Pierre, 17 anos, por exemplo, considera a seletiva uma oportunidade única de transformar sonhos em realidade. “O futebol no Brasil é muito concorrido e essa seletiva abre portas que muitos de nós nunca imaginamos. Meu sonho é jogar na Flórida, me formar e falar uma nova língua, tudo isso enquanto jogo futebol.”
Para Théo Tuono, 15, o sistema norte-americano permite equilibrar esporte e estudos, algo que ainda é um desafio no Brasil. “Aqui é comum largar os estudos para perseguir o sonho de ser jogador. Nos Estados Unidos conseguimos balancear os dois. Meu objetivo é estudar em uma boa escola e, futuramente, jogar por uma universidade de divisão 1”, comenta o jovem que também pratica surfe.
Já Pedro Pires, 16, fez questão de ressaltar o sacrifício que a oportunidade exige. “Vim sozinho do Rio de Janeiro para participar. Joguei seis anos no Fluminense, mas muitas vezes precisei abdicar dos estudos. Aqui posso me dedicar 100% ao futebol e à educação. Quero estar nas melhores universidades, tanto academicamente quanto esportivamente. Acredito que tenho condições de alcançar esse sonho.”
Para Luca Leite, 16, a experiência na seletiva vai além da busca por uma vaga nos Estados Unidos. “É muito legal jogar contra atletas de alto nível e ver como é enfrentar jogadores mais experientes. Eu nunca imaginei ter essa chance de continuar estudando e jogando sem precisar escolher entre um ou outro. Estou aproveitando ao máximo”, relata o jovem que mantém uma rotina disciplinada para conciliar estudos e futebol.
O olhar dos treinadores
Para os técnicos universitários, o evento é uma oportunidade de observar a riqueza técnica e tática do futebol brasileiro. Rafael Simões, assistente técnico da Marshall University, por exemplo, destaca a relevância da parceria com a 2SV e a qualidade dos jogadores presentes. “A 2SV é referência. Já tivemos metade do time titular da Marshall formado por atletas da 2SV e muitos deles chegaram ao futebol profissional. Aqui, valorizamos especialmente o primeiro toque, que é essencial para o nosso modelo de jogo, baseado em posse de bola. É uma característica que avaliaremos de perto ao longo dos jogos”, afirma.
Tony Annan, treinador principal da Universidade da Carolina do Sul, também participou do evento e falou sobre o tipo de atleta que busca. “Procuramos jogadores com excelente técnica e capacidade de tomar decisões inteligentes durante o jogo. Queremos atletas que consigam impactar as partidas e assumir o controle. Estamos, particularmente, atentos a posições como meio-campistas centrais e zagueiros. Esses jovens têm muito potencial para o futuro”, avalia.
Já Bruno Piva, assistente técnico da Anna Maria College, universidade localizada em Massachusetts, comenta sobre a importância de combinar talento esportivo com desempenho acadêmico. “Nossa universidade só oferece bolsas acadêmicas. Por isso, precisamos de atletas que sejam bons dentro e fora de campo. A 2SV está de parabéns pelo trabalho. É incrível ver como o futebol pode abrir tantas portas para esses meninos”, elogia.
A estrutura do processo
O CEO da 2SV, Ricardo Silveira, destaca o trabalho realizado ao longo do ano para identificar e preparar os jovens para a seletiva. Conforme ele, durante o ano foram realizadas avaliações para encontrar atletas com o perfil ideal. “Nesta edição, reunimos 75 meninos que foram avaliados por treinadores de diferentes perfis. Alguns desses meninos podem ser escolhidos para jogar no colegial [high school] e outros para universidades”, explica.
Ricardo conta ainda que cada treinador analisa o desempenho em campo, depois conversa sobre as condições acadêmicas e financeiras do atleta e negocia possíveis bolsas de estudo que podem variar de 50% a 100%”.
O evento, acrescenta, não estabelece um número fixo de selecionados. Tudo depende das necessidades específicas de cada treinador. “Alguns podem se interessar por quatro ou cinco atletas, outros por nenhum. Além disso, temos a vantagem de transmitir os jogos para os Estados Unidos, permitindo que técnicos que não estão presentes avaliem os jogadores remotamente e entrem em contato posteriormente.”
Caminho para educação
O evento realizado em Porto Feliz reforça o compromisso da 2SV em transformar o futebol em um caminho para a educação e o desenvolvimento pessoal. Para muitos, como Davi, Théo, Pedro e Luca, a seletiva é uma oportunidade de quebrar barreiras e alcançar metas que antes pareciam distantes.
“Nosso objetivo é oferecer o melhor dos dois mundos. Com esforço e dedicação, esses jovens podem conquistar bolsas de estudo, desenvolver suas carreiras e, acima de tudo, viver experiências que vão além do futebol”, conclui Ricardo Silveira. (João Frizo - programa de estágio)
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