Luta
‘O tempo passou’
Fábio Maldonado, o Caipira de Aço, anuncia aposentadoria depois de quase três décadas no boxe e no MMA

Depois de 28 anos nos ringues de boxe e de MMA, o sorocabano Fábio Maldonado, o Caipira de Aço, revelou que vai se aposentar. A decisão veio após a derrota na estreia do BKFC, evento de boxe sem luvas, realizado no fim de semana, em Dubai, Emirados Árabes. Ele foi nocauteado no segundo round pelo galês John Phillips. Aos 45 anos, Maldonado entende que o tempo passou e que precisa priorizar outras coisas, como as relações familiares e a saúde.
“A luta é coisa séria, bater na cabeça e tal. Eu passei a vida inteira fazendo isso. Eu vou agora para a nona cirurgia no meu rosto. Decidi parar enquanto ainda tenho saúde, tenho meus filhos para criar”, justifica. “Então, prefiro pegar o lado bom do esporte, assim terei coisas boas para falar dessa modalidade.”
O sorocabano começou a lutar em 1997 no boxe amador, passando pelo profissional da modalidade até se aventurar no UFC — maior evento de MMA do mundo —, onde teve a chance de lutar com nomes renomados do esporte, como Joey Beltran, Hans Stringer, Quinton Rampage Jackson, Stipe Miocic, Fedor Emelianenko, entre outros.
“Minha vida teve muita coisa boa. Comecei muito bem, ganhando a maioria das lutas por nocaute, as primeiras sete. Com 17 anos de carreira já ganhava muita coisa, mas aí veio as dificuldades e as derrotas também. Eu encarei da melhor forma. Então, como tudo na vida, encarei da melhor maneira e com muito ensinamento”, reflete. “Com oito anos de idade eu sabia que ia ser lutador. Assisti ao filme do Rock Balboa e quis aquilo para mim. Tentei esse sonho, essa viagem louca e quis acreditar que poderiam ser possíveis as coisas que eu sonhava.”
Com toda a experiência — tanto nacional quanto internacional — o legado que Maldonado buscou passar foi a da resistência, apesar da dificuldade: “Uma coisa que tentei deixar como legado é nunca desistir. Tentar virar a luta, tentar virar a situação, a vida. Na maior dificuldade, não desistir”.
Apesar da aposentadoria, o Caipira de Aço garante que não ficará de fora do esporte. Como isso vai ser, ainda não é sabido, mas o profissional talvez invista em eventos esportivos. “Ainda não sei o que fazer ao certo, mas agora o que não vai faltar é tempo para pensar”, afirma.
Trajetória
No boxe amador, onde ficou por cinco anos, Fábio Maldonado participou de diversos torneios, como o Campeonato Paulista e Luvas de Ouro. O saldo foi muito bom: 40 vitórias em 45 lutas, sendo 27 delas por nocaute. Já em 2002, estreou no boxe profissional. Em 20 anos, teve um cartel de 30 lutas e 25 vitórias por nocaute. Em 2022, conquistou o cinturão e o título brasileiro da modalidade.
Enquanto disputava competições no pugilismo, resolveu se aventurar nas artes marciais com o MMA. Nos anos 2000, em Brasília, estreou em um GP para participar do UFC. Na ocasião, venceu por nocaute o lutador James McSweeney. Ainda na modalidade, teve a chance de enfrentar nomes renomados da mistura de artes marciais.
A despedida dos ringues do Caipira de Aço foi no BKFC (boxe sem luva). Ela é considerada uma das modalidades mais perigosas, já que a proteção nas mãos não é permitida.