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Mercosul e UE anunciam acordo para livre comércio

Declaração foi feita no Uruguai, apesar de oposição de França e Itália

06 de Dezembro de 2024 às 23:09
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Presidentes sul-americanos e Von der Leyen comemoraram
Presidentes sul-americanos e Von der Leyen comemoraram (Crédito: EITAN ABRAMOVICH / AFP (6/12/2024))

O Mercosul e a União Europeia anunciaram ontem (6), em Montevidéu, que alcançaram um acordo para um tratado de livre comércio, apesar da forte oposição de países como França e Itália.

“Concluímos as negociações para o acordo União Europeia-Mercosul. É o começo de uma nova história”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em uma declaração à imprensa, acompanhada pelos presidentes da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, para anunciar o entendimento após 25 anos de negociações.

“Agora espero discutir isso com os países europeus”, acrescentou Von der Leyen, referindo-se ao fato de que, para entrar em vigor, esse compromisso deve ser ratificado pela maioria dos membros da UE.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva celebrou o anúncio: “Após dois anos de intensas tratativas, temos hoje um texto moderno e equilibrado, que reconhece as credenciais ambientais do Mercosul e reforça nosso compromisso com os Acordos de Paris”, disse durante a cúpula do bloco sul-americano em Montevidéu.

“É importantíssimo que o mundo se abra para nós”, afirmou, por sua vez, o presidente uruguaio Luis Lacalle Pou, cujo país exerce a presidência temporária do Mercosul, falando sobre o acordo como “uma oportunidade” não apenas comercial.

Impulsionados pelo Brasil, mas também por Alemanha e Espanha, os dois blocos aceleraram as negociações para tentar concluir o texto antes da chegada de Donald Trump e sua guerra tarifária à Casa Branca, em janeiro.

A Comissão Europeia, e não os governos, segundo os estatutos da UE, é a responsável por negociar acordos comerciais. Mas França e Itália manifestaram, até mesmo durante a visita de Von der Leyen a Montevidéu, que, apesar do entendimento sobre o texto, o processo de ratificação enfrentará um muro de resistência.

A questão central é a proteção do setor agropecuário, que os governos dos dois governos acreditam que terá que competir em desvantagem com o Cone Sul.

A ministra francesa do Comércio Exterior, Sophie Primas, foi clara sobre o passo dado pelo Mercosul e a UE: “Claramente não é o fim da história. O que acontece em Montevidéu não é uma assinatura do acordo, mas apenas uma conclusão política da negociação. Isso compromete apenas a Comissão, não os Estados membros”, disse em uma declaração.

Polônia, Áustria e Países Baixos também são reticentes a um acordo comercial com o Mercosul, tratado que daria origem a um mercado de 700 milhões de pessoas.

No lado oposto, o chanceler alemão, Olaf Scholz, celebrou que “o acordo político entre os países do Mercosul e a UE está feito. Superou-se um obstáculo importante”. O chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, qualificou de “histórico” o entendimento anunciado.

Von der Leyen tentou acalmar as preocupações de Paris e Roma. “Ouvimos as preocupações dos nossos agricultores e agimos de acordo. Este acordo inclui robustas salvaguardas para proteger nosso sustento”, explicou em Montevidéu.

Por quase 25 anos, o Mercosul negociou um tratado de livre comércio com o bloco europeu, sendo este adiado inúmeras vezes, em meio a tensões sobre questões sensíveis como a proteção ambiental e as compras governamentais.

Agro brasileiro

O ministro da Agricultura do Brasil, Carlos Fávaro, classificou o acordo comercial como “muito importante” para a agropecuária brasileira. “Buscávamos esse acordo há 25 anos, que é muito importante para a nossa agropecuária”, afirmou em vídeo publicado nas redes sociais.

“Esse acordo prevê, por exemplo, tarifa zero para frutas, café e outros produtos brasileiros e cotas importantes (com tarifas reduzidas) para exportação de açúcar, carne de frango, carne bovina e etanol”, detalhou o ministro. (AFP e Estadão Conteúdo)