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Economia

Messi pode ter levantado não apenas taça, mas também PIB argentino, diz pesquisa

Especialista afirma que existem condições para que a Argentina tenha um retorno econômico "pequeno e de vida curta" com a vitória na Copa do Mundo

19 de Dezembro de 2022 às 18:18
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 Argentina's forward #10 Lionel Messi holds the Golden Ball award for best player as he kisses the FIFA World Cup Trophy during the trophy ceremony at the end of the Qatar 2022 World Cup final football match between Argentina and France at Lusail Stadium in Lusail, north of Doha on December 18, 2022. (Photo by Anne-Christine POUJOULAT / AFP)
Messi pode ter levantado não apenas taça, mas também PIB argentino, diz pesquisa (Crédito: Anne-Christine POUJOULAT / AFP)

Quando a seleção Argentina liderada por Lionel Messi venceu a Copa do Mundo do Catar, no domingo, 19, também acabou por dar um impulso à economia do país sul-americano. A vitória econômica é mais modesta e pontual que a esportiva, mas ela não é inexistente, de acordo com estudo realizado por Marco Mello, pesquisador de pós-doutorado na Universidade de Surrey, no Reino Unido.

Em entrevista por e-mail ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), Mello afirma que existem condições para que a Argentina tenha um retorno econômico "pequeno e de vida curta" com a vitória.

Ele acredita que as conclusões da pesquisa sobre o impulso às exportações com a vitória na Copa, graças à maior visibilidade dos produtos e serviços nacionais no mercado global, podem voltar a ocorrer agora. "Isso pode se aplicar também à economia argentina, caracterizada por um setor de exportações considerável", comenta. Além disso, a inflação elevada hoje enfrentada pelo país impulsiona mais as exportações, lembra ainda.

Mello utilizou dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) a partir de 1961 e elaborou um modelo econométrico, para concluir que vencer a Copa do Mundo da Fifa leva a um crescimento de "pelo menos 0,25 ponto porcentual nos dois trimestres subsequentes" no Produto Interno Bruto (PIB) do país da seleção campeã. O resultado é puxado primariamente pelas exportações, o que segundo o autor é consistente com um maior apelo por produtos e serviços daquele país no mercado global, após uma vitória em um grande evento esportivo.

A investigação conclui, por outro lado, que organizar uma Copa do Mundo não gera efeitos significativos de crescimento do PIB para o país-sede, "pelo menos no curto e no médio prazos". O estudo argumenta que isso pode trazer "alguma luz" para o debate sobre a formulação de políticas públicas, sobretudo no momento em que a Fifa avalia tornar a Copa do Mundo um evento mais recorrente, eventualmente realizando-a a cada dois anos.

Vencer no campo e a economia

Mello diz em seu estudo que há várias referências na literatura econômica sobre o impulso econômico com a vitória na Copa, por meio de canais como a confiança dos consumidores e dos investidores no país, mas considera que havia pouca evidência de fato sobre esse ponto. Agora, o pesquisador afirma ter trazido as primeiras evidências causais do impulso citado na economia.

O modelo elaborado por ele mostra que sediar a Copa não traz impacto econômico claro no crescimento do PIB, mas estabelece essa correlação para o vencedor da disputa.

O pesquisador ressalta no estudo que o efeito é de curto prazo. De qualquer forma, um impulso para a economia argentina é bem-vindo, no momento em que o país enfrenta perda de fôlego na atividade, com inflação elevada e risco de mais problemas fiscais, enquanto continua a renegociar a dívida com seus credores. (Estadão Conteúdo)