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Câmbio

Lula diz que subida do dólar é especulação

Presidente do BC rebateu críticas e disse que sua atuação é técnica

02 de Julho de 2024 às 22:37
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Campos Neto: pausa no corte de juros se deve a
Campos Neto: pausa no corte de juros se deve a "ruídos" (Crédito: PEDRO FRANÇA / ARQUIVO AG. SENADO (10/8/2023))

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a atribuir a alta do dólar a uma “especulação contra o real”, após a moeda americana fechar a segunda-feira (1º) a R$ 5,65, maior cotação desde 10 de janeiro de 2022. As declarações ocorreram ontem (2) em entrevista à Rádio Sociedade, em Salvador (BA).

“É um absurdo. Veja, obviamente que me preocupa essa subida do dólar. É uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o real neste País”, declarou. Segundo ele, o governo tem que agir em relação à situação sobre a suposta especulação contra o real.

“Nós temos que fazer alguma coisa. Eu não posso falar aqui o que é possível fazer, porque, se não, eu estaria alertando os meus adversários”, declarou.

Lula voltou a criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ele afirmou que Campos Neto tem viés político e que com esse perfil não deveria dirigir a instituição.

O presidente da República disse ainda que, quando o Banco Central estava sob o seu “domínio”, nos anos 2000, havia “autonomia”. “Eu acho que a minha visão sobre o Banco Central não é uma visão teórica, é uma visão de um presidente que teve um Banco Central sob o meu domínio durante oito anos e com total autonomia”, disse.

Lula voltou a defender a prerrogativa do presidente da República de indicar o dirigente do Banco Central. “A gente não indica essa pessoa para fazer o que a gente quer não, porque as empresas têm diretoria, as empresas têm conselho, e o Banco Central tem uma função”, disse.

Campos Neto

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, evitou, mais uma vez, responder os ataques à sua atuação feitos pelo presidente Lula. Ele reafirmou que faz um trabalho técnico, voltando a citar que o BC, sob o seu comando, fez o maior aumento de juros em um ano eleitoral da história do mundo emergente.

Ao participar de um fórum do Banco Central Europeu (BCE) em Portugal, Campos Neto disse que, como banqueiro central, tem que se distanciar da arena política. “Acho que o que fizemos é prova viva de que tudo foi muito técnico”, afirmou, em painel ao lado da presidente do BCE, Christine Lagarde, e do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Jerome Powell.

Sobre a taxa básica de juros, Campos Neto disse que a decisão da autoridade monetária de interromper o ciclo de cortes se deve mais a ruídos do que a fundamentos econômicos.

Entre os ruídos que levam as expectativas a se descolarem ainda mais do centro da meta de inflação, ele citou as incertezas relacionadas à sucessão do Banco Central, e consequentemente à política monetária, assim como o risco fiscal.

O presidente do BC descreveu a decisão da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) como uma pausa. Ele lembrou que o Brasil foi um dos primeiros países a subir as taxas de juros após o choque da pandemia, dada a visão de uma inflação mais persistente no mundo. Em paralelo à convergência da inflação corrente, o BC engatou um ciclo de relaxamento monetário, porém, ponderou Campos Neto, as expectativas, em função de muitos ruídos, começaram a desancorar.

Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, atribuiu a alta recente do dólar a “muitos ruídos”. Ele reconheceu que a moeda norte-americana subiu mais em relação ao real do que na comparação com moedas de países emergentes e defendeu a melhoria da comunicação do governo para informar resultados econômicos.

“Precisa comunicar melhor os resultados econômicos que o País está atingindo”, disse Haddad na segunda-feira (1º). (Estadão Conteúdo e Agência Brasil)