Em alta
Inflação de 2024 fica acima do limite da meta do BC
IPCA do ano passado foi de 4,83%, conforme o IBGE. Dezembro fechou em 0,52%
A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou dezembro com alta de 0,52%, ante uma elevação de 0,39% em novembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa acumulada pela inflação no ano de 2024 foi de 4,83%, superando o teto da meta perseguida pelo Banco Central. A meta de inflação perseguida pelo BC era de 3,0% em 2024, com teto de tolerância de 4,50%.
É a oitava vez que a autoridade monetária falha em cumprir a meta desde o início do regime, em 1999. No ano passado, o BC ainda era comandado por Roberto Campos Neto. Gabriel Galípolo assumiu a presidência do BC neste ano.
O descumprimento da meta de inflação de 2024 era amplamente esperado pelo mercado financeiro e pelo próprio BC. Desde outubro, a mediana do relatório Focus indicava que o IPCA do ano passado superaria os 4,50%. Na edição da última segunda-feira (6), indicava inflação de 4,89%. A autoridade monetária previa um IPCA de 4,9% e considerava haver 100% de chance de estouro do teto no ano passado, conforme o último Relatório Trimestral de Inflação (RTI).
Oito dos nove grupos que integram o IPCA registraram altas de preços em dezembro. A única deflação ocorreu em habitação, com queda de 0,56%, uma contribuição de -0,08 ponto porcentual para o IPCA do mês.
Os avanços foram registrados em alimentação e bebidas (1,18%, impacto de 0,25 p.p.), transportes, (0,67% e impacto de 0,14 ponto porcentual), despesas pessoais (0,62% e impacto de 0,06 ponto porcentual), saúde e cuidados pessoais (0,38%, impacto de 0,05 ponto porcentual), vestuário (1,14%, impacto de 0,05 ponto porcentual), educação (0,11%, impacto de 0,01 p.p.), artigos de residência (0,65%, impacto de 0,02 p.p.) e comunicação (0,37% e 0,02 ponto porcentual).
A alimentação no domicílio aumentou 1,17% em dezembro. Os destaques foram os aumentos nos preços das carnes (5,26%), especialmente nos cortes costela (6,15%), alcatra (5,74%) e contrafilé (5,49%). Houve altas também no óleo de soja (5,12%) e no café moído (4,99%).
Clima
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que a inflação de 2024 ficou acima do teto da meta por causa de eventos climáticos extremos do ano passado. Segundo ele, o governo tem compromisso com a responsabilidade fiscal e haverá uma acomodação no avanço dos preços.
Rui Costa deu a declaração no Palácio do Planalto depois de reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre regulamentação de redes sociais. Ele mencionou como exemplo as enchentes do Rio Grande do Sul. Nesse raciocínio, o impacto do clima na agricultura fez a oferta de produtos desse setor cair e os preços subirem.
Costa também afirmou que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no ano passado deve ter crescido algo em torno de 3,5% ou 3,6%, e que isso também tem influência dos eventos climáticos. Ele mencionou que a agricultura havia puxado o crescimento da economia em anos anteriores e foi mais fraca desta vez justamente por causa do clima. Assim, segundo ele, foi a indústria quem puxou a expansão da economia. (Estadão Conteúdo)