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Guerra

Possibilidade de armas químicas na Ucrânia assusta o Ocidente

Por sua vez, Rússia acusa os EUA de gerenciar laboratórios biológicos

12 de Março de 2022 às 00:01
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Homens carregam corpo em Mykolaiv, às margens do Mar Negro.
Homens carregam corpo em Mykolaiv, às margens do Mar Negro. (Crédito: BULENT KILIC / AFP)

Os países ocidentais estão preocupados com a possibilidade de a Rússia utilizar armas químicas na Ucrânia, o que traz à tona o espectro das atrocidades cometidas pelo regime de Bashar al Assad na Síria.

A Rússia “pagará um preço alto se utilizar armas químicas” na Ucrânia, advertiu ontem (11) o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, durante um discurso na Casa Branca.

Desde a quarta-feira, tanto os Estados Unidos como o Reino Unido garantem que a Rússia poderia usar armas químicas na Ucrânia.

Segundo Washington e Londres, o fato de a Rússia ter acusado os Estados Unidos e a Ucrânia de gerenciar laboratórios destinados à produção de armas biológicas na ex-república soviética é um sinal de que Moscou está considerando este tipo de cenário.

“O Kremlin difunde intencionalmente mentiras segundo as quais os EUA e a Ucrânia estariam realizando atividades relacionadas com armas químicas e biológicas na Ucrânia”, reagiu na quarta-feira (9) o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price.

Em 2018, a Rússia já havia acusado os Estados Unidos de realizar experiências biológicas secretas em um laboratório na Geórgia, outra ex-república soviética que, assim como Ucrânia, quer se juntar à Otan e a União Europeia.

A Ucrânia dispõe de “instalações de pesquisa biológica”, confirmou a número três do Departamento de Estado americano, Victoria Nuland, ao enfatizar que os Estados Unidos estavam “agora bastante preocupados com a possibilidade de as forças russas tomarem o controle” desses lugares.

Os russos “começam dizendo que há armas químicas armazenadas por seus oponentes ou pelos americanos. Então, quando eles mesmos utilizam armas químicas, como acredito que farão, eles têm uma espécie de ‘maskirovka’ (termo russo que se refere à arte de enganar o inimigo), uma história falsa preparada”, disse na quarta-feira o primeiro-ministro britânico Boris Johnson.

A Rússia é um dos 198 países que firmaram a Convenção sobre Armas Químicas, que entrou em vigor em 1997, e concluiu oficialmente a destruição de 100% de suas 40.000 toneladas de armas químicas.

Contudo, nos últimos anos, os ocidentais culparam Moscou de dois casos de envenenamento com o agente nervoso Novichok, dirigidos contra o opositor preso Alexei Navalny, em 2020, e o ex-espião russo Sergei Skripal na Inglaterra, em 2018. Por outro lado, a Rússia sempre negou o uso repetido de armas químicas pelo regime sírio contra a população civil. (AFP)