Visita papal
Papa Francisco é recebido com fervor na RD Congo
No trajeto de cerca de 25 km até o centro da cidade, o comboio oficial foi recebido por dezenas de milhares de pessoas
O papa Francisco foi recebido com fervor nesta terça-feira (31) em Kinshasa, onde inicia sua visita de quatro dias à República Democrática do Congo, a primeira etapa de sua viagem ao continente africano, que também o levará ao Sudão do Sul.
Os moradores de Kinshasa receberam o papa já no aeroporto. Ao som de cânticos, tambores, fanfarras e outros instrumentos típicos, a multidão foi aumentando na medida em que as horas se passavam, cada vez mais densa e impaciente.
‘Eu vi um anjo!‘, disse uma menina entusiasmada após ver o papa no papamóvel.
No trajeto de cerca de 25 km até o centro da cidade, o comboio oficial foi recebido por dezenas de milhares de pessoas que se aglomeravam nas principais avenidas desta cidade de aproximadamente 15 milhões de habitantes.
‘Não queria perder a oportunidade de vê-lo de frente‘, declarou Maggie Kayembe, uma mulher com cerca de 30 anos. ‘Onde quer que ele vá, ele sempre reza pela paz, e paz é o que necessitamos de verdade‘, acrescentou.
Inicialmente prevista para julho de 2022, a visita foi adiada devido às dores no joelho que afetam Francisco, que está com 86 anos e utiliza uma cadeira de rodas em seus deslocamentos.
Em sua 40º viagem internacional desde que assumiu o papado em 2013, e a quinta ao continente-mãe, o pontífice argentino pedirá que se silenciem as armas em um país abalado pela violência e no qual dois terços de seus 100 milhões de habitantes vivem com menos de 2,15 dólares por dia.
O país africano enfrenta há vários meses o ressurgimento do grupo armado M23, que conquistou amplas faixas do território de Kivu do Norte, província na fronteira com Ruanda, que o governo da RD do Congo acusa de interferência.
A visita papal acontece duas semanas depois de um ataque mortal reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI) em uma igreja pentecostal nesta província.
Após a recepção no aeroporto, o líder da Igreja Católica foi até o Palácio da Nação, onde encontrou o presidente Félix Tshisekedi.
Com 52 milhões de católicos, a ex-colônia belga representa o futuro para o catolicismo, que está perdendo fiéis na Europa e na América Latina.
Em seu primeiro discurso no Congo, o papa Francisco criticou o ‘colonialismo econômico‘. Diante de políticos e diplomatas, o pontífice argentino fez um forte apelo contra a ‘ganância‘ e a depredação dos recursos naturais.
‘Não toque na República Democrática do Congo, não toque na África. Pare de sufocá-la, porque a África não é uma mina para explorar ou uma terra para saquear. Deixe a África ser protagonista de seu próprio destino‘, declarou Francisco em um discurso no palácio presidencial em Kinshasa.
‘Depois do colonialismo político, desencadeou-se um ’colonialismo econômico’, igualmente escravizador. Assim, este país, abundantemente depredado, não consegue se beneficiar suficientemente de seus imensos recursos‘, disse o religioso.
Francisco deve fazer, hoje, 1º, uma grande missa. A expectativa é que um milhão de pessoas estejam presentes. Francisco também se reunirá com vítimas da violência, deslocados, membros do clero e representantes de instituições de caridade.
Na sexta-feira, o papa viajará para Juba, capital do Sudão do Sul, o país mais jovem do mundo e um dos mais pobres do planeta, onde permanecerá até 5 de fevereiro. (AFP)