Ainda há opções viáveis e eficazes para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e fazer as adaptações necessárias às mudanças climáticas causadas pelo homem, diz o novo relatório do Painel Intergovernamental sobre o Clima (IPCC), das Nações Unidas, divulgado ontem (20). “A janela de oportunidade para limitar o aquecimento a 1,5°C grau diminuiu, mas existe”, disse Simon Stiell, secretário executivo da ONU para as mudanças climáticas.

Apesar do progresso na implementação de medidas de adaptação em todos os setores e regiões, com benefícios documentados e eficácia variável, há lacunas nesse processo que vão continuar a crescer se a rota não for corrigida. O relatório aponta que alguns ecossistemas e regiões atingiram seus limites. O documento também ressalta que os atuais fluxos financeiros globais para adaptação são insuficientes e restringem a implementação de opções de adaptação, especialmente em países em desenvolvimento -- um dos temas que exigiram maiores esforços para a construção de acordo na última Conferência do Clima da ONU, no Egito.

O Sexto Relatório de Avaliação do IPCC é uma síntese dos principais pontos revistos das conclusões prévias de 278 cientistas de 65 países. Esse documento será base até 2030, prazo para o corte de emissões globais pela metade, e deve servir de guia para a tomada de decisões das nações desenvolvidas e em desenvolvimento. “Esse relatório ressalta a urgência de ações mais ambiciosas e mostra que, se agirmos agora, ainda podemos garantir um futuro sustentável habitável para todos”, afirma o presidente do IPCC, Hoesung Lee.

Manter o aquecimento global limitado a 1,5° acima dos níveis pré-industriais, como prevê o Acordo de Paris, se torna um desafio cada vez maior na medida em que as emissões de gases estufa continuam a apresentar aumento contínuo. O relatório destaca que o ritmo e a escala do que foi feito até agora e os planos atuais são insuficientes para enfrentar as mudanças climáticas. (Estadão Conteúdo)