O 25º Congresso Brasileiro de Mastologia, junto com a “19ª Jornada Paulista de Mastologia” 2023, realizada em São Paulo a partir de 04/10/23, considerado o maior evento de mastologia do Pais, contou com aproximadamente 2 mil médicos inscritos, vindos de todos os Estados e rincões do Brasil. Discutiram-se não só as novas técnicas de diagnostico, tratamento e controle, mas também a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de mama. Muitos estudos estão sendo realizados com a finalidade de um tratamento mais eficaz e menos agressivo, ou seja, alta possibilidade de cura com menor radicalidade. Novas técnicas de oncoplastia (reconstrução mamaria) estão possibilitando a retirada de tumores maiores e a correção estética, muitas vezes em um tempo cirúrgico único, possibilitando às mulheres uma recuperação física e psicológica mais rápida e adequada.

Nossa quimioterapia tem sido cada vez mais eficaz, com melhores resultados e menores efeitos colaterais, sendo que uma atividade física e regular com uma dieta balanceada durante a químio ou a imunoterapia, apresentaram taxa mais elevada de resposta patológica. Isto é recomendado também durante todo o tratamento do câncer como estratégia para reduzir os efeitos colaterais e possibilitar uma melhor qualidade de vida. O tratamento radioterápico, hoje com aparelhos mais sofisticados e precisos, nos trazem melhores resultados, com uma segurança maior no tratamento complementar pos cirúrgico. Muitas vezes, dependendo da avaliação da cada paciente, as doses de “aplicação” podem ser reduzidas, em tempo mais rápido e com menores efeitos colaterais. Novas pesquisas genéticas e genômicas, nos têm orientado em nossa conduta cirúrgica, quimioterápica, imunoterápica e hormonioterápica. Muitos casos, mesmo sendo pequenos tumores, terão indicação de quimioterapia e, muitas vezes, ao contrario, não há necessidade da mesma.

Especialistas de renome, nacionais e internacionais, reuniram-se para discutir e apresentar suas experiencias nesta área medica: o rastreamento do câncer mamário no Brasil, novas técnicas de diagnostico radiológico, o futuro do tratamento segundo o avanço da medicina de precisão em diagnóstico e um dos temas, a saúde pública em nosso Pais, como o panorama e a disparidade do tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS), o que o governo oferece à população no tratamento desta doença. Foram abordados também outros temas como: o câncer na mulher jovem, o câncer na mulher adulta, o câncer da mama na mulher grávida, tumores raros, tumores benígnos, o câncer de mama nos homens e o câncer na população trans.

O câncer de mama pode ser curado, quando diagnosticado e adequadamente tratado logo no seu início, na sua fase inicial de desenvolvimento. Serão diagnosticados neste ano, no mundo, aproximadamente 2,1 milhões de novos casos, com taxa maior em países como Austrália, Nova Zelândia, norte da Europa e norte Ocidental (EUA e Canadá). Para o Brasil, segundo avaliação do Instituto Nacional do Câncer (Inca), estima-se um número de 73.600 novos casos (66,5 / 100 mil mulheres), com aproximadamente 17 mil mortes anuais (16,6 / 100 mil mulheres), principalmente entre os 40 e 70 anos de idade, com maior incidência nas regiões sudeste e sul do Brasil.

Outros cânceres no Pais: próstata no homem (71 mil novos casos / ano ); colon e reto ( 45 mil novos casos); pulmão (32 mil); estômago (21 mil); colo uterino (17 mil). Apenas o Estado de São Paulo deverá detectar, neste ano, cerca de 78 mil novos casos de câncer, sendo o câncer de mama o mais comum.

O Outubro Rosa é um movimento de caráter internacional, que tem como objetivo a conscientização para o controle e diagnóstico precoce do câncer da mama. Criado no começo de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for cure, dos EUA, data que se comemora no mês de outubro de cada ano em todo o mundo, levando o conhecimento e conscientizando a população quanto ao diagnóstico precoce do câncer de mama, incentivando à realização do auto-exame das mamas e, principalmente, a mamografia anual, possibilitando a realização de um tratamento mais rápido, o que pode levar à cura desta doença. Assim mesmo, devido à demora para um diagnóstico inicial, o câncer de mama, em nosso Pais, como em todo mundo, continua sendo a doença que mais mata mulheres. Daí a importância do auto-exame, da mamografia, da ultrassonografia, da ressonância magnética. Destacando que esta conscientização deve ser feita durante todo o ano e não somente em uma data específica. Os médicos, os cientistas, os pesquisadores, estão fazendo o seu trabalho e com a colaboração de todas as mulheres, poderemos dizer que “Juntos somos mais fortes”, que é o lema do Outubro Rosa 2023.

Luiz Antônio Guimarães Brondi é professor titular do Departamento de Cirurgia, Disciplina de Ginecologia da Faculdade de Medicina de Sorocaba (PUC-SP) e membro da Academia Brasileira de Mastologia, Patrono da Cadeira 25