João Alvarenga
Presente
Neste domingo, aproveitando o espírito natalino, vamos refletir sobre uma palavra comum que, nesta época do ano, em que celebramos o nascimento de Cristo, ganha grande relevância nas relações interpessoais. Afinal, tal vocábulo simboliza um gesto de gratidão entre os seres humanos do mundo todo. Pois, promove alegria e aproxima as pessoas; além disso, quebra o “gelo” dos corações mais empedernidos deste mundo. Mais do que isso, pode até funcionar, até mesmo, como um “pedido de desculpas”. Também, às vezes, torna-se uma ferramenta para reatar relacionamentos amorosos que foram rompidos entre os casais.
No entanto, é no ambiente familiar que esse termo ganha um sentido todo especial com a aproximação do Natal. Embora essa palavra, também, tenha invadido o mundo corporativo, com a prática do tradicional “amigo secreto”. Leitor, você já matou a charada? Na verdade, trata-se da palavra “presente”, em seus variados contextos que veremos, ao longo deste artigo. Claro que, neste momento, o foco, agora, é a tão aguardada noite de Natal, em que as famílias estarão reunidas para a ceia. Todas as atenções se voltam para esse momento. Os enfeites natalinos dizem isso a todo o momento.
Afinal, é um instante mágico que se transforma em motivos de satisfação entre crianças e adultos. Assim, dar e receber presentes é algo mágico, tanto para quem doa quanto para quem recebe. Com certeza, muitas pessoas já fizeram as suas tradicionais listinhas de mimos para os familiares. Os pequenos vivem, neste momento, a expectativa de receber o brinquedo que esperaram o ano todo. No entanto, muitos acreditam que, o melhor mesmo, é receber algo que não se estava esperando. Ou seja, um presente surpresa, inimaginável. O que pode ser? Vamos imaginar?
Quem sabe uma relíquia que foi ofertada, de forma espontânea, por um ente querido ou um grande amigo de décadas. Quem sabe o prêmio da mega-sena da virada... Ou, então, uma inesperada promoção no trabalho. Tudo isso, naturalmente, é uma dádiva maravilhosa. Uma benesse, mesmo momentânea, que se torna a mais pura felicidade em nossas vidas. É uma sensação impressionante que nos faz acreditar que a vida (apesar de tudo) é, sim, um presente divino que vale a pena ser vivida até o último minuto.
Mas, você já havia parado para pensar na grandeza dessa palavra? Percebeu o quanto de sentido ela abarca no nosso cotidiano? É algo muito curioso, pois esse pequeno vocábulo de apenas três silabas (pre-sen-te) e oito letras (três vogais e cinco consoantes), assim como várias palavras da Língua Portuguesa, é polissêmico. Ou seja, envolve inúmeros significados, além de possuir vários sinônimos que, de maneira mágica, expressam variáveis sentidos. Claro que isso depende do contexto ou da situação em que for empregado. Assim, a seguir, focaremos outros aspectos que o envolvem.
Do ponto de vista da gramática, essa palavra pode ser um substantivo (concreto ou abstrato), um verbo ou, ainda um adjetivo. Para que isso fique mais claro, observe: “Rita ganhou um presente”. O termo destacado é um substantivo. Já em: “Rita é uma mãe presente”, temos um claro adjetivo. Ainda, gramaticalmente, quando estudamos regência verbal, esse termo indica o tempo e o modo de uma ação verbal. Veja: “Rita presenteou o filho”. O verbo destacado está no “pretérito perfeito do indicativo”.
Finalizando, como o leitor pôde perceber, há inúmeras situações em que esse vocábulo recebe classificações gramaticais. Mas, fora da gramática, nos deparamos com muitas sentenças que ampliam os horizontes desse regalo. Nas religiões de matriz africana, emprega-se o termo “oferenda”, como uma espécie de presente para os orixás (entidades sagradas). Do ponto de vista da lógica, a palavra “presente” representa a própria ideia de tempo, no sentido cronológico da expressão. Então, que esse tempo real seja de plena harmonia entre os povos, para que a paz se torne um presente. Bom domingo!
João Alvarenga é professor de redação.