Segurança
Sorocaba mantém bons índices
Segundo estudo, apesar de cidades similares do interior paulista terem apresentado aumento da violência, Sorocaba se manteve em situação estável
Com mais de 20 anos de vida, o Instituto Sou da Paz tem como objetivo fazer análises na área da segurança pública a fim de mostrar um panorama da violência. Nesse sentido, virou fonte relevante e fidedigna desse tema.
O último estudo, que acaba de ser divulgado, teve como meta identificar as áreas mais problemáticas do Estado de São Paulo em matéria de segurança pública.
Feito com base na análise do Índice de Exposição à Criminalidade Violenta (IECV) de cidades paulistas com mais de 50 mil habitantes, ele revela, por exemplo, que o número de homicídios dolosos e latrocínios (roubo seguido de morte) registrados em 2020 cresceu em seis das 12 regiões nas quais o Estado é dividido por meio dos Departamentos de Polícia do Interior (Deinter).
Das seis regiões em que não houve aumento, em duas o número de assassinatos permaneceu estável e em quatro houve declínio.
Ao todo, foram analisados os dados de 141 municípios. Segundo o estudo, os indicadores permaneceram estáveis justamente na área de Sorocaba -- e também da capital paulista. Já outras regiões importantes do interior paulista apresentaram elevação do índice.
De acordo com o levantamento, o aumento da violência foi detectado em quase metade (48,2%) das cidades paulistas de médio e grande portes. Foi também a primeira alta do indicador geral de homicídios (4,1%) após sete anos seguidos de queda. A alta chama a atenção em um ano marcado pelos efeitos da pandemia e do isolamento social.
Das 141 cidades analisadas, a que registrou os piores indicadores foi Peruíbe, no litoral sul. Outra foi Cruzeiro, próxima à rodovia Presidente Dutra, no Vale do Paraíba.
Com cerca de 82 mil habitantes, ela está a 131 quilômetros de São José dos Campos, centro de um dos mais importantes polos industriais do País e com altos indicadores de violência -- a maioria relacionada ao tráfico e ao crime organizado, uma vez que a Via Dutra é um dos principais canais de escoamento de drogas no País.
Outra cidade problemática em matéria de segurança pública é Bauru. Com 380 mil habitantes, é o município mais populoso da região noroeste do Estado. Além de ser uma área industrial cercada por municípios cuja economia depende da agricultura, Bauru é um importante entroncamento ferroviário. A cidade retornou a um patamar de violência que não era visto desde 2015.
Outras tradicionais e importantes cidades paulistas também foram atingidas pelo crescimento da violência em 2020. Na região de Piracicaba, o aumento foi de 23,3%. Na região de Araçatuba, 11,5%. Ali perto, em São José do Rio Preto, cidade industrial que tem 36 municípios ao redor e é considerada uma das mais violentas do Estado, o aumento foi de 6,8%. Já na Região Metropolitana de São Paulo, atingiu 12%.
Os números caíram apenas nas regiões de Santos, Presidente Prudente, Ribeirão Preto e Campinas. Nesta última região é que se situa Santa Bárbara do Oeste, a cidade que obteve a melhor posição no levantamento.
De um modo geral, o aumento da violência pode ser atribuído a vários fatores, conforme os pesquisadores do instituto. Um deles é o crescimento das disputas entre as facções do crime organizado. Outro fator foi o crescimento da violência interpessoal, possivelmente em decorrência das tensões geradas pelo isolamento social. Há também o fácil acesso a armas. E tudo embalados pela costumeira impunidade da Justiça brasileira.
Portanto, é importante não permitir que a tendência de alta se consolide. Para que isso não aconteça, uma ferramenta é justamente o levantamento do instituto. Por meio dele pode-se analisar as estatísticas de cada município para montar estratégias e políticas de combate com programas e trabalhos específicos, atuando nas áreas mais críticas e de acordo com o perfil onde a violência cresceu mais.
No caso de Sorocaba, é preciso registrar um elogio. Se a violência não diminuiu, pelo menos não aumentou, diferentemente de diversas regiões similares do interior. E se levarmos em conta a proximidade com a região metropolitana da capital, onde a violência teve crescimento, trata-se de um ótimo resultado. Parabéns aos envolvidos.