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Editorial

O tamanho da indústria farmacêutica nacional

18 de Julho de 2024 às 22:30
Cruzeiro do Sul [email protected]
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Se há um segmento produtivo brasileiro que não deve experimentar período de crise é a indústria farmacêutica. Segundo a consultoria Redirection International, a indústria farmacêutica deve viver quatro anos intensos e positivos até o fim de 2027. As previsões da empresa especializada em assessoria em casos de fusão e aquisição apontam um avanço de até 30% para o setor. Quebrando esse crescimento anualmente, a média ficaria em 8% ao ano. As informações estão no site da Associação Brasileira de Embalagem (Abre) com base no Panorama Farmacêutico de 20 de fevereiro de 2024.

“O Brasil está entre os dez maiores mercados farmacêuticos do mundo e quase 7% do consumo de bens pelas famílias brasileiras é composto de produtos farmacêuticos”, explica o economista Gabriel Cardoso. E ele vai mais longe e afirma que o setor farmacêutico no Brasil tem potencial de crescer acima da taxa prevista para o mundo todo. “O setor apresenta um grande potencial para crescer até 10% ao ano”, garante. Para estimar tal crescimento, a Redirection usou o montante movimentado em 2023 (cerca de R$ 190 bilhões entre varejo e não varejo) e as perspectivas macroeconômicas do País.

Anuário sobre a indústria farmacêutica no Brasil, elaborado pela Secretaria-Executiva da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos, tornado público pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), corrobora com a realidade mostrada pela Abre. A publicação reúne dois grandes grupos de informações: um dedicado ao panorama do mercado farmacêutico em 2022 e outro com séries históricas entre 2020 e 2022, com dados consolidados até junho de 2023, extraídos dos relatórios oficiais de comercialização de produtos farmacêuticos, divididos em seis grupos distintos de fármacos: biológicos, específicos, genéricos, similares, novos e fitoterápicos. De acordo com as informações do anuário, a venda de medicamentos no Brasil gerou um faturamento de R$ 131,2 bilhões em 2022.

Outra informação que ajuda a entender o quanto o segmento farmacêutico é importante para a economia, é o fato de o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ter registrado cifras recordes em aprovações de crédito para as indústrias farmoquímica e farmacêutica brasileiras. Segundo dados divulgados pela instituição financeira nesta quinta-feira (18), foram liberados R$ 2 bilhões desde o início de 2024. Em apenas 6 meses, já é o maior valor contabilizado em um único ano desde 1995.

“Os valores aprovados em 2024 são 32% superiores a todo o ano de 2023 (R$ 1,4 bilhão) e correspondem a 16% do total de 30 anos de apoio do BNDES ao segmento. Com o apoio do banco, as indústrias estão desenvolvendo novos medicamentos, novas associações farmacêuticas (que facilitam a absorção e a administração), vacinas, montagem de centros de pesquisa e desenvolvimento e adquirindo máquinas e equipamentos”, diz nota divulgada pelo BNDES.

Ainda de acordo com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o aumento das aprovações tem relação com a retomada de investimentos em setores industriais estratégicos. Em janeiro deste ano, o governo federal lançou o programa Nova Indústria (NIB).

O objetivo do programa é estimular o setor produtivo para promover o desenvolvimento do país e reverter o cenário de desindustrialização, segundo o governo federal. O NIB envolve a articulação de diversos instrumentos de Estado, como linhas de crédito especiais, recursos não reembolsáveis, ações regulatórias e de propriedade intelectual, além de uma política de obras e compras públicas.

Fato é que em 2022, o mercado brasileiro de medicamentos, com 341 empresas farmacêuticas, movimentou R$ 106,78 bilhões em 2022, um crescimento de 16,95% em reais, em relação ao ano anterior, representando aproximadamente 2% do mercado mundial, sendo o 10º em faturamento no ranking das 20 principais economias. Na América Latina, é o principal mercado, à frente de México, Colômbia e Argentina.