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Editorial

Patrono da historiografia brasileira

07 de Setembro de 2024 às 22:00
Cruzeiro do Sul [email protected]
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A Comissão de Educação e Cultura (CE) do Senado aprovou a concessão do título de patrono da historiografia brasileira a Francisco Adolfo de Varnhagen. O projeto (PL 1.058/2024), da senadora Mara Gabrilli (PSD-SP), recebeu parecer favorável do relator, o senador Sérgio Petecão (PSD-AC), e agora tramita na Câmara dos Deputados, a menos que haja pedido para votação do Plenário do Senado. Historiografia é a pesquisa e o registro da história, além do estudo sobre como isso é feito.

Varnhagen nasceu em Sorocaba em 1816, filho de pai alemão e mãe portuguesa. Aos sete anos de idade, mudou-se para Portugal, onde estudou e fez carreira como engenheiro militar. Na década de 1840 ingressou na carreira diplomática, passando a integrar missões do Brasil na Europa.

Desde muito jovem, Francisco de Varnhagen dedicou-se a pesquisas históricas, tanto em Portugal como no Brasil, e escreveu importantes obras sobre a história brasileira. Em 1849, propôs uma nova organização político-administrativa para o País em seu Memorial Orgânico, no qual defendeu a mudança da capital para o interior. Mais tarde, liderou uma expedição para o Planalto Central e apontou uma região hoje localizada a 80 quilômetros de Brasília como local ideal para a nova sede da administração do Brasil.

Ele escreveu também o extenso trabalho História Geral do Brasil (onde fez acompanhar junto a seu nome as credenciais “Visconde de Porto Seguro e Natural de Sorocaba”). A obra, dividida em “Antes de sua Separação e Independência de Portugal” e “História da Independência do Brasil”, está disponível na Livraria do Senado para compra dos exemplares impressos e para download gratuito das versões em pdf. Ele foi, assim, um dos pioneiros na historiografia brasileira. Sua obra e a atuação política influíram na formação da identidade brasileira.

“A trajetória de Varnhagen como militar, pesquisador, diplomata, historiador e estadista conferiu-lhe uma visão única para enfrentar desafios e formular soluções inovadoras, que moldaram a identidade nacional brasileira. Dessa forma, justifica-se, de forma inequívoca, a honraria a ser concedida por meio desta proposição”.

Varnhagen morreu em Viena (Áustria), em 26 de junho de 1878, e como era casado com a chilena Carmen Ovalle, havia sido sepultado em Santiago do Chile, embora tivesse, por várias oportunidades, manifestado seu desejo de ser sepultado em Sorocaba. Com a colaboração da Fundação Ubaldino do Amaral (FUA), a administração municipal à época, que tinha como mandatário Theodoro Mendes, promoveu negociações com as autoridades chilenas visando atender ao desejo do ilustre sorocabano. Foi autorizada pela família e pelas autoridades do Chile a exumação de seus restos mortais e sua transladação para Sorocaba.

Atualmente, os restos mortais do sorocabano estão sepultados em um monumento com busto em bronze, em frente ao Mosteiro de São Bento, no Largo de São Bento, em Sorocaba. Em 1978, a ossada de Varnhagen foi transferida de Santiago, no Chile, para Sorocaba, onde permaneceu sepultado em um monumento localizado na praça Edmundo Valle, na confluência da avenida General Osório com a rua Mascarenhas Camelo.

A colocação dos restos mortais em frente ao Mosteiro foi marcada com cerimônia do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba (IHGGS) e entidades parceiras, com desfile em viatura do Corpo de Bombeiros, e a deposição da urna com os restos mortais feita por soldados da Polícia do Exército, apoiado com o toque de corneta realizado por um policial militar. Na solenidade do sepultamento houve um discurso proferido pelo príncipe Dom Bertrand de Orléans e Bragança.

O desfile da urna com os restos mortais na viatura do Corpo de Bombeiros partiu da sede do IHGGS, na Vila Hortência. Ele foi antecedido por uma missa de encomenda a Deus (exéquias aos restos mortais) celebradas pelo monge responsável pelo Mosteiro de São Bento de Sorocaba, Dom José Carlos Camorim Gatti.