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Editorial

E a economia? Como vai?

19 de Outubro de 2024 às 21:00
Cruzeiro do Sul [email protected]
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Há indícios de que algo não vai bem na economia do Brasil. Vemos um governo acuado, mas também preocupado. A equipe econômica anunciou que levará um conjunto de medidas de corte de gastos ao presidente Lula logo após o segundo turno das eleições municipais, conforme informou na terça-feira (15) a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet. A escolha da data é estratégica, já que há candidatos apoiados pelo governo ainda em disputa por Prefeitura em 2º turno, marcado para o dia 27 deste mês.

Segundo a ministra, apenas uma das medidas, caso seja aprovada pelo Congresso, resultará em economia de R$ 20 bilhões por ano. Ela, no entanto, não informou qual medida de revisão de gastos seria essa. Portanto, não está descartado que pode haver cortes em programas e investimentos importantes aos pagadores de impostos.

Outro indício de que algo não está bem: a partir de 1º de novembro, os mutuários que financiarem imóveis pela Caixa Econômica Federal terão de pagar entrada maior e financiar um percentual mais baixo do imóvel. O banco aumentou as restrições para a concessão de crédito para imóveis pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que financia imóveis com recursos da caderneta de poupança.

Para quem financiar imóvel pelo sistema de amortização constante (SAC), em que a prestação cai ao longo do tempo, a entrada subirá de 20% para 30% do valor do imóvel. Pelo sistema Price, com parcelas fixas, o valor aumentará de 30% para 50%. A Caixa só liberará o crédito a quem não tiver outro financiamento habitacional ativo com o banco.

O valor máximo de avaliação dos imóveis pelo SBPE será limitado a R$ 1,5 milhão em todas as modalidades do sistema. Atualmente, o crédito pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH), com juros mais baixos, é restrito a imóveis de R$ 1,5 milhão, mas as linhas do Sistema Financeiro Imobiliário (SFI) não têm teto de valor do imóvel.

O aperto na concessão de crédito habitacional decorre do maior volume de saques na caderneta de poupança e das maiores restrições para as Letras de Crédito Imobiliário (LCI), aprovado no início do ano. Caso não limitasse o crédito, a Caixa teria de aumentar os juros.

Acontece que como os preços dispararam e o salário não acompanhou, o cidadão privilegiado que conseguia manter uma poupança aqui ou um investimento ali, teve que sacar para poder manter a sua família amparada. Não é exagero! É a realidade econômica atual do Brasil.

Segundo o Banco Central (BC), a caderneta de poupança registrou o maior volume de saques líquidos do ano em setembro, com os correntistas retirando R$ 7,1 bilhões a mais do que depositaram. Esse também foi o terceiro mês seguido de retiradas. Outro fator que contribuiu para a limitação do crédito foi o aumento da demanda pelas linhas da Caixa, em meio à elevação das taxas nos bancos privados. Ainda não está claro se as mudanças serão revertidas em 2025, quando o banco tiver novo orçamento para crédito habitacional, ou se parte das medidas se tornarão definitivas no próximo ano.

Outro indício? Ai vai: a inflação avançou no mês de setembro para todas as faixas de renda, em relação a agosto. Houve alta generalizada para todas as famílias brasileiras, mas o aumento dos preços foi mais significativo para aquelas de renda mais baixa. As informações constam do Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda, divulgado na terça-feira (15) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Para os domicílios com renda muito baixa, a taxa de inflação avançou de -0,19%, em agosto, para 0,58%, em setembro. Entre as famílias de renda mais alta, o índice aumentou de 0,13% para 0,33% no período.

Só mais um, para não estragar o domingo: na mesma terça-feira das notícias ruins, surgiu mais uma no final do expediente: após fortes pressões internacionais, o dólar atingiu o maior valor em mais de dois meses. O dólar comercial encerrou aquele dia vendido a R$ 5,657, com alta de R$ 0,074 (+1,33%). A cotação iniciou o dia estável, mas disparou após a abertura dos mercados norte-americanos. Na máxima do dia, por volta das 14h, chegou a

R$ 5,66. Na sexta-feira (18), a coisa ficou ainda pior, com o dólar tendo nova alta e encostando nos R$ 5,70.