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Editorial

Fissuras preocupantes

08 de Janeiro de 2025 às 22:12
Cruzeiro do Sul [email protected]
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Enquanto o prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), pensa na criação de mais cinco secretariais municipais e, também, no empréstimo de 150 milhões de dólares, ambos aprovados pela maioria dos vereadores, serviços essenciais de infraestrutura de correção e manutenção parecem estar sendo feitos somente depois que algum vídeo gravado por um cidadão sorocabano é divulgado nas redes sociais e, também, por reportagens publicadas pelos veículos de comunicação da cidade.

Ontem, este jornal e a rádio Cruzeiro FM 92,3 tornaram pública a falta de manutenção nos viadutos Jânio Quadros e dos Ferroviários, que passam por cima da avenida Dr. Afonso Vergueiro. As fissuras nas estruturas dos viadutos flagradas pelas equipes de reportagem do jornal e rádio chamaram a atenção das pessoas.

Em reportagem publicada pelo Cruzeiro do Sul, na edição de ontem, a Secretaria de Serviços Públicos e Obras (Serpo) informou, em nota, que as manutenções corretivas são realizadas conforme necessidade, anualmente ou após alguma “intempérie climática”. No entanto, a considerar o tamanho das fissuras, esse tipo de programação divulgada pela secretaria parece que precisa de uma revisão.

Problemas de manutenção em asfalto, calçadas, praças e ciclovias até são comuns e, de certa forma, aceitáveis durante um determinado período de tempo, porém, em se tratando de estruturas de viadutos, pontes ou pontilhões, que são mais complexas, aí, com certeza, os cuidados devem ser maiores por parte do Poder Público.

Assim, não se pode negar que a situação flagrada nos dois viadutos em Sorocaba é realmente preocupante e reflete um problema que muitas cidades enfrentam em relação à infraestrutura urbana. As fissuras e buracos podem ser sinais de deterioração, e a falta de manutenção adequada pode levar a riscos maiores, como o colapso das estruturas, o que já aconteceu em outros locais ao redor do mundo.

O engenheiro Valmir Almenara, citado na reportagem escrita por Beatriz Falcão e publicada ontem neste jornal, destacou a importância das chamadas juntas de dilatação, que são essenciais para permitir a movimentação do material sem causar danos. Quando essas juntas não estão presentes ou em bom estado, as fissuras podem se agravar, levando a problemas mais sérios. A manutenção regular e as vistorias são fundamentais para identificar e corrigir esses problemas antes que se tornem perigosos.

É interessante notar que a rápida urbanização e o aumento do tráfego em Sorocaba ampliam a pressão sobre essas estruturas. Com 178 pontes, viadutos e passarelas na cidade, é crucial que haja um plano de manutenção robusto e contínuo. As vistorias devem ser realizadas não apenas para verificar a aparência externa, mas também para garantir que não haja comprometimento estrutural.

Casos de falhas em pontes e viadutos ocorrem em várias partes do mundo, muitas vezes resultando em acidentes trágicos. O colapso da Ponte Morandi em Gênova, na Itália, em 2018, é um exemplo notório onde a falta de manutenção e inspeções adequadas teve consequências fatais.

Outro exemplo foi o ocorrido em 23 de janeiro de 1971, quando o Elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro, ruiu, transformando-se, também, em um evento trágico que deixou marcas na história da cidade. O Elevado Paulo de Frontin era uma importante via expressa que ligava a zona norte à zona sul do Rio de Janeiro. Inaugurado em 1960, o elevado tinha um design que permitia o tráfego ágil em uma área movimentada da cidade.

A queda foi provocada por uma série de fatores, incluindo problemas estruturais e a falta de manutenção adequada. Na época, havia relatos sobre fissuras e outros danos na estrutura, mas as autoridades não tomaram as medidas necessárias para garantir a segurança do elevado.

Assim, na manhã do dia 23 de janeiro, durante o horário de pico, uma das faixas do elevado desabou enquanto veículos transitavam, resultando em um colapso parcial da estrutura. Isso causou a morte de pelo menos 48 pessoas e feriu várias outras.

O acidente gerou uma onda de indignação pública e levantou questões sobre a segurança das infraestruturas urbanas no Brasil. Ele também trouxe à tona a necessidade urgente de reformas nas estradas e pontes da cidade.

A queda do Elevado Paulo de Frontin é lembrada como uma tragédia que poderia ter sido evitada com medidas adequadas de segurança e manutenção.

No caso da Ponte Morandi, em Gênova, na Itália, o desabamento aconteceu durante uma forte tempestade, levando consigo uma parte significativa da estrutura e causando a morte de 43 pessoas. À época, investigações iniciais indicaram que a ponte tinha problemas estruturais e que a manutenção inadequada poderia ter contribuído para o colapso. A estrutura foi inaugurada em 1967, e ao longo do tempo passou por algumas reformas, mas havia preocupações sobre sua segurança.

Além das vidas perdidas, o colapso causou ferimentos em muitas pessoas e destruiu carros e caminhões que estavam na ponte no momento do acidente. As equipes de resgate trabalharam intensamente para encontrar sobreviventes nos destroços. O acidente teve um grande impacto na infraestrutura da cidade e na economia local. A ponte era uma importante rota de transporte, e sua queda causou congestionamentos e atrasos significativos no tráfego.

O desastre gerou um debate intenso sobre a segurança das infraestruturas na Itália e a responsabilidade do governo e das empresas envolvidas na manutenção das pontes e estradas.

Atualmente, vemos nos noticiários autoridades em Tocantins e no Maranhão unindo forças para localizar corpos de pessoas que morreram no desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que passava por cima do Rio Tocantins, ocorrido no dia 22 de dezembro passado.

Esses eventos trágicos servem como um alerta sobre a importância da manutenção preventiva nas estruturas públicas e a necessidade de se garantir a segurança dos cidadãos.

Portanto, é essencial que as autoridades de Sorocaba sigam as recomendações dos engenheiros e implementem um regime eficaz de manutenção preventiva.