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Editorial

Trabalho de busca ativa

19 de Abril de 2025 às 19:52
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Muitas pessoas vivem uma angústia silenciosa no Brasil: a busca por parentes desaparecidos. A esperança de reencontrar um familiar, mesmo sem saber se ele está vivo ou morto, é uma dor que assola corações e desafia a resistência emocional de quem enfrenta essa incerteza.

Para esses indivíduos, cada dia é uma batalha entre a esperança e o desespero. Eles se agarram a qualquer pista, a qualquer sinal de vida, enquanto enfrentam a dura realidade de que, muitas vezes, não há respostas concretas. A ausência de informações oficiais, a falta de registros e a lentidão dos processos de identificação tornam essa busca ainda mais angustiante.

Esse drama revela uma face invisível das crises humanas, na qual a dor não é apenas pela perda, mas pela incerteza. É uma situação que exige sensibilidade, apoio psicológico e uma estrutura eficiente de busca e identificação por parte das autoridades. Além disso, é fundamental que a sociedade reconheça essa dor e ofereça solidariedade às famílias afetadas.

A esperança de reencontrar um ente querido deve ser acompanhada de ações concretas para tornar essa busca mais eficaz e digna. Afinal, por trás de cada número, há uma história de amor, de esperança e de resistência. Que possamos, enquanto sociedade, valorizar e apoiar esses dramas silenciosos, promovendo justiça e compaixão.

No Estado de São Paulo, o Instituto Médico Legal (IML) localizou, nos últimos seis anos, 66% dos familiares de pessoas que morreram sem identidade ou que não foram reclamadas pelos parentes. O trabalho de busca ativa é realizado pela Equipe de Assistência Familiar (EAF), que tenta localizar os responsáveis com base nas informações coletadas pelos profissionais.

Pioneiro no Brasil, o serviço surgiu em 2019 diante da necessidade de centralizar a busca por familiares de sepultados identificados pela equipe do IML. Além disso, o EAF atua como elo entre os familiares que procuram por pessoas desaparecidas e os núcleos do Instituto em todo o Estado.

Os profissionais coletam todas as informações sobre a pessoa que deu entrada no IML, analisam os dados disponíveis e, então, iniciam a busca pelos familiares. Desde a criação do serviço, foram quase 6,1 mil corpos identificados encaminhados para sepultamento obedecendo os critérios legais e dentro do prazo estabelecido. Do total, pouco mais de 4 mil tiveram o familiar localizado pela Equipe de Assistência Familiar do IML. Informar os familiares e garantir que tenham conhecimento da morte é um ato que, além de humano, pode contribuir com as investigações policiais. Alguns familiares foram encontrados mesmo antes do sepultamento, o que evidencia a agilidade do serviço.

Ainda segundo a EAF, a maioria perdeu o contato com a família com o passar do tempo e outros cortaram relações pelos mais diversos motivos: desinteresse, vontade de permanecer na invisibilidade, interesse pessoal de não serem localizados, entre outros.

Apesar disso, após dar entrada no IML cada pessoa falecida e não identificada passa por exames, tanto para diagnosticar a causa da morte quanto para tentar, por critérios científicos, a identidade. As informações são agrupadas em um banco de dados, acessado pela equipe do EAF.

Nos últimos anos, o serviço do EAF foi aprimorado com o acesso rápido e facilitado ao banco de dados da Polícia Civil, além do apoio das instituições dos demais Estados e da Polícia Federal. Com essa parceria, a equipe consegue localizar parentes que muitas vezes sequer sabiam da morte do ente querido.

Além de demandar tempo, atenção e cuidado, o serviço prestado pelo IML requer uma abordagem sensível no momento da comunicação com os familiares. A utilização do tato e da empatia é imprescindível para que esse serviço seja conduzido com o respeito e a dignidade que a situação exige. As famílias, que desejam buscar seus entes nos núcleos dos IMLs de São Paulo, podem acessar o site https://www.policiacientifica.sp.gov.br/. No portal, há a opção de consulta ou cadastro de desaparecidos. O contato também pode ser feito pelo e-mail acolhimento: iml@policiacientifica.sp.gov.br com nome, telefone de contato e dados do desaparecido.