Editorial
Realidades distintas
Atualmente, o Brasil tem 3,661 milhões de pessoas em situação de desalento e que estão fora do mercado de trabalho
Desde o ano passado, o desemprego vem recuando no Brasil. Na maioria dos meses, foi registrado saldo positivo na criação de vagas. Só que o ritmo da queda ainda está bastante lento.
Os números de julho do Novo Caged mostram que o emprego formal apresentou um saldo positivo de 142.702 postos de trabalho no mês. Resultado abaixo do registrado em julho de 2022, quando foram criadas 225.016 vagas extras.
No acumulado do ano, foram gerados 1.166.125 postos de trabalho, bem longe da meta de 2 milhões de vagas prevista pelo governo.
Mesmo com essa grande distância a se percorrer, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, diz-se otimista e acredita num segundo semestre mais forte, apesar de todos os analistas econômicos indicarem caminho contrário.
“Esperamos, como costumeiramente acontece, números mais positivos no decorrer desses meses agora no meio do ano”, diz o ministro. De acordo com a previsão mais otimista dos analistas de mercado, o Brasil não deve passar, este ano, de 1,710 milhão de postos de trabalho de saldo.
O número positivo de julho foi puxado, principalmente, pelo setor de serviços, que gerou mais de 56 mil postos, logo depois vem o comércio com 26 mil postos.
Os dados do Novo Caged mostram também que o salário médio real de admissão em julho foi de R$ 2.032,56, com um aumento de R$ 19,33 em comparação com o valor de junho.
Se no cenário nacional a geração de empregos não está tão acelerada assim, em Sorocaba, os resultados são animadores. Julho foi o melhor mês no ano na criação de novas vagas com carteira assinada.
A cidade registrou um saldo positivo de 1.154 postos de trabalho. Foram 10.389 admissões contra 9.235 desligamentos. Em números proporcionais, a cidade apresentou melhor desempenho do que as médias do Estado de São Paulo e do país.
Esse foi o sétimo mês consecutivo com saldo positivo no emprego formal em Sorocaba. Vale dizer que, desde o início de 2023, a geração de vagas foi uma constante, o que variou foi o ritmo.
Outro dado alentador é que o número de vagas criado em julho é mais que o dobro do número criado em junho. No acumulado do ano, Sorocaba já gerou um saldo de 5.227 vagas de trabalho.
Isso significa que cerca de 20 mil pessoas foram beneficiadas com algum tipo de renda extra, sem precisar depender das benesses oferecidas pelos programas sociais do governo. Um dinheiro que vem acompanhado de suor e muito orgulho.
Um orgulho que precisa ser transmitido, cada vez mais, às novas gerações. São milhões de jovens espalhados pelo país que não estudam, nem trabalham, um desperdício imenso da nossa capacidade de produzir e de gerar riqueza para toda a sociedade.
Conforme os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), ligada ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem, atualmente, 3,661 milhões de pessoas em situação de desalento.
Toda essa população, que ultrapassa o número de habitantes do Uruguai, está fora do mercado de trabalho. As razões são muitas e passam pela falta de vaga ou de experiência até chegar a questões etárias e geográficas. O que se precisa, neste momento, é incentivar essas pessoas a conseguir um lugar ao sol.
Na análise feita com os números do Novo Caged, outro recorte chamou bastante a atenção: os homens são os que mais têm conquistado vagas de trabalho nesse momento de retomada da economia.
A distribuição das vagas foi bastante desigual. As mulheres ficaram com 43.947 postos de trabalho, já os homens 98.755, mais que o dobro.
Isso mostra que precisamos investir em áreas em que as mulheres possam ganhar cada vez mais espaço. Até lá, esse desequilíbrio deve perdurar.
Para consolidar-se como uma economia forte e igualitária, o Brasil ainda precisa gerar milhões de empregos com carteira assinada.
São essas vagas que garantem segurança ao trabalhador e um futuro mais previsível. Além disso, sem esses contribuintes, muito em breve enfrentaremos um novo colapso nos cofres da previdência.
Temos todo o ferramental em mãos. Há muita mão de obra disponível, há espaço para crescimento, há gente interessada em investir.
Para que todos esses fatores se unam em prol do país, existe a necessidade urgente de um rumo claro e sem surpresas. Só nessa conjuntura é que o Brasil vai realmente crescer da forma que a sociedade necessita e merece.