Carlos Aymar é preso após receber propina na Prefeitura de Araçariguama
Carlos Aymar chega à sede da DIG de Sorocaba acompanhado por policiais civis. Crédito da foto: Fábio Rogério (14/10/2019)
Atualizada às 21h58
O ex-prefeito de Araçariguama, Carlos Aymar, foi preso acusado pelo crime de concussão e associação criminosa. Também foi detido pelos mesmos motivos Israel Pereira da Silva, titular da Secretaria de Governo do município.
As prisões ocorreram nesta segunda-feira (14) em Araçariguama. Ambos foram trazido para Sorocaba, onde foi lavrado o registro da ocorrência.
Carlos Aymar é casado com a prefeita de Araçariguama, Lili Aymar. Ele assumiu a chefia do Executivo da cidade entre 2001 e 2008.
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Há quatro meses
Segundo o titular da Delegacia Seccional de Sorocaba, Marcelo Carriel, a investigação sobre o caso começou há pelo menos quatro meses. O ex-prefeito foi preso após receber uma das parcelas de um acerto feito com uma cooperativa habitacional, vítima da situação.
De acordo com Carriel, o total da cobrança era de R$ 2 milhões. As parcelas, conforme acertado entre a pessoa responsável pela cooperativa, era de R$ 50 mil por mês.
Ainda de acordo com o delegado seccional, R$ 14 mil foram apreendidos em um armário. Era o sinal do acordo. A entrega dos valores ocorreu na sala de Aymar, dentro da Prefeitura de Araçariguama.
Carlos Aymar e Israel Pereira da Silva chegam à sede da DIG de Sorocaba. Crédito da foto: Fábio Rogério (14/10/2019)
Dentro da Prefeitura
Aymar não era funcionário da Prefeitura de Araçariguama, mas tinha até sala no local, conforme apontou a Polícia Civil. “Ele não tem uma secretaria, ele não é nomeado. Se equipara a servidor público porque tinha poder de mando”, diz Carriel.
Já o secretário Israel Pereira foi preso quando chegava ao Paço Municipal. Pereira compareceu à Delegacia de Investigações Gerais (DIG) algemado.
Conforme o delegado Rodrigo Ayres, ele estava foragido antes da prisão. Todo o processo de negociação foi acompanhado pela Polícia Civil. As notas foram “marcadas” para comprovar o crime.
Carriel também explicou que a participação no esquema entre Israel Pereira e Carlos Aymar era parecido. Eles exigiram dinheiro da vítima, no caso a cooperativa, para aprovar questões burocráticas dentro da Prefeitura de Araçariguama e liberar as construções. A prisão temporária tem duração de cinco dias e é prorrogável por igual período.
O titular da Delegacia Seccional de Sorocaba, Marcelo Carriel, durante entrevista coletiva na DIG. Crédito da foto: Fábio Rogério (14/10/2019)
Função pública
O flagrante ocorreu pelo crime de concussão, que é a exigência de algum benefício em razão de função pública. A pena pode variar de 2 a 8 anos de prisão.
A dupla teve a prisão temporária confirmada durante a tarde, instantes após a prisão. Nesta terça-feira (15), eles passarão por audiência de custódia e a prisão temporária poderá ser convertida em preventiva. O pedido da prisão temporária foi solicitado pela Polícia Civil na sexta-feira (11).
O delegado Alexandre Cassola, que compõe o Setor Especializado de Combate a Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro da Delegacia Seccional de Sorocaba (Secold), também participou da coletiva. A Prefeitura afirmou que está analisando o caso e que se manifestará em momento inoportuno. A defesa dos acusados ainda não se manifestou.
Segunda prisão
Esta não é a primeira vez que Carlos Aymar é preso. Em 18 de junho de 2013, ele foi detido durante uma operação realizada pela Polícia Civil de Sorocaba nas cidades de Alumínio, Mairinque e São Roque.
Na ocasião, foram presos o ex-prefeito de Mairinque, Dennys Veneri (PTB) e Carlos Aymar (PSL). Os mandados de prisão foram resultado das investigações de um suposto esquema de corrupção na Prefeitura de Mairinque.
Os políticos eram acusados da prática de corrupção num esquema desbaratado pela Polícia Civil dentro da chamada Operação Valencia. Durante as investigações apurou-se que licitações eram fraudadas de modo a favorecer empresas.
Aliados políticos
Veneri e Aymar eram aliados políticos. O ex-prefeito de Araçariguama foi, inclusive, assessor de Veneri na Prefeitura de Mairinque.
Sete dias depois da prisão, Aymar e Venere foram libertados depois que o Tribunal de Justiça do Estado acolheu pedidos de habeas corpus encaminhados pelas defesas de ambos. Os dois cumpriam prisão temporária, que foi revogada. (Giuliano Bonamim e Marcel Scinocca)
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