Coronavírus obriga Prefeitura a mudar atendimento na rede pública de saúde
Fachada da Santa Casa de Misericórdia de Sorocaba. Crédito da foto: Emídio Marques (3/9/2019)
O atendimento na rede de saúde pública municipal de Sorocaba vai mudar a partir de segunda-feira (6) para enfrentar a pandemia do novo coronavírus (Covid-19). As medidas fazem parte do Plano de Contingência Municipal apresentado à imprensa nesta sexta-feira (3) pela Prefeitura em entrevista coletiva no Paço Municipal.
De acordo com o médico Fernando Brum, responsável pela Coordenadoria de Enfrentamento do Novo Coronavírus, pacientes das 32 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) que apresentem sintomas relacionados a possíveis casos de Covid-19 e cujos casos não sejam passíveis de alta serão encaminhados em ambulâncias específicas aos Pronto-Atendimentos de Brigadeiro Tobias, Laranjeiras e São Guilherme e Unidade Pronto-Atendimento do Éden (UPA-Éden).
Essas unidades continuarão atendendo ao público em geral, com fluxo diferenciado ou barreira física aos pacientes respiratórios.
O isolamento dos pacientes com suspeita de Covid-19 na rede municipal se dará imediatamente após a triagem. A princípio, a Unidade Pré-Hospitalar da Zona Leste será a referência em atendimento respiratório em Sorocaba. Conforme Brum, ela terá um bloco designado inteiramente a esse serviço, dissociado do atendimento pediátrico e adulto.
O fluxo de atendimento a pacientes com sintomas respiratórios terá cinco fases de enfrentamento à pandemia. Os gatilhos são acionados com 75% da demanda atingida. A UPH Zona Norte junta-se à referência de atendimento sintomático respiratório no nível 2, e a UPA do Éden no nível 3. Na fase 5, a mais grave, os PA São Guilherme e Laranjeiras absorvem as UBSs para a ampliação do atendimento nas unidades.
Em todas as fases do plano, a UPH Zona Oeste será reservada a pacientes não-respiratórios, de forma a preservar seus pacientes (principalmente doentes crônicos e oncológicos) de possíveis contaminações por Covid-19.
Hospitais
Quando necessário, o atendimento hospitalar de pacientes com coronavírus se dará na Santa Casa de Misericórdia. Inicialmente, foram reservados 30 leitos de enfermaria e 20 de UTI com respiradores para os pacientes positivados, no térreo do Bloco B. Em caso de necessidade, o número passa para 110 leitos de enfermaria e 40 de UTI.
Brum destacou que o atendimento aos pacientes se dará por profissionais específicos e em um único bloco para evitar contaminação. Para liberar leitos na Santa Casa, o Hospital Santa Lucinda passará a atender pacientes não-respiratórios que atualmente necessitam de atendimento na outra instituição.
Já o hospital de campanha, na Arena Multiúso, compõe o gatilho número 2, com 80 leitos de enfermaria e mais 10 de UTI. De acordo com o secretário Ademir Watanabe, ele se destinará a pacientes em estado intermediário de saúde.
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Conforme a prefeita Jaqueline Coutinho, a contratação da empresa responsável pela estrutura física se deu nesta sexta-feira, com um custo de R$ 850 mil. A contratação de médicos e técnicos será feita a partir da segunda-feira. Outra possibilidade, se a situação exigir, será o atendimento de pacientes respiratórios na Policlínica Municipal.
UTI terá 50 leitos em fase crítica
Na projeção mais crítica do plano apresentado pela Prefeitura de Sorocaba, haverá 190 leitos de enfermaria e 50 de UTI destinados a pacientes de Covid-19 na cidade. O secretário Ademir Watanabe acredita que o momento mais grave da pandemia será em 15 de abril, conforme a curva de evolução da doença, e por isso reforça a necessidade de que a população pratique o isolamento social para reduzir a disseminação do vírus. “Não pode haver o relaxamento do isolamento social. Por mais difícil que seja ficar em casa, ainda é o momento para isso”, disse o titular da pasta da Saúde.
Conforme Watanabe, a montagem do hospital de campanha vai ocorrer a tempo do pico de evolução da doença, com estimativa de sete a dez dias para a sua entrada em funcionamento. “Não somos diferentes do restante do mundo e estamos nos preparando para a complicação da doença, que é uma pneumonia muito forte de parte dos pacientes”, reforçou o secretário. Além dos detalhes sobre a montagem do hospital, a Prefeitura informou, ainda, que previu a aquisição de dois milhões de máscaras cirúrgicas, mas que Sorocaba também sofre com a falta desse material no mercado e, por isso, a princípio, devem ser entregues somente 60 mil. (Eric Mantuan)