O aumento de golpes tem relação ao crescimento dos serviços on-line durante a pandemia. Crédito da foto: Fábio Rogério (3/9/2020)

O número vítimas de golpes aplicados por telefone têm aumentado em Sorocaba, assim como no resto do país. Esses crimes ficaram ainda mais em evidência durante a pandemia do novo coronavírus, por conta de criminosos que se aproveitam da necessidade de muitos estabelecimentos em manter contato virtual com os clientes nesse período de distanciamento.

Valendo-se dessa estratégia, bandidos tentaram incluir o advogado Gustavo Campanati na lista de vítimas de um golpe disfarçado de promoção. O jurista recebeu a ligação de um homem, que dizia falar em nome de um famoso restaurante de São Paulo.

“Ele parecia bem treinado, era educado e ligou já me chamando pelo nome, o que pode indicar que tinha o mínimo de informação. Parecia mesmo uma pessoa com conhecimento de pós-venda”, contou.

Na ligação, Campanati foi informado que tinha sido escolhido como vencedor de uma promoção. O bandido ofereceu as opções de enviar um link por SMS ou WhatsApp para que ele tivesse acesso ao benefício. “Fui dando corda até que perguntei se ele iria clonar meu número. Aí, ele me xingou e desligou”, relatou o advogado.

O superintendente do Procon Sorocaba, Carlos Rocco, destacou que ações do gênero estão aumentando por conta da adaptação às novas formas de consumo. Ele citou um golpe aplicado em pessoas que colocam anúncios em sites de vendas e recebem ligações de falsos representantes para confirmar a oferta. “É enviado um SMS com um código que pode clonar o WhatsApp e permitir que o golpista acesse os contatos para, por exemplo, pedir dinheiro em nome do titular do número”, explicou.

Para impedir que bandidos tenham sucesso nos golpes, o superintendente do Procon aconselhou as pessoas a terem cuidado com links enviados por mensagens e evitar fornecer informações pessoais. A verificação em duas etapas do WhatsApp, medida de segurança disponível nas configurações do aplicativo, também pode, segundo ele, inibir essas ações. “Tudo gira à necessidade de se resguardar ao máximo e não alimentar esses crimes com informações”, pontuou.

Cartão de crédito

O telefone também é o instrumento utilizado para aplicar outro tipo de golpe, cujos alvos preferenciais são os idosos. Na ação, os criminosos ligam, geralmente, para linhas fixas e pedem que as vítimas efetivem compras feitas no cartão de crédito. “Diante da negativa, o golpista orienta a pessoa a cortar o cartão ao meio, para não danificar o chip, e entrar em contato com a administradora para fazer o cancelamento”, detalhou Rocco.

De acordo com o superintendente do Procon Sorocaba, pensando ter finalizado a ligação anterior, a vítima liga para o número da administradora do cartão e não se dá conta que o golpista prendeu a linha para se fazer passar pelo serviço oficial. “É solicitado que a vítima entregue o cartão cortado a um motoboy, que vai ser enviado ao endereço. Há casos de pessoas que tiveram o limite de crédito estourado por conta disso”, afirmou.

Nessas situações, a principal orientação do órgão é utilizar outro aparelho para entrar em contato com a operadora do cartão, o que impede que o golpe prossiga. Rocco aconselhou, ainda, a não ceder a solicitações para digitar a senha do cartão no telefone, pois há mecanismos que podem identificar as teclas pressionadas.

O Procon orientou que as vítimas de golpes, além de um boletim de ocorrência, também devem procurar o órgão, uma vez que há possibilidade de responsabilização das administradoras de cartões, se for comprovado vazamento de dados dos clientes. (Erick Rodrigues)