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Forte calor marca o primeiro dia do rodízio em Sorocaba

18 de Setembro de 2020 às 00:01
Ana Claudia Martins [email protected]

Forte calor marca o primeiro dia de rodízio Maria de Lourdes trabalha em associação assistencial do Cajuru disse que com a pandemia, a entidade está usando pouca água. Crédito da foto: Vinícius Fonseca (17/9/2020)

Além do forte calor, os moradores da região do Cajuru enfrentaram nesta quinta-feira (17) o primeiro dia do rodízio no fornecimento de água em Sorocaba, que começou às 6h. Em várias casas, as torneiras já estavam praticamente vazias. E os moradores que possuem caixas d’água instaladas em seus imóveis, começaram a racionar o uso para não faltar.

Questionado, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Sorocaba disse que a direção e corpo técnico da autarquia se reunirá novamente para avaliar a situação quando a primeira semana da implantação do sistema de rodízio estiver concluída, definindo se ele terá continuidade ou não, e em caso positivo, se os intervalos entre abastecimento e desabastecimento serão mantidos ou alterados. “Tudo isso levando-se em consideração o comportamento de consumo da população; a ocorrência de chuvas ou não; e a intensidade de recuperação dos dois mananciais”.

Segundo o Saae, nesta quinta-feira (17) o rodízio ocorreu das 6h às 18h com a interrupção na região do Cajuru, e das 18h às 6h nas regiões do Éden/Zona Industrial e Aparecidinha. Os bairros das regiões afetadas pelo rodízio vão ter 12 horas seguidas de abastecimento e outras 12 horas de interrupção.

Na região do Cajuru, a interrupção no abastecimento de água, das 6h às 18h, afetou os moradores do Jardim Maria dos Prazeres, Vila dos Dálmatas, Três Marias, Nilton Torres, Campos do Conde, Terras de Arieta, Vila Borguesi, Jardim Eliana e Terras de São Francisco.

Na manhã desta quinta-feira (17), os moradores da região disseram que a água já estava faltando no Cajuru, há três ou quatro dias, em determinados horários. Eles afirmaram que souberam do início do rodízio pela imprensa, e que o procedimento deveria ser feito em toda a cidade, e não somente nas três regiões.

O analista de logística Robson Urquiza, 35 anos, mora na rua Isidro Sanches e disse que por volta das 8h30 a água já estava vindo bem fraca na torneira da casa dele. Ele afirma que na casa dele o consumo é feito de forma racional e que acha injusto o rodízio ocorrer somente nas três regiões. “Aqui no Cajuru já estava faltando água há alguns dias. Acredito que isso ocorre por falta de investimento. Poderia ter sido construída uma caixa d’água grande na região para não ocorrer a falta”, sugere.

Robson disse que a previsão do retorno no fornecimento às 18h nem sempre ocorre, e que a água acaba voltando nas residências algumas horas depois. “O Saae informa às 18h, mas até chegar nas casas leva umas duas a três horas”, questiona.

Como sua casa tem caixa d’água com capacidade para três mil litros, o jeito é economizar ainda mais para não faltar. “A região do Cajuru está crescendo bastante nos últimos anos, com muitos loteamentos sendo aprovados, mas será que vai ter água para todo mundo?”, indaga.

Morador há 20 anos no Cajuru, Gilmar Miranda, 42 anos, disse que também percebeu a falta de água já nos últimos dias. “Como também tenho caixa d’água em casa o jeito é consumir menos para não ficar sem”, disse.

Olinda Silva, 65 anos, afirma que mora no bairro há seis anos e que por conta do rodízio já não tinha água na casa dela. “Estamos usando somente para o essencial, fazer comida, tomar banho e lavar louça”, disse.

Comércio preocupado

A interrupção no fornecimento de água pegou de surpresa alguns comerciantes da região do Cajuru, pois alguns ainda não sabiam do rodízio. O dono de um salão de cabeleireiro na rua Jorge Elias, Rodrigo dos Santos, afirma que trabalha há oito anos no ramo e não sabia do início do rodízio. “Eu uso água no salão tanto nos atendimentos com os meus clientes, como para lavar o local e fazer toda a higienização, ainda mais por conta da pandemia”, afirma.

Ele disse que está preocupado com a situação. “Se começar a ficar sem água, não terei como abrir salão. Sem água não tenho como trabalhar. Vou tentar usar o menos possível para que a água d’caixa dure mais”, disse.

Na sede de uma associação assistencial, também no Cajuru, Maria de Lourdes, 68 anos, disse que o uso de água é bem pouco, principalmente agora por conta da pandemia. “Estamos sem atendimentos no local, então, usa-se muito pouco diariamente”, aponta. A torneira na área externa da entidade não tinha uma gota de água pela manhã. “A torneira está seca e não saiu um pingo de água”.

Consumo no Cajuru

O Saae afirma que após o final de semana prolongado, devido ao feriado de 7 de Setembro, registrou um aumento expressivo do consumo de água na cidade como um todo, mas particularmente no Cajuru. “Portanto, os dias seguidos de interrupções no abastecimento na região foi reflexo direto do consumo exagerado de água”.

A autarquia afirma que o sistema de rodízio no abastecimento ocorre somente, neste momento, nas regiões do Éden, Zona Industrial e Cajuru porque os mananciais utilizados estão com apenas 15% do seu volume total. “Caso não fosse implantado o rodízio, ocorreria o risco de não mais conseguir captar água dessas duas represas (Castelinho e do Ferraz)”, destaca.

Com o rodízio, o Saae afirma também que vai captar um volume menor de água do sistema Castelinho/Ferraz e desta forma possibilita que os mananciais se recuperem, a ponto de se suspender o rodízio e voltar ao abastecimento normal, caso a expectativa de reflexos positivos se confirme. “Lembramos ainda que temos a possibilidade, e a autarquia vem fazendo isso, de colocar água do sistema Itupararanga/ETA Cerrado no sistema Castelinho-Ferraz/ETA Éden, mas numa quantidade limitada, pois do contrário corre-se o risco de desabastecer a cidade como um todo. A solução para essa questão está próximo de ocorrer, com a entrada em operação da nova ETA Vitória Régia, o que deverá acontecer até dezembro deste ano. Com essa nova unidade, teremos mais 750 litros de água tratada por segundo e a possibilidade de injetar água em maior volume na região que atualmente passa por rodízio”, informa o Saae. (Ana Cláudia Martins)