Sorocaba
Casos da Síndrome Mão-Pé-Boca aumentam 430% entre 2019 e 2020
Altos índices estão relacionados ao retorno das atividades presenciais
Casos da Síndrome Mão-Pé-Boca (SMPB) aumentaram 430% na comparação entre 2019 e 2021 em Sorocaba. Os dados foram levantados pela Secretaria da Saúde do município a pedido do Cruzeiro do Sul. A pediatra e médica adolescente, Carolina Cresciulo relacionou os altos índices da doença infantil ao retorno das atividades presenciais.
Conforme o município, em 2019 foram 85 registros de Síndrome Mão-Pé-Boca em Sorocaba. Já em 2020, em razão da pandemia de coronavírus, apenas um caso foi notificado. Agora, em 2021, foram 366 casos da doença.
A SMPB é uma afecção viral aguda, causada por diversos tipos de enterovírus, sendo uma doença sazonal, com maior circulação relacionada ao verão e à época de chuvas, mas que pode ocorrer em qualquer época do ano. Os sintomas variam de pessoa para pessoa e as principais manifestações clínicas são febre, erupção cutânea em mãos e pés e vesículas na boca.
Para a médica pediatra, o aumento dos casos se justifica com a retomada das atividades presenciais. “Como as crianças ficaram isoladas durante muito tempo e agora voltaram para a escola, mesmo com uso de máscara, as crianças têm contato. Então juntou os vírus de outono com vírus de inverno e primavera. A gente tem diversos vírus sazonais circulando no ambiente”, explicou Carolina.
A transmissão direta da SMPB ocorre pela via fecal-oral, por fezes e, possivelmente, vômitos, secreções de vias aéreas, como muco, saliva, gotículas e pelo contato com lesões cutâneas. A transmissão indireta ocorre por meio de superfícies.
Dessa forma, a médica Carolina foi questionada se esse cenário poderia ser um facilitador na transmissão da Covid-19. Em resposta, ela confirmou. Entretanto, por conta da vacinação dos adultos contra o coronavírus, ela acredita que a possibilidade de contaminação pela Covid-19 deve ser menor, tendo em vista que existe vacina para a Síndrome Mão-Pé-Boca, mas nenhuma disponível.
Havendo dois ou mais casos da doença no local, a Vigilância Epidemiológica deve ser informada via e-mail ([email protected]), por meio do envio da ficha de notificação anexada e do atestado médico do paciente, para que os casos sejam notificados e monitorados.
A prevenção da doença consiste em afastamento temporário das pessoas doentes do ambiente por, no mínimo, sete dias após o início dos sintomas e manutenção das medidas de higiene ambiental. Orienta-se sempre a lavagem frequente das mãos, como forma de evitar o contágio.
A especialista alerta ainda que apesar da cidade apresentar um número muito maior do que os anos anteriores, a SMPB é uma doença “potencialmente benigna”, diz Carolina Cresciulo.
Não há tratamento específico para a SMPB. Alguns recursos aliviam os sintomas e devem ser indicados pelo profissional de saúde. Aos sinais da doença, deve-se procurar o serviço de saúde mais próximo, para receber os cuidados adequados. Como prevenção, é necessário adotar medidas de higiene e isolamento social dos casos notificados.
É indicada sempre a higienização das mãos com água e sabão e/ou álcool em gel; evitar colocar as mãos na boca (roer as unhas, etc); higienização dos itens de uso pessoal; limpeza e desinfecção do ambiente e de objetos pessoais; evitar a circulação de crianças menores de cinco anos em aglomerações, nos períodos de maior incidência.
A solução indicada para limpeza e desinfecção, conforme a municipalidade, é de “hipoclorito de sódio, concentração comercial padrão (alvejante concentrado a 5-6%) e suas diluições de 1:10 a 1:100, garantindo o tempo de contato do saneante. Após a limpeza e desinfecção, os objetos devem ser enxaguados em água corrente. E possível empregar produto com alcoólico etílico de concentração 60-80%”. (Kally Momesso - programa de estágio)