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Imbróglio continua

Candidatos reclamam da desorganização no concurso da Câmara

A falta de fiscalização é a principal queixa entre os participantes do concurso

01 de Junho de 2022 às 18:32
Wilma Antunes [email protected]
Candidatos reclamam da desorganização no concurso da Câmara
Candidatos reclamam da desorganização no concurso da Câmara (Crédito: Reprodução)

Em meio a mais uma polêmica, o concurso público da Câmara Municipal de Sorocaba agora é alvo de reclamações sobre a falta de organização durante a aplicação das provas. As queixas dos candidatos, que realizaram o exame no último domingo (29), envolvem problemas como falta de supervisão e rispidez por parte dos fiscais. Além disso, o possível cancelamento do concurso tira o sossego de quem precisou vir de outra cidade para concorrer à uma vaga na Casa Legislativa.

Na segunda-feira (30), tornou-se público que as questões de língua portuguesa foram reproduzidas de um concurso feito em Buriticupu, município do estado do Maranhão, em 8 de maio. Embora o exame tenha sido aplicado em Sorocaba somente no dia 29, o gabarito oficial da disciplina já estava disponível para consulta no dia 19 do mês passado. Conforme apurado pela reportagem, de 19 modelos aplicados, nove tiveram todas as questões da matéria replicadas do concurso maranhense. Outros quatro modelos também foram parcialmente copiados.

A Câmara de Sorocaba informou na terça-feira (31) que havia acionado o Instituto Avança São Paulo, empresa responsável pela elaboração das provas, a fim de de buscar esclarecimentos sobre a respeito das denúncias sobre a aplicação das provas objetivas. Foi estabelecido o prazo de dois dias para o pronunciamento da empresa, que vence nesta quinta-feira (2), às 0h. O presidente da Casa Legislativa, Cláudio Sorocaba (PL), já se manifestou sobre o caso e, na sessão ordinária da última terça-feira, afirmou que existe a possibilidade de o concurso ser cancelado.

Empresa alega erro

O Instituto Avança São Paulo informou, por meio de nota, que análises internas constataram que o profissional responsável pela disciplina de língua portuguesa entregou, por engano, as mesmas questões à duas bancas distintas. Também alegou que tem posse do conteúdo desde abril de 2022, antes da aplicação das provas do concurso no Maranhão.

A empresa também destacou que o caso não compromete às demais disciplinas e o restante das provas. “O Instituto discutirá junto à Câmara a hipótese de anulação das referidas questões e, se o caso, reaplicação das mesmas em momento oportuno”, concluiu. Apesar da breve manifestação, o prazo oficial para o pronunciamento completo do Avança São Paulo ainda corre até as 0h de hoje.

Insatisfação

Entre todo esse alvoroço, os candidatos se veem de mãos-atadas, incomodados com a incerteza que os cerca. R. relatou que nenhum documento com foto foi lhe solicitado para que ela pudesse fazer a prova. Também disse que foi criado um grupo no WhatsApp só com participantes do concurso, que também reclamaram da falta de fiscalização. O jornal teve acesso às conversas do grupo “Câmara Sorocaba 2022”, com aproximadamente 176 integrantes.

Em uma das mensagens, uma pessoa diz que não havia lista de presença no local para identificar o candidato. Outra conta relata que o número de documento que contava na lista não batia com o que foi apresentado por um concorrente. Mesmo assim, não houve nenhum impedimento por parte da organização. “O fiscal simplesmente conferiu a lista colada na parede, perguntando pelo meu nome. Inclusive, ele até marcou a candidata errada. Tive que corrigir”, denunciou um concorrente.

C. diz ter prestado concurso para dois cargos diferentes. As duas provas foram realizadas no mesmo lugar, em horários distintos. De acordo com a denunciante, as folhas de resposta foram entregues no meio da prova, atrapalhando a concentração dos candidatos. Também destacou que a fiscalização não era rigorosa como deveria e que os supervisores ficavam, na maioria do tempo, “de cabeça baixa”. Além disso, apontou uma questão de informática com respostas ambíguas, em que duas opções estavam corretas.

“Como fiz duas provas, continuei no prédio até dar o horário do segundo exame. Não nos deram orientações relacionadas a isso. Várias pessoas foram ‘expulsas’ do local pelos fiscais. Na prova para a Câmara de Sorocaba, realizada pela banca Avança São Paulo, notei muita desorganização, falta de preparo dos fiscais, pouca sinalização e identificação das salas, orientações incompletas e imprecisas. Em um momento tão importante, que demanda esforço intelectual e controle emocional do indivíduo, as situações de desorganização, falta de informação e insegurança atrapalham muito o desempenho”, pontuou.

Nas redes sociais, o caso também repercute mal. Seguidores do Cruzeiro do Sul relatam ter viajado de outra cidade até Sorocaba só para fazer o concurso público. “Nossa, e quem teve que pegar Uber para ir de Votorantim até o Éden para prestar concurso, como fica? Vão ressarcir as pessoas? Cada dia mais complicado”, desabafou uma pessoa. Outro leitor também aproveitou o momento para comentar sobre a situação. “Eu saí de Tietê para fazer a prova. Tive custos de combustível, pedágio, além da taxa de inscrição, para chegar na prova e ser essa baderna. Nunca vi um concurso tão desorganizado igual a esse”.

Diante das reclamações, a Câmara alegou que a Comissão do Concurso Público aguarda a manifestação da Avança São Paulo, e “só então estudará as medidas cabíveis, sempre buscando a lisura do processo em respeito aos candidatos e à população sorocabana”. Outras denúncias podem ser feitas pelo e-mail [email protected].

Candidatos reclamam da desorganização no concurso da Câmara - Reprodução
Candidatos reclamam da desorganização no concurso da Câmara (crédito: Reprodução)