O leite humano materno é um alimento essencial e oferece diversos benefícios para os bebês. Através dele, a criança tem um melhor desenvolvimento cognitivo e consegue combater alergias. O leite também ajuda no tratamento de problemas gastrointestinais, além de toda parte de nutrição. Porém, não são todas as mães que conseguem amamentar os bebês e muitos deles contam com a ajuda de doadoras.

Esse é o caso da Ana e da Helena. As gêmeas, filhas do casal Elisabete Cristina Ferreira Santos e Lucas Vinicius Machado Ferreira Santos, nasceram de 35 e 36 semanas. Atualmente, as crianças estão internadas na unidade de Cuidados Intermediários do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS) e recebem o leite da mãe, porém, a quantidade produzida por Elisabete não é suficiente para atingir a meta diária que as meninas precisam.

Para complementar a alimentação das gêmeas, o Banco de Leite do local fornece o alimento recebido através de doações. “Está sendo maravilhoso saber que minhas filhas estão sendo alimentadas do leite de outra mãezinha”, ressalta Elisabete Cristina. “Nós nos sentimos seguros pelo fato de ter o leite. E que as mães possam doar o leite, porque isso é essencial para as crianças nesse período, nos primeiros dias de vida”, complementa o pai, Lucas Vinicius.

Banco de leite

O Banco de Leite do Conjunto Hospitalar de Sorocaba existe desde 1985 e hoje conta com 69 doadoras. A instituição nasceu com a ajuda do Rotary Club de Sorocaba, que ficou a frente da administração até meados de 2005.

De acordo com o gerente executivo do CHS, Bruno Toldo, gerente técnico, Antonio Luiz da Silva Junior, e a coordenadora de nutrição e responsável técnica do Banco de Leite do CHS, Viviane Antonio Barbosa dos Santos, nos últimos quatro anos, com a administração da Seconci, o setor passou por diversas reformas e melhorias para atender a legislação, oferecendo toda a estrutura necessária para as mães, bebês e familiares.

Atualmente, o estoque do banco está abastecido, com 68 litros de leite, mas a equipe ressalta que a contribuição é sempre importante. “A maternidade do CHS é uma referência de alta complexidade e atendemos os 48 municípios da região. Se existe risco para a criança ou para a mãe, ela é encaminhada para cá, para que possamos resolver os casos”, explica o gerente executivo Bruno Toldo.

Postos de coleta

Para suprir essa demanda, o banco trabalha com diferentes formas de arrecadação do leite. Uma delas é através das mães que ganham os bebês no próprio hospital e podem colaborar. Há ainda postos de coleta nas Santas Casas de Sorocaba e Itu e no hospital Modelo de Sorocaba, mas também é possível realizar a doação sem sair de casa.

Para isso, é necessário entrar em contato com o Banco de Leite através do telefone (15) 3332-9405 ou do e-mail [email protected]. Assim será agendada uma visita na residência da voluntária e ela receberá as orientações. Para fazer a doação precisa estar bem de saúde, não ser fumante e nem ter feito tatuagem no último ano devido ao risco de contaminação. Após as orientações, a mulher passará por alguns exames e, se tudo estiver dentro na normalidade, ela começa a ser uma doadora de leite materno. Para realizar a coleta do leite, a mãe recebe um kit com um frasco de vidro e acessórios de higienização.

O leite deve ser guardado no congelador da casa e uma vez por semana a equipe do banco passa para retirar. Inicialmente, o alimento tem validade de 15 dias, porém, no hospital, é realizado um processo de pasteurização e, assim, o leite pode ser consumido pelos bebês por até seis meses. “Após esse processo, precisamos ver a necessidade do bebê. De acordo com a prescrição do médico ou do nutricionista, diariamente, é encaminhado um mapa para sabermos o que foi liberado de volume para cada bebê e verificamos no Banco de Leite o quanto podemos atender esses bebês”, informa a responsável técnica do Banco de Leite, Viviane dos Santos.

Sheila Michele de Souza Silva, de 34 anos, faz parte dessa rede de solidariedade. A mãe deu à luz há oito meses e há seis faz a doações. A iniciativa começou depois que recebeu orientações de uma profissional devido a grande quantidade de leite que produzia. Atualmente Sheila doa cerca de um litro e meio do alimento por semana. “A amamentação é difícil, precisamos nos doar, nos dedicarmos, é tempo, é dor, então, poder ajudar as crianças que necessitam, para mim, fortalece ainda mais a minha vontade de continuar na amamentação. A doação nos dá muita força e é muito bacana porque sabemos que estamos fazendo algo bom, ajudando o nosso filho, e outros bebezinhos que precisam”, diz.

Benefícios para a mãe

Além dos benefícios que o leite materno fornece aos bebês, o processo de amamentação ou doação do alimento também proporciona melhorias para as mães. “A mãe consegue voltar no peso mais rápido, consegue diminuir o sangramento nesse início, porque a contração faz com que o útero volte ao tamanho normal -- pois ele tem um aumento durante a gestação -- sem contar que promove interação entre mãe e filho e com a família também. São vários benefícios tanto para a mãe quanto para o bebê”, explica a profissional Viviane. (Vanessa Ferranti)