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Presidente da CRB reconhece erros e pede desculpas aos compradores

Rober Eduardo Barros também prometeu que as obras parada serão retomadas até o final de 2023

11 de Fevereiro de 2023 às 23:01
Thaís Marcolino [email protected]
Empreendimentos com entrega prevista para o ano que vem ainda não tiveram as obras iniciadas
Empreendimentos com entrega prevista para o ano que vem ainda não tiveram as obras iniciadas (Crédito: CEZAR RIBEIRO (10/2/2023))

Problemas de gestão, desequilíbrio contratual dos preços de materiais de construção, pagamento prematuro de aluguéis e os juros de mercado. Estes são alguns dos motivos apresentados pelo presidente da CRB Construtora, Rober Eduardo Barros, em entrevista ao jornal Cruzeiro do Sul neste sábado (11), para as denúncias de atrasos e abandono de obras de empreendimentos sob sua responsabilidade.

No momento, os empreendimentos em andamento ou em atraso são os edifícios Le Monde (com duas torres entregues e três em construção), Notting Hill e D.O.C. Campolim, localizados no parque Campolim, que estão com as obras atrasadas, assim como o Olga Botanique, localizado na avenida São Paulo. Já os prédios Brickell Iguatemi, também no Campolim, e o Urban House, localizado na avenida Moreira César, na região central, têm prazo de entrega para 2024, porém, nesses locais, os prédios ainda não começaram a ser erguidos.

Barros apresentou uma nova data para recomeçar os empreendimentos. “Até o final deste ano, esperamos retomar as obras paradas, e isso com a ajuda ativa da CRB”. Ele comentou que as comissões de representantes, caso decidam, têm o direito de destituir a construtora e contratar outra. “Porém, isso não significa que sairemos de cena, já que na parte financeira continuaremos com eles para resolver, isso estando a frente da construção ou não”, prometeu. As comissões citadas pelo presidente da empresa estão sendo montadas desde o ano passado, para auxiliar nas tratativas com os clientes. Apenas a do Urban House ainda deverá ser iniciada no mês de março.

Sobre os motivos listados anteriormente para a crise, Rober explicou que os materiais de construção tiveram um aumento de 27% de um ano para outro, assim como os juros do setor, que saltaram de 2% para 14%, números estes inflados durante e no pós pandemia. A questão dos aluguéis foi um erro de gestão em que não se pensou corretamente ao pagá-lo imediatamente ao invés de optar pela finalização da obra primeiro. “A questão prematura de pagamentos do aluguel foi uma questão preponderante e a questão de gestão existiu sim. Tudo isso é o que desembocou na situação atual e, por isso, estamos passando por uma reestruturação completa.”.

O presidente da CRB reafirmou ainda que, desde que os problemas começaram a surgir, foram suspensas as vendas dos empreendimentos. A empresa, segundo Rober, também congelou o pagamento das parcelas de quem já havia fechado contrato até que os empecilhos sejam resolvidos. A intenção é que as pendências sejam solucionadas com a intermediação das associações criadas para cada empreendimento.

Por conta das denúncias e reclamações feitas de forma massiva, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, passou a investigar o caso.

Desculpas

Barros alega problemas de gestão e desequilíbrio causado pelos preços dos materiais e dos juros - THAIS MARCOLINO (11/2/2023)
Barros alega problemas de gestão e desequilíbrio causado pelos preços dos materiais e dos juros (crédito: THAIS MARCOLINO (11/2/2023))

Barros reconhece a razão dos clientes que se sentem lesados e pede desculpas. “Não estou tirando a razão de ninguém, não julgo os clientes que estão descontentes conosco, porque sei que está gerando um certo desespero, uma agonia, uma ansiedade, uma tristeza, enfim, tudo isso. Então, o que eu tenho a fazer aqui é pedir desculpas a todos os clientes por todos esses transtornos. Eu não queria que tivesse acontecendo isso, mas infelizmente está acontecendo”, disse.

Entenda

Os problemas com a Construtora CRB foram intensificados em 2020, quando clientes que compraram os apartamentos sentiram um “congelamento” nas obras, apesar de algumas vítimas relatarem que fizeram a aquisição de imóveis de até R$1 milhão na planta. O portal “Reclama Aqui” registrou 47 reclamações contra a empresa.

Na manifestação mais recente no site, feita há apenas 11 dias, a pessoa informa que comprou uma unidade de um dos empreendimentos para entrega em maio de 2022, mas diz que as obras estão completamente paradas. “Não realizam o pagamento das multas contratuais e a cada hora informam uma coisa diferente. Não comprem por dinheiro nenhum porque não vale a pena”, alerta. Nessa publicação, consta que a localização do cliente é Campinas, cidade onde a construtora também tem edifícios em obras, conforme mostra o seu site.

A advogada Luciane de Freitas, especialista na área imobiliária, atua no caso desde outubro do ano passado. A profissional relata que, a princípio, foi acionada pelo empreendimento Brickell Iguatemi para uma assembleia com a CRB. Foi nesta ocasião que a maioria dos clientes passou a ter ciência de que algumas obras estariam paradas. Na reunião, a CRB teria sido questionada sobre o motivo da paralisação, mas poucas informações foram passadas.

A partir daquele momento, o grupo formado por clientes passou a ter legitimidade para olhar os contratos, verificar como estava o saldo em conta dos edifícios, para onde o dinheiro estaria sendo destinado, além de valores que os investidores pagaram pelos imóveis. Assim, através de pesquisa, os adquirentes constataram problemas nos edifícios e perceberam que essas contas estavam zeradas. Para concluir as obras de todos os empreendimentos, a estimativa é que sejam necessários R$ 500 milhões.

Por nota, Rober disse que o valor estipulado é equivocado. "Os números com cronogramas físicos e financeiros estão sendo revistos, e na verdade, há uma equalizacao destes, ou seja, o que precisa para terminar as obras versus o que existe em carteira de recebiveis mais as unidades em estoque Ou seja, no fim temos valores que se compensam, mais o montante é menor do que aquele anunciado" disse. (Thaís Marcolino, colaborou Vanessa Ferranti)

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