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Sorocaba

‘Humanização’ dos bichos acelera mercado de pets

As opções incluem de planos de saúde veterinários a petiscos, acessórios e brinquedos

05 de Outubro de 2023 às 23:01
Luis Felipe Pio [email protected]
Com faturamento de R$ 35,8 bilhões em 2021 e crescimento previsto de 10,6% neste ano, mercado oferece uma grande variedade de produtos e serviços
Com faturamento de R$ 35,8 bilhões em 2021 e crescimento previsto de 10,6% neste ano, mercado oferece uma grande variedade de produtos e serviços (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (22/9/2023))

 

É cada vez maior o número de produtos e serviços voltados aos animais de estimação. As opções incluem de planos de saúde veterinários a petiscos, acessórios e brinquedos. Só em 2021, o mercado pet faturou R$ 35,8 bilhões -- um crescimento de 5,4% em relação a 2020. A projeção da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) -- que levou em consideração os números do primeiro trimestre de 2023 -- revela que a indústria de produtos para animais de estimação deve encerrar o ano com um crescimento de 10,6% em seu faturamento. Proprietários de pet shop de Sorocaba afirmam que esse crescimento deriva da “humanização” dos bichos e do aumento do número de adoções durante a pandemia de Covid-19.

Geazi Rodrigues da Silva e sua esposa, Janete Acosta, são donos de três pet shops distribuídas por Sorocaba e contam que, durante o período de isolamento social imposto pela crise sanitária, os tutores, além de adotar, passaram a ter um cuidado diferente para com o animal, como ficar mais atento às necessidades emocionais e médicas do bicho.

Nas lojas do casal, o que as pessoas mais procuram são brinquedos que distraem o cão: aqueles que o cachorro demora mais tempo para destruir. “Muitas pessoas trabalham fora e o cãozinho fica sozinho dentro de casa e, na maioria das vezes, ele fica estressado. Então, obviamente ele vai precisar de uma distração”, acrescentou Geazi.

Cleide diz que Simba até come na mesa com a família - FÁBIO ROGÉRIO (22/9/2023)
Cleide diz que Simba até come na mesa com a família (crédito: FÁBIO ROGÉRIO (22/9/2023))

O empresário relata que muitos clientes tratam o cão como se fosse um filho de verdade. Compram até carrinho de bebê feito para cachorro, entre outros produtos, como mochila para transportar o animal. A professora de ensino infantil Cleide Sales, de 39 anos, estava com seu cachorro Simba na loja, quando contou que se considera uma “mãe de pet” e que Simba até come na mesa com a família. “Eu trato como filho. Ele dorme comigo na cama, come com a gente na mesa. A gente põe ele na cadeira e, com o petisco, a gente educa o que pode e o que não pode”, revelou.

Cuidados

A médica veterinária Lygia Maciel, de 25 anos, que atua na Associação de Proteção aos Animais de Sorocaba (Spaso), gosta da ideia de mais pessoas realmente pensarem em adotar cachorros como se fossem ter um filho humano, mas adverte que um dos principais pontos a tomar cuidado com os animais “humanizados” é a alimentação. “O animal tem hábitos alimentares muito diferentes do nosso. Hoje em dia, existem muito alimentos para cães, mas toda vez que a gente for introduzir uma alimentação nova na dieta do animal precisa tomar cuidado”, disse.

Com mais pessoas adquirindo animais de estimação, Lygia também chama a atenção para os pontos que o tutor precisa ter em mente ao adotar. “O cuidado começa antes de você adotar o animal. Antes de adotar, precisa ter certeza se o tamanho de cachorro que você quer é condizente com espaço da sua casa, se você tem tempo de cuidar desse animal, se tem condições financeiras de mantê-lo, pois não é só ração: precisa de vacina, vermífugo, medicação, caso ele fique doente, exames, tem tudo isso”, explicou.

Mercado x mão de obra

Janete contou que, somente em uma das suas lojas, cerca de 800 clientes são atendidos por mês, o que gera a venda de 2 mil produtos no mesmo período. Além disso, a unidade possui, aproximadamente, 500 clientes fixos no serviço de banho e tosa. “A procura pelo serviço é grande”, diz ela, “o problema é a falta de mão de obra”. “Só nessa PetNet estamos precisando de quatro colaboradores: atendente, entregador e funcionários para o banho e tosa ”, detalhou. “Mesmo que a gente não exija formação específica, a pessoa precisa ser proativa, ter vontade de trabalhar, vontade de aprender”, completou Geazi.

De olho na necessidade do mercado, o casal planeja montar uma escola de banho e tosa em Sorocaba. Janete disse que o foco da instituição será fazer o aperfeiçoamento do aluno, dar mentorias de banho e tosa e ensinar sobre a produção e demandas do cotidiano de uma pet shop. “Muitas escolas ensinam tosa artística, pinturas em tosa, penteado, mas o que a gente tem que entregar toda semana, que é o banho e a tosa higiênica, a escola não ensina. Então, a gente está com esse projeto para formar as pessoas para esse mercado de trabalho, que cresce cada vez mais”, concluiu. (Luís Pio - programa de estágio)

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