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Baixa adesão à vacinação contra pólio na RMS preocupa

13 de Setembro de 2024 às 22:36
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Cobertura na faixa de 1 a 4 anos é de 32,8%, de acordo com a Secretaria da Saúde
Cobertura na faixa de 1 a 4 anos é de 32,8%, de acordo com a Secretaria da Saúde (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (9/9/2024))

A baixa adesão à vacinação contra a poliomielite continua a ser uma preocupação nos principais municípios da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS). De acordo com dados da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, o índice de vacinação na região, no período de janeiro a julho de 2024, é de 85,3% nas crianças de até um ano de idade. E, na população de um a quatro anos, a cobertura é de 32,8%.

A poliomielite ou “paralisia infantil” é uma doença infecto-contagiosa aguda, causada por um vírus, de gravidade extremamente variável e que pode ocorrer sob a forma de infecção “inaparente” ou apresentar manifestações clínicas, frequentemente caracterizada por febre, mal-estar, cefaleia, distúrbios gastrointestinais e rigidez de nuca, acompanhadas ou não de paralisias.

Desde 1990, o Brasil não apresenta um caso de poliomielite. Fato que levou o País a obter da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) o certificado de erradicação do poliovírus selvagem autóctone do seu território em 1994, juntamente com os demais países da América. No entanto, como há circulação do poliovírus selvagem em alguns países do mundo, o risco de importação de casos permanece.

A poliomielite é uma doença viral que pode causar paralisia permanente e até a morte. Embora a maioria dos casos seja assintomática, cerca de 1 em cada 200 pessoas infectadas pode desenvolver paralisia, e entre essas 5% a 10% podem morrer devido à paralisia dos músculos respiratórios, segundo informações da Secretaria de Saúde do Estado.

Alerta

A resistência à vacina tem raízes variadas, desde o medo de possíveis efeitos colaterais até a desinformação disseminada nas redes sociais.

José Carlos Pereira e Maria Helena de Souza, 74 e 78 anos, conviveram com a poliomielite. Maria Helena relata que contraiu a doença aos 3 anos, antes da criação da vacina. “Foi muito difícil, minha perna esquerda nunca se recuperou completamente e isso impactou toda a minha vida”, descreve. “É doloroso saber que, com a vacina, ninguém mais precisaria passar por isso.”

José Carlos conta que contraiu a pólio aos 5 anos e também vive com sequelas. “Naquela época a gente não tinha o recurso da vacina. Ver hoje a recusa de algo que pode evitar tanto sofrimento é difícil de entender.”

O poliovírus pertencente ao gênero Enterovírus, da família Picornaviridae, composto de três sorotipos: I, II e III. Os três sorotipos do poliovírus provocam paralisia, sendo que o tipo I é isolado com maior frequência nos casos com paralisia, seguido do tipo III. O sorotipo II apresenta maior imunogenicidade (capacidade que uma vacina tem de gerar uma resposta imune), seguido pelos sorotipos I e III.

O poliovírus pode ser encontrado nas secreções faríngeas e nas fezes, respectivamente 36 e 72 horas após a infecção, tanto nos casos clínicos quanto nas formas assintomáticas. O vírus persiste na garganta durante 1 semana aproximadamente e, nas fezes, por 3 a 6 semanas, enquanto nos indivíduos reinfectados a eliminação do vírus se faz por períodos mais reduzidos.

O que dizem os profissionais?

Irineu Cesar Panzeri Contini é coordenador do curso de enfermagem na Universidade de Sorocaba (Uniso). Ele e a enfermeira estomaterapeuta Mariana Bracher ressaltaram a importância da vacina contra o poliovírus.

Segundo Contini, “cerca de 1% dos infectados pelo vírus pode desenvolver a forma paralítica da doença, que pode causar sequelas permanentes, insuficiência respiratória e, em alguns casos, levar à morte”.

De acordo com Contini e Mariana, o diagnóstico deve ser realizado sempre que houver quadro de paralisia flácida aguda com diminuição ou perda do reflexo em menores de 15 anos, através da pesquisa do vírus da pólio nas fezes. Coleta de líquor e eletroneuromiografia são exames importantes. O tratamento é realizado de acordo com os sintomas atuais do paciente e não existe tratamento específico.

“A poliomielite não tem cura e se trata de uma doença prevenível por meio de imunização, a vacinação, podendo ser controlada pela completa adesão ao esquema vacinal”, enfatiza Mariana.

Os especialistas recomendam que a imunização contra a poliomielite deve ser iniciada a partir dos 2 meses de vida, com mais duas doses aos 4 e 6 meses, além dos reforços entre 15 e 18 meses e aos 5 anos de idade. “A vacinação é a única forma de prevenção da poliomielite”, reforçam. (João Frizo
programa de estágio)

 

 

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