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Seca aumenta casos de doenças respiratórias entre as crianças

19 de Setembro de 2024 às 22:00
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Número de atendimentos na rede pública aumentou de 7,4 mil em julho para 8,4 mil em agosto
Número de atendimentos na rede pública aumentou de 7,4 mil em julho para 8,4 mil em agosto (Crédito: ARQUIVO / JCS)


A combinação do calor com baixos níveis de umidade do ar desencadeia muitas doenças respiratórias, principalmente em crianças e em idosos. Somente no mês de agosto, a rede pública municipal realizou mais de 8,5 mil atendimentos pediátricos - cerca de 1,1 mil a mais em comparação a julho, quando ocorreram 7,4 mil casos. Em setembro, até nesta terça-feira (17), 2,8 mil crianças passaram em consulta médica.

O mesmo cenário é sentido em hospitais particulares de Sorocaba. Na Unimed, segundo a pediatra Mariana Maciel de Lima, especialista em alergologia e imunologia, aconteceu um aumento de 15% no atendimento de emergência pediátrica em agosto. Já em relação às internações devido às doenças respiratórias, o número subiu 27% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Os casos mais frequentes são: asma, broncopneumonia e bronquiolite.

“O clima seco diminui a hidratação da mucosa da via aérea, na verdade, do organismo todo, mas isso acaba acentuando principalmente as doenças alérgicas, como rinite, sinusite e bronquite”, explica a pediatra. “Neste período, a tosse fica mais forte, a secreção mais espessa. Se para o adulto lidar com um nariz trancado já é complicado, imagina para os pequenos? Eles sofrem bastante”.

As patologias citadas por Mariana afetam, principalmente, os órgãos do sistema respiratório, como a boca, nariz, laringe, faringe, traqueia e pulmão. De acordo com a profissional, a faixa etária mais afetada são as crianças lactentes, de até 2 anos, e pré-escolares, entre os 4 e 5 anos.

“E além da baixa umidade do ar, há uma oscilação de temperatura muito grande. Durante o dia está 20ºC, de tarde sobe para 30ºC ou mais, e à noite a mínima é de 16ºC”, pontua Mariana. “Para as crianças, que têm o sistema imunológico ainda em desenvolvimento, essa circunstância favorece quadros de resfriado e infecções respiratórias”.

 

Orientação aos pais

Neste cenário de tempo seco e oscilações climáticas, alguns cuidados são essenciais para a saúde da criançada. O principal, citado com muita ênfase por Mariana Maciel de Lima, é a hidratação.

“Nós precisamos lembrar que as crianças, muitas vezes não buscam pela água, algumas, inclusive, possuem até resistência ao líquido. Portanto, cabe aos pais sempre oferecer”, destaca a pediatra. “Além disso, é importante ter cuidado com outras bebidas, às vezes os pequenos tomam muito suco, muito alimento adoçado, que também não é o ideal. Para manter a hidratação é crucial a água”.

A escolha das atividades físicas também é muito importante. Nestas circunstâncias, Mariana recomenda a natação e que, durante a tarde no período mais quente, evitem exercícios ao ar livre, como futebol e bicicleta. “Na semana passada, chegamos a uma umidade pior que deserto, então essas precauções são fundamentais. Inclusive, até mesmo o lugar onde o esporte será praticado, prefira sempre ambientes arborizados”, reforça.

Os umidificadores ganharam destaque neste inverno. Por mais que o objeto seja um grande aliado contra o tempo seco, a sua manutenção é necessária. Desta forma, a recomendação é sempre trocar a água, ainda que tenha restado um pouco do líquido, uma vez que pode acumular bactérias e proliferar fungos no cômodo.

Para as crianças que já possuem um quadro de infecção respiratória é imprescindível não interromper os medicamentos. “É muito comum na emergência recebermos crianças com histórico de abandono de tratamento, sem que tenham recebido alta, propriamente dito, do médico. Caso os responsáveis estejam inseguros com o uso da medicação, procurem uma segunda opinião com outro médico, não com a vizinha ou com o Google”, frisa Mariana.

 

Quando procurar ajuda

É comum que a baixa umidade do ar provoque alguns sintomas, como a tosse. No entanto, a pediatra explica que, em algumas situações, a reação é normal do organismo, para limpar as vias aéreas. Já em outras, quando o reflexo vem acompanhado de secreção ou de um desconforto respiratório, é importante procurar atendimento médico.

“Outro sinal é quando a tosse vem acompanhada de febre. Quando há o estado febril, muitos falam que é preciso esperar dois dias, mas não é necessariamente assim”, explica Mariana. “No caso dos bebês, um conselho é observar a respiração, aquela barriguinha sobe e desce, se faz um esforço respiratório muito grande. Nesta hipótese, se os responsáveis perceberem que aparece uma musculação para a respiração acontecer, significa que o quadro está grave”.

De qualquer forma, a pediatra ainda ressalta a importância de procurar a avaliação médica em caso de dúvidas. “Se não sabe se é um nariz trancado ou um cansaço respiratório, o melhor é procurar ajuda médica”, finaliza. (Beatriz Falcão)

 

 

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