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Decisão Judicial

Justiça manda Prefeitura de Sorocaba colocar auxiliar de educação em creches

Decisão ocorre em função de ação do MP após caso de prisão de menino em uma ‘jaula’ em 2023

24 de Setembro de 2024 às 22:22
Vinicius Camargo [email protected]
No ano passado, o Ministério Público se reuniu com o Executivo, a fim de encontrar uma solução para a falta de professores na educação infantil
No ano passado, o Ministério Público se reuniu com o Executivo, a fim de encontrar uma solução para a falta de professores na educação infantil (Crédito: CORTESIA)


A Justiça determinou que a Prefeitura de Sorocaba coloque em todas as salas de aula das creches municipais pelo menos um professor em período integral. A determinação deverá ser cumprida a partir do primeiro dia letivo de 2025. A liminar foi expedida pelo juiz Alexandre de Mello Guerra no dia 19 de setembro. A decisão acata pedido do Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP). O órgão ajuizou ação civil pública para obrigar o Executivo a adotar essa medida após um aluno de 2 anos ter sido trancado em uma espécie de “jaula”, em 2023.

De acordo com a liminar, os professores terão de ser habilitados e possuir formação técnica adequada para trabalhar com crianças. Eles precisarão ficar nas classes durante o dia todo. Outros profissionais também poderão acompanhar os alunos nas atividades educacionais e pedagógicas, mas jamais deverão substituir os docentes. Em caso de descumprimento da decisão, a Prefeitura receberá multa diária de R$ 50 mil, limitada a R$ 500 mil.

Procurada pela reportagem, a Prefeitura informou ter sido intimada ontem (24) sobre a decisão judicial e que analisa o caso quanto ao seu conteúdo e extensão. Em relação à auxiliar de educação, as medidas administrativas cabíveis, segundo o governo municipal, estão sendo adotadas, respeitando-se o sigilo legal.

A ação

Cristina Palma, promotora da Infância e Juventude, propôs a ação no dia 24 de agosto. No documento, ela argumenta que, quando a criança foi presa na “jaula”, não havia ninguém da direção nem da coordenação da escola onde o caso ocorreu.

No ano passado, o Ministério Público se reuniu com o Executivo, a fim de encontrar uma solução para a falta de professores na educação infantil. De acordo com a promotora, o órgão tentou firmar acordo com a Secretaria da Educação (Sedu) para garantir a presença, em tempo integral, desses profissionais em todas as creches. Ela diz que, à época, a então secretária da Educação, Marlene Leite, se dispôs a cumprir a determinação. Porém, ao assumir a pasta, o atual titular, Clayton Lustosa, teria afirmado não ser possível adotar a medida por falta de recursos. Com isso, ele optou por manter os docentes apenas durante meio período nas salas de aula.

Para Cristina, a ausência de educador viola direitos e prejudica o desenvolvimento das crianças. “(...) Não se pode renunciar à presença educacional na creche, sob pena de ocorrência de métodos totalmente inadequados de correção, como o aqui ocorrido, além da ausência de qualquer atividade pedagógica durante metade do período que as crianças ficam na escola, já que as atividades pedagógicas devem ser planejadas e adequadas para cada idade e fase do desenvolvimento infantil, durante todo o momento do período escolar.”

Ainda, conforme a representante do MP, os auxiliares de classe não suprem o trabalho do professor, pois eles não têm a função de ensinar. Segundo ela, essa capacidade sequer é exigida nos concursos públicos para a função.

O caso

Em maio de 2023, uma auxiliar de educação trancou um aluno do Centro de Educação Infantil (CEI) 07 - Francisca Moura Pereira da Silva, no Jardim Santa Rosália, dentro de uma “jaula”. O garoto teria sido deixado no local como forma de castigo. Após ouvir o choro da criança, uma vizinha foi até a unidade de ensino e flagrou a situação. Ela filmou as cenas. Nas imagens, o menino chora e chama pela mãe.

A família dele registrou boletim de ocorrência por maus-tratos na Polícia Civil. A Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) concluiu as investigações em julho do ano passado e indiciou a mulher pelo crime de submissão a vexame e/ou a constrangimento. A Corregedoria Geral do Município (CGM) também abriu sindicância para averiguar o caso. A servidora pública foi afastada logo após o episódio. (Vinicius Camargo)

 

 

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