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Radiofármacos

Finep assina convênio com Aramar para a produção de fármacos

Parceria de R$ 280 milhões permitirá a construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB)

07 de Outubro de 2024 às 22:00
Cruzeiro do Sul [email protected]
O RMB não será o primeiro reator de pesquisa da América Latina, mas destaca-se pela sua importância estratégica e científica
O RMB não será o primeiro reator de pesquisa da América Latina, mas destaca-se pela sua importância estratégica e científica (Crédito: DIVULGAÇÃO)

O presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Celso Pansera, assinou no dia 26 de setembro um convênio que destina R$ 280 milhões, oriundos de recursos não reembolsáveis do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), para a construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB). O projeto, que totaliza cerca de R$ 306 milhões, será implementado na cidade de Iperó, no interior do Estado de São Paulo, e está previsto para ser concluído em um período de seis a sete anos. A obra é coordenada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e financiada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Projetado para ser o principal centro de pesquisas nucleares do Brasil, o RMB terá diversas finalidades, como a produção de radioisótopos para uso na medicina nuclear, testes de combustíveis para reatores de propulsão naval e geração de energia elétrica, além de pesquisas científicas utilizando feixes de nêutrons. A implantação do reator é um avanço significativo para a área da saúde, permitindo uma maior produção de radiofármacos, medicamentos fundamentais para o diagnóstico e tratamento de doenças, principalmente o câncer.

“Com a instalação do Reator Multipropósito Brasileiro, a saúde só tem a ganhar, em especial os usuários do sistema Único de Saúde - SUS que correspondem a apenas 30% da utilização nacional desses tipos de procedimentos. Essa tecnologia está presente em diversas áreas médicas como a cardiologia, oncologia, hematologia e a neurologia. Com ela, é possível realizar diagnósticos precisos de doenças e complicações como embolia pulmonar, infecções agudas, infarto do miocárdio, obstruções renais, demências. É uma das melhores e mais eficientes maneiras de detectar o câncer, pois define o tipo e extensão de um tumor no organismo, o que ajuda na decisão sobre qual o tratamento mais adequado para cada caso”, ressalta a coordenadora técnica do projeto, Patrícia Pagetti.

Os principais laboratórios associados são: laboratório de processamento e manuseio de radioisótopos; de feixe de nêutrons; de análise pós-radiação; de radioquímica e análise por ativação, além de instalações de suporte para pesquisadores. “O Empreendimento RMB, da forma concebida, será o catalisador para um grande centro de pesquisa nacional de aplicação de radiações para benefícios da sociedade”, contou Patrícia.

Segundo a Secretaria de Comunicação do Governo Federal, a população da região terá inúmeros benefícios, pois um “empreendimento desse porte atrai novas empresas e indústrias, tanto na fase de construção como na futura fase de operações de suas instalações. O importante é que o reator gere empregos para todos os níveis de formação e qualificação, de modo a incrementar a atividade econômica local”, informou o governo, em nota.

Além disso, o RMB deverá promover mais investimento nas áreas de saúde e educação, atraindo hospitais, clínicas médicas, e também “facilitar o surgimento de novos cursos e universidades, despertando o interesse de estudantes e pesquisadores brasileiros e estrangeiros”, noticiou.

O Empreendimento RMB será instalado em uma área de propriedade da CNEN e do Ipen de mais de 2 milhões de m² no município de Iperó, vizinha ao Centro Industrial e Nuclear (Cina) de Aramar. Desta área, 1,2 milhão de m² foi cedido pela Marinha do Brasil e 840 mil m² foram desapropriados pelo Governo do Estado de São Paulo. As instalações que serão construídas no sítio do RMB terão suas operações e atividades sob responsabilidade da CNEN, que é uma autarquia federal vinculada ao MCTI.

O RMB não será o primeiro reator de pesquisa da América Latina, mas destaca-se pela sua importância estratégica e científica. O Brasil já possui quatro reatores de pesquisa em operação, porém “nenhum destes possui a capacidade de utilização que o RMB possuirá do ponto de vista das aplicações mais importantes da tecnologia nuclear”, conclui Pagetti. (João Frizo - programa de estágio)