Energia solar
Em 10 meses, Sorocaba registra mais 5.604 painéis solares
Em relação ao ano de 2022, o aumento foi de 49%, enquanto num comparativo com 2023 foi de 21%
O setor de energia solar no Brasil alcançou marcos expressivos em 2024, com impactos que vão além da sustentabilidade ambiental, incluindo benefícios econômicos e competitividade para pequenos negócios.
Segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), a capacidade instalada de energia solar no Brasil atingiu 48 gigawatts (gW) em outubro de 2024. A cidade de Sorocaba registrou neste ano 5.604 painéis instalados, em casas ou terrenos. Esse número representa a Geração Distribuída (GD), ou seja, esses painéis produzem energia fotovoltaica que abastecem as próprias residências. Esses sistemas abastecem 6.309 (UCs) - Unidades Consumidoras que Recebem Créditos - na cidade como a CPFL. A potência instalada e registrada até outubro de 2024, em Sorocaba, é de 43 megawatts (mW).
Numa comparação houve um crescimento em relação às potências instaladas na cidade. O ano de 2022 registrou 22 megawatts, aumento de 49% com o ano de 2024. Já o ano de 2023, apresentou um grande salto, 34 mW, aumento de 21% em relação a este ano.
A quantidade de Geração Distribuída (GD) também foi maior. Em 2022, foram registrados 2.854 GDs. No ano seguinte, um aumento de 1.454 painéis, totalizando 4.308. Até chegar ao número atual de 5.604.
Essa expansão já evitou a emissão de mais de 582 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), no Brasil, e gerou investimentos superiores a R$ 220,8 bilhões. Além disso, o setor proporcionou mais de 14 milhões de empregos verdes desde 2012 e arrecadou mais de R$ 681 bilhões para os cofres públicos.
Pequenos negócios em São Paulo aderem à energia solar por cotas
Em meio ao aumento nas tarifas de energia, os pequenos empresários do Estado estão se voltando para a energia solar compartilhada como uma solução viável para reduzir custos. Um levantamento feito pela empresa Sun Mobi indicou um crescimento de 30% na adesão à energia solar por cotas no Estado de São Paulo em setembro de 2024, em comparação com o mês anterior. Esse aumento foi impulsionado por mais de 14 mil novas unidades consumidoras, predominantemente do setor de comércio e serviços.
De acordo com a empresa, que atua no modelo de energia solar por assinatura “esse movimento é parte de uma tendência global que alia a economia à sustentabilidade, permitindo que as empresas se integrem à agenda ESG (ambiental, social e governança) sem a necessidade de grandes investimentos.”
O papel da energia solar na crise climática
O avanço da energia solar no Brasil tem sido fundamental em momentos de crise hídrica, como a enfrentada recentemente, que resultou no aumento do uso de termelétricas emergenciais. Especialistas do setor destacam que, sem as fontes renováveis como solar, eólica, biogás e biomassa, o custo da energia seria ainda maior e o impacto ambiental mais severo.
Rodrigo Sauaia, CEO da Absolar, ressalta que ampliar a diversificação da matriz elétrica brasileira é essencial para garantir a segurança energética e reduzir a dependência de fontes fósseis durante períodos de seca.
“Essas iniciativas e resultados consolidam o papel da energia solar como peça-chave tanto na preservação ambiental quanto no fortalecimento da competitividade econômica do país”, diz Rodrigo.
Usinas solares na região
Na Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), municípios como Araçoiaba e Porto Feliz também têm visto o avanço da energia solar com usinas fotovoltaicas da Sun Mobi. Estas usinas são conectadas ao sistema de distribuição de grandes operadoras como CPFL e Enel, fornecendo energia para pequenos negócios e residências em regime de geração compartilhada. O serviço tem atraído uma quantidade significativa de consumidores, oferecendo uma alternativa ao sistema tradicional sem necessidade de instalação de painéis nas propriedades
Empresas e residências que adotam o sistema “Smart Grid” podem injetar o excedente de energia produzido durante o dia na rede elétrica, gerando créditos que são descontados na conta de luz, reduzindo o impacto das bandeiras tarifárias. Esse mecanismo tem atraído diversos consumidores, que enxergam na energia solar uma forma de economizar e contribuir para a sustentabilidade.
Experiências
A instalação de painéis fotovoltaicos tem se mostrado um investimento altamente vantajoso tanto para residências quanto para empresas. Além da economia nas contas de luz, há também a valorização do imóvel e a possibilidade de contribuição para uma matriz energética mais limpa. O Retorno Sobre o Investimento (ROI) geralmente se dá em torno de cinco a sete anos, dependendo do tamanho do sistema e do consumo.
Conversamos com dois moradores de Sorocaba que instalaram painéis solares em suas residências. O empresário Danilo Ismirim Milano, que há dois anos instalou um sistema fotovoltaico, com oito placas grandes de energia solar, com um investimento de R$ 25 mil, conta que “não tem comparação. Hoje só pagamos a taxa mínima de energia da CPFL”. Atualmente, Danilo possui três aparelhos de ar-condicionado e consegue deixá-los ligados 24 horas. “Não fazemos isso, mas funciona”, brinca o empresário. “E mesmo com o ar ligado a noite toda não percebemos nenhum aumento na conta de energia. Além disso, geramos energia extra, que enviamos para outras casas e chácaras, o que nos permite pagar apenas a taxa mínima nesses lugares”, conta Danilo.
Vagner de Jesus Paulino é encarregado de produção e reforça os benefícios da energia fotovoltaica: “O benefício principal já de cara é a economia financeira. O preço da energia que eu pagava em média era R$ 250 a R$ 300, hoje eu pago R$ 35,00 mês. Minha conta de energia caiu para R$ 35,00 por mês. Eu não pago nada além disso”.
O investimento que Vagner fez foi de R$ 16 mil em 7 placas grandes de energia solar. Ele conta “que em 5 anos é como se esses 16 mil retornassem, e em 5 anos o sistema se paga. Depois de 5 anos é o que costumamos dizer que você passa a lucrar com o sistema”.
Outro benefício que Vagner costuma citar é sobre usar a energia sem aquele “peso na consciência”. “Hoje eu saio de casa, deixo as luzes acesas, demoro no banho, uso o ar-condicionado sem o peso na consciência, o que eu estou consumindo eu estou gerando”, diz Paulino. (João Frizo - programa de estágio)