JARDIM MARIA DO CARMO
Atraso nas obras de contenção gera reclamações
Serviço começou em fevereiro de 2023 e já deveria ter sido concluído; Saae garante entrega em 2025
Moradores do Jardim Maria do Carmo, bairro ao lado do Parque das Águas, zona norte de Sorocaba, que sofreram com alagamentos na quinta-feira (7), reclamam da demora na conclusão das obras do Reservatório de Detenção de Cheias (RDC). Iniciada em fevereiro de 2023, o serviço deveria estar pronto em até nove meses, mas segue com atraso.
Presidente da Associação de Amigos do Parque das Águas, Cristina Dalva de Oliveira Elias é uma das vítimas dos transtornos causados pelos alagamentos. Em janeiro, ela teve prejuízos de cerca de R$ 20 mil, o que resultou no fechamento de sua oficina de manutenção de portões automáticos.
Cristina hoje mora, com a família, na parte superior do sobrado. Na chuva de quinta-feira, alega que perdeu um colchão que estava na parte de baixo da casa. “Em janeiro a água chegou a dois metros de altura e tivemos de sair de barco”, lembra. “Na quinta, a situação foi quase igual. É revoltante. Estamos há anos lutando por soluções, sempre recebendo as mesmas promessas e nada é feito.”
Ainda conforme ela — que mora há 30 anos no bairro —, as inundações estão cada vez piores e a obra do RDC, que poderia ter resolvido parte do problema, segue atrasada, sem nenhuma explicação.
Quem também mora no Jardim Maria do Carmo é o empresário Francisco Ferraz. Ele diz que desde o início da construção do RDC já enfrentou oito enchentes, sendo cinco apenas em 2023 e três neste ano.
Diz ainda que o projeto inicial previa a instalação de três bombas, semelhantes as existentes no Jardim Abaeté, mas que o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) comunicou que as bombas não serão instaladas este ano e, possivelmente, só até o fim de 2025. “É muito triste. Imagine como será durante o período das chuvas, em janeiro. Esperamos o pior”, afirma.
Bombas avulsas
Como forma de minimizar os problemas, foram instaladas bombas avulsas para escoar as águas do RDC. No entanto, os equipamentos não teriam capacidade suficiente para evitar o acúmulo de água na região.
Além disso, Francisco aponta que a barreira construída para proteger o Jardim Maria do Carmo é baixa e insuficiente para conter o volume de água, uma preocupação levantada em reuniões, mas que segue sem solução. “Toda vez que chove eu preciso tirar o carro da garagem para evitar mais prejuízo”, lamenta.
A obra do RDC foi projetada para proteger a região contra os alagamentos, criando um sistema de contenção e bombeamento da água das chuvas para o rio Sorocaba.
Com um dique de contenção, redes de bombeamento e um reservatório com capacidade para armazenar 9,6 mil metros cúbicos de água, o RDC deveria garantir a segurança dos moradores do bairro. No entanto, apesar do início em 2023, o projeto não foi finalizado dentro do prazo estipulado.
Para os moradores a situação é insustentável. “Não podemos mais esperar. A obra precisa ser concluída o quanto antes. Estamos vivendo uma situação de risco constante e não podemos continuar assim”, reclama Cristina. (Fernanda Marques)
Término fica para o ano que vem
Por meio de nota, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Sorocaba informa que as obras de construção do Reservatório de Detenção de Cheias (RDC) no Jardim Maria do Carmo prosseguem.
A autarquia explica ainda que o RDC está sendo construído em área pública de 12 mil metros quadrados, junto às ruas João Gabriel Mendes e Ingracia Angrisani Gomes.
Conforme o Saae, o reservatório tem cerca de um metro e meio de profundidade e capacidade para armazenar 9,6 mil metros cúbicos de água, assim como um sistema para bombear a água. O dique construído no local também será ampliado.
A previsão é que a obra toda, inclusive reurbanização do local, seja finalizada ao longo de 2025, acrescenta a autarquia. O Cruzeiro do Sul, inclusive, questionou os motivos do atraso, mas não obteve resposta.
Mesmo estando ainda em obras, o RDC Maria do Carmo tem surtido resultado, amortizando o volume de chuvas, a fim de minimizar impacto de alagamentos, garante o Saae.
O RDC Jardim Maria do Carmo vai operar de forma semelhante ao RDC Abaeté. O Parque das Águas todo, aliás, funciona como uma grande bacia de contenção, em períodos de chuvas intensas, armazenando a água que transborda do rio Sorocaba, assim como aquela que extravasa do RDC, de forma a preservar moradias da região. (F.M.)