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Tendência de queda

Sorocaba apresenta baixa nos registros de casamentos

As uniões civis não estão mais entre as prioridades dos casais

07 de Dezembro de 2024 às 21:30
Cruzeiro do Sul [email protected]
Em 2021, as idades mais comuns ficavam entre 20 e 24 anos; já nas pesquisas seguintes, as idades passaram a ficar entre 25 e 29 anos
Em 2021, as idades mais comuns ficavam entre 20 e 24 anos; já nas pesquisas seguintes, as idades passaram a ficar entre 25 e 29 anos (Crédito: Divulgação)

Um grande passo na vida de um casal é o casamento. Porém, a oficialização dessas uniões está em queda nos últimos anos. Alguns fatores podem ter influenciado nisso, como o aumento no custo de vida, a priorização de viagens, estudos e a realização profissional.

Segundo os dados divulgados pelo Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), os casamentos civis em Sorocaba vêm decaindo desde 2016, quando a cidade registrou o maior índice desde o começo do milênio, totalizando 5.710 uniões no ano. No auge da pandemia de Covid-19, em 2020, os números despencaram devido ao lockdown, chegando a 3.846 casamentos, uma queda de aproximadamente 32% entre 2017 e 2020. Após a liberação da quarentena, os números voltaram a subir, registrando o aumento de 22%, com 4.359 uniões em 2021 e 4.706 em 2022.

Em entrevista para o jornal Cruzeiro do Sul, a psicóloga Thalita Cattani esclarece que essa baixa nos casamentos pode estar relacionada a alguns fatores que já estavam em crescimento antes mesmo da pandemia, como a forte presença das mulheres no mercado de trabalho, a preocupação com a carreira, o desejo de viver mais experiências, como viajar e concluir cursos e formações antes de se casar. “Podemos incluir também as redes sociais e os aplicativos de namoro, que podem contribuir para mais oportunidades de relações, mas muitas vezes mais superficiais”, enfatiza Thalita.

Ainda de acordo com os dados coletados pelo Seade, é possível perceber que, a faixa etária das noivas sorocabanas tem aumentado. Em 2021, as idades mais comuns ficavam entre 20 e 24 anos; já nas pesquisas seguintes, as idades passaram a ficar entre 25 e 29 anos. Esta mesma faixa etária se mantém para os homens de Sorocaba desde 2021, quando foram registrados 975 casamentos, e se manteve até o último levantamento, em 2023. “Além da formação e da carreira profissional se tornarem prioridades, podemos também considerar o aumento do custo de vida, que adia a ‘emancipação social’ de homens e mulheres que esperam um momento ideal para sair da casa dos pais e se tornarem independentes”, comenta a psicóloga.

Custos influenciam

Com a espera de melhores condições financeiras, também vêm as preocupações com os custos. Este ano, o valor para as oficializações no cartório variou de R$ 125,60 até R$ 1.816,00. Contudo, os casos mais comuns, como o casamento no próprio cartório, a conversão da união estável e o religioso com efeito civil, têm o valor de R$ 560,00. Os casais podem ter isenção da taxa com a declaração de hipossuficiência, oferecida pelos órgãos oficiais para aqueles que comprovem não ter condições financeiras para arcar com os valores exigidos. Anualmente, esses valores são reajustados.

Isso aconteceu com o casal Letícia e Rodrigo Barbe, que, desde o início do relacionamento, em 2014, tinham como meta casar apenas quando os dois tivessem realizado as conquistas pessoais e profissionais. Segundo Letícia, eles não queriam oficializar a união antes de conquistar a casa própria, estabilização financeira e sucesso profissional. Em setembro deste ano, dez anos após o início do relacionamento, puderam realizar o sonho do matrimônio. “Quando pensamos em casar, colocamos um tempo limite, entre 26 e 27 anos, e foi engraçado, já que nossa festa aconteceu exatamente 5 dias antes do aniversário de 28 anos dele”, brinca. Ela ainda diz que não quebraram a promessa, indo morar juntos apenas quando o casamento já havia sido oficialmente registrado. “Realmente está sendo um processo, estamos há 2 meses na mesma casa, e descobrindo tudo junto”, comenta Letícia.

Tendências de mercado

Além dos casamentos civis, o ramo dos eventos sofre com as mudanças. Os mini e micro weddings, que consistem em celebrações com até 30 pessoas, estão tomando o espaço das tradicionais festas de antigamente, que contavam com muitos convidados e pouca personalização. Hoje, existem inúmeras possibilidades para que cada casal tenha seu momento único. Desde um espaço para almoço especial após a união civil, até festas luxuosas com centenas de convidados, o mercado tenta se adaptar a esses extremos.

Segundo a cerimonialista Silvana Queiroz, os fornecedores já estão se adaptando a essas mudanças, porém, não suprem todas as necessidades do ramo. “Em sua maioria, as festas carregam a personalidade dos noivos, e é nisso que o mercado está começando a se encaixar. Porém, enquanto tenho 20% de noivas que preferem o tradicional e 80% que querem essa personalização, o mercado me oferece apenas metade dos fornecedores com produtos que trazem essa singularidade para cada casal”, esclarece.

Além da mudança no tamanho das festas, uma das tendências mais requisitadas pelos noivos são as experiências imersivas dentro das festividades. Mãos misteriosas que servem seus convidados, menus diferenciados, cartas feitas à mão são alguns exemplos das experiências solicitadas. “O cliente e os convidados, quando chegam, acham o máximo, pois estão vivendo essa experiência de fazer parte da festa, para além de ser apenas um convidado”, diz Silvana. (Ana Sentelhas - Programa de Estágio)

 

 

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