Segurança Pública
Comerciantes pedem mais segurança no Centro
Encontro do Conseg discutiu problemas que são frequentes na região, principalmente furtos e roubos
O reforço no policiamento na região central de Sorocaba foi o principal pedido feito por moradores e comerciantes na reunião do Conselho de Segurança Comunitária (Conseg) Centro. O encontro ocorreu ontem (11) na sede do Sindicato do Comércio Varejista de Sorocaba (Sincomercio). Representantes da Guarda Civil Municipal (GCM) e da Polícia Militar disseram desenvolver ações de segurança em todas as áreas da cidade. Porém, apontaram falta de efetivo para intensificar os trabalhos.
Participaram das discussões o presidente do Conseg Centro, Hamilton Ferreira da Silva; o capitão da PM e comandante da 3ª Companhia, Júlio César Aranha; o subcomandante da GCM, Regis Alonso; o guarda civil da 1ª classe, Silvio Wagner; Ana Carolina Pereira da Costa, da Ouvidoria Geral do Município; e Vinícius Marques, secretário do Sincomercio. Eles responderam a questionamentos, observações e demandas dos cerca de 15 participantes.
Todas as pessoas que se manifestaram cobraram mais policiamento nas ruas da região central, para diminuir os frequentes roubos e furtos. De acordo com os reclamantes, a maioria dos crimes é cometida por pessoas em situação de rua. Por isso, eles também pediram à administração municipal uma melhor fiscalização das condutas desse público.
Fernanda Lopes é relações públicas de uma escola de idiomas com duas unidades no Centro, localizadas nas ruas Cesário Mota e Antônio Soares. Ela relata que, mesmo com a instalação de recursos de segurança, ambas são alvos constantes de furto.
Segundo Fernanda, no prédio da rua Antônio Soares, a situação é pior, pois a fiação elétrica chegou a ser levada duas vezes no mesmo dia. Outro problema é a insegurança causada pela presença de pessoas em situação de rua nas proximidades da escola. “É a unidade em que atendemos crianças a partir de 4 anos e isso está assustando muito os pais”, diz. No último domingo (8), criminosos invadiram a unidade da Cesário Mota, levando um tablet e um celular. O prejuízo foi de cerca de R$ 6 mil. Considerando os casos anteriores, o prejuízo sobe para cerca de R$ 30 mil.
Devido à situação, o centro educacional pode até mesmo ficar sem o auxílio financeiro recebido do governo americano. A verba é usada na compra de equipamentos eletrônicos e insumos para as aulas. “Como é uma região muito insegura e tem o risco da perda de tanto patrimônio, podemos não receber mais esses valores”, explica a relações públicas da escola de idiomas.
Ferros-velhos
Mesmo com a proteção reforçada e os vários boletins de ocorrência registrados, a clínica onde atende a psiquiatra Sara Laham Sonetti, na rua Capitão José Dias, foi furtada aproximadamente cinco vezes em dois anos. Os criminosos miram fios, hidrômetros e outros itens de metal, como números dos imóveis. “Na última vez, houve um grande prejuízo; só a fiação foi R$ 5 mil, fora os profissionais que ficaram dois dias sem trabalhar”, conta.
Ainda conforme a médica, na terça-feira (10) quase houve mais um caso. Ela relata que um homem, aparentemente em situação de rua, entrou no local pelos fundos. Ao ser flagrado por um funcionário, ele fingiu estar buscando informações. “Na sequência, recebemos um vídeo de que ele assaltou outro comércio, roubou o dinheiro do caixa.”
Para Sara, os ladrões focam em artigos de metal para revendê-los. Por isso, além do fortalecimento das rondas, ele defende o aumento da fiscalização em ferros-velhos.
Patrulhamento de bicicleta
Irineu Leite, proprietário de uma loja de acessórios na rua Benedito Pires, pede a volta do patrulhamento de bicicleta da Polícia Militar. Ele também cobra a permanência dos agentes durante a maior parte do dia no Centro. Na visão do empresário, essa é uma medida essencial para o combate à criminalidade. “Quando a polícia está presente, os bandidos vão para outro lado. Eles não vão ficar onde o policiamento está.”
Outra preocupação de Leite é quanto ao grande número de moradores de rua na praça Coronel Fernando Prestes. “Eles entram nas lojas alcoolizados e os clientes acabam não vindo”, observa.
Cansados dos crimes frequentes, moradores do Jardim Faculdade estudam se unir e instalar câmeras de segurança nas 11 ruas do bairro. A informação é de um residente que preferiu não se identificar. “Tem furtos ali na região 24 horas, não tem hora para acontecer”, afirmou. Segundo ele, apesar desse cenário, o policiamento é fraco nessa região.
Aumento do policiamento na
área esbarra na falta de efetivo
O capitão da Polícia Militar e comandante da 3ª Companhia, Júlio César Aranha, afirmou na reunião do Conseg Centro que há patrulhamento preventivo e ostensivo constante. Segundo ele, esse serviço pode ser intensificado nas áreas com mais ocorrências, mas a polícia precisa ser comunicada da situação. Por isso é importante, segundo ele, registrar boletim de ocorrência e participar do programa Vizinhança Solidária. Nessa iniciativa, agentes se juntam a moradores em grupos de WhatsApp nos quais são enviadas denúncias.
Aranha detalha que, semanalmente, a PM se reúne e analisa os dados. A partir dessa avaliação, são definidas ações para reforçar a segurança e coibir a criminalidade nos locais mais críticos.
Em relação à patrulha de bicicleta, o policial diz que já houve estudo para a retomada. No entanto, pela falta de efetivo, essa iniciativa torna-se inviável no momento. De acordo com ele, a cidade se expandiu e a população aumentou, mas a quantidade de agentes não acompanhou esse crescimento. “Eu entrei na PM em 1997 e tinha 90 mil policiais no Estado inteiro; em 2024 tem 87 mil. Ou seja, reduziu”, cita. “Temos uma lacuna de 30% entre o efetivo que temos e o que deveríamos ter.”
Outro entrave apontado por Aranha é o fato de policiais precisarem realizar trabalhos que não necessariamente são de sua alçada, como guarda de presos e outras. Esse ponto, conforme ele, afeta principalmente as rondas preventivas. “80% das ocorrências atendidas pela PM não são criminais; são questões de barulho, acidente de trânsito. Isso acaba desvirtuando um pouco esse patrulhamento.” Para resolver essa defasagem, está prevista a inauguração de um segundo batalhão na cidade em 2025.
O subcomandante Regis Alonso, da Guarda Civil Municipal, enfrenta o mesmo impasse. “O maior problema hoje é que tem viatura parada, tem arma, mas falta efetivo”. Esse cenário, diz ele, deve ser atenuado com a chegada de mais 100 agentes em 2025 e de pelo menos outros 300 nos próximos anos.
Sobre as fiscalizações em ferros-velhos, Alonso informa que foram realizadas 153 operações neste ano, até agora. Contudo, as ações esbarram em um aspecto. “A dificuldade é pegar ele (ferro-velho) funcionando e com algum produto ilícito lá dentro, para ser lacrado”, comenta. Para o agente, outro problema é a legislação, pois quando há prisões os capturados tendem a ser soltos rapidamente.
As autoridades presentes na reunião também passaram uma orientação unânime: não dar qualquer tipo de ajuda para pessoa em situação de rua. Isso porque existem na cidade diversos projetos especializados em auxiliá-las. Um deles é o HumaniZação, da prefeitura. “Fazendo isso, você está incentivando que ela fique na rua”, diz Hamilton Ferreira da Silva, presidente do Conseg Centro. (V.C.)
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