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Situação complicada

Corte no fornecimento de dieta enteral preocupa famílias de crianças especiais

Além da dieta, outros itens como sondas, equipos e frascos também deixaram de ser fornecidos

20 de Dezembro de 2024 às 20:15
Da Redação [email protected]
Além da dieta, outros itens como sondas, equipos e frascos também deixaram de ser fornecidos
Além da dieta, outros itens como sondas, equipos e frascos também deixaram de ser fornecidos (Crédito: Divulgação)

Famílias de Sorocaba que dependem da dieta enteral fornecida pela Prefeitura de Sorocaba enfrentam dificuldades após a interrupção do benefício em dezembro. A dieta, essencial para a sobrevivência e qualidade de vida de crianças com necessidades especiais, deixou de ser entregue, gerando apreensão em pais que não têm condições de arcar com os altos custos do tratamento por conta própria.

César Antônio Moreira, pai de uma criança que depende da dieta enteral, compartilhou sua indignação e preocupação com a situação. “Meu filho recebe a dieta da prefeitura há três anos. Sempre recebemos uma vez por mês as caixas necessárias, mas, pela primeira vez, disseram que não seria entregue em dezembro”, relata.

Além da dieta, César afirma que outros itens fundamentais, como sondas, equipos e frascos também deixaram de ser fornecidos. “Agora, preciso comprar tudo e o custo total da dieta com os equipamentos é de aproximadamente R$ 5.100 por mês. Para nós, é inviável arcar com isso sozinhos”, desabafa.

Ele lamenta a falta de informações prévias e a incerteza sobre os próximos passos. “Não tivemos explicações claras, apenas disseram que a compra não foi autorizada. Só soubemos que não seria entregue neste mês de dezembro. Isso nos deixa completamente desamparados.”

O que diz a prefeitura?

Em nota oficial, a Prefeitura de Sorocaba informa que a interrupção foi causada por atrasos no processo de licitação devido a adequações necessárias para cumprir a nova legislação vigente. A administração pública acrescenta que o fornecimento será regularizado até a primeira semana de janeiro e que medidas emergenciais estão sendo adotadas para evitar desassistência durante esse período.

Ainda de acordo com a prefeitura, os insumos já estão em fase de compra, com o pregão concluído. Para alguns casos específicos, estão sendo recomendadas outras alternativas alimentares, conforme avaliação do programa nutricional municipal.

Preocupação com os impactos

Apesar da promessa de regularização, os pais seguem preocupados com os impactos imediatos da interrupção. Para crianças que dependem exclusivamente da dieta enteral, qualquer atraso no fornecimento pode acarretar sérias complicações de saúde, incluindo desnutrição e agravamento de condições pré-existentes.

Além disso, o custo elevado dos insumos representa uma barreira intransponível para muitas famílias. “Essa dieta é o que sustenta meu filho. Não é uma escolha, é uma necessidade vital”, destaca César.

Direito à assistência

A situação traz à tona a vulnerabilidade das famílias que dependem de serviços públicos de saúde e assistência social. A garantia de acesso a insumos médicos e alimentares é um direito fundamental, especialmente para crianças em situação de fragilidade.

Enquanto a prefeitura promete uma solução em janeiro, os pais aguardam ansiosamente pela normalização do serviço. “Espero que cumpram o prazo e que nunca mais passemos por isso. Essa interrupção não afeta só meu filho, mas várias crianças que dependem dessa assistência para viver”, concluiu César.

O que é dieta enteral?

A dieta enteral é uma forma de nutrição utilizada por pessoas que não conseguem se alimentar de forma convencional, seja por dificuldades em mastigar, engolir ou digerir alimentos sólidos. Ela é administrada diretamente no trato gastrointestinal por meio de sondas e contém nutrientes essenciais para atender às necessidades específicas de cada paciente, como proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e minerais.

Este tipo de alimentação é indispensável para pacientes com condições como paralisia cerebral, doenças neurológicas, câncer ou outras enfermidades que comprometam a ingestão alimentar. Sem ela, o risco de desnutrição e agravamento das condições de saúde é significativo. (João Frizo - programa de estágio)