Meio Ambiente
Atrasos na coleta seletiva preocupam moradores de Sorocaba
Recicláveis acumulam nas calçadas de alguns bairros da cidade
A falta de periodicidade de coleta dos materiais recicláveis está incomodando moradores de alguns bairros de Sorocaba. Muitos reservam embalagens, papéis e recipientes para a coleta seletiva, isto é, separado do lixo orgânico. No entanto, na maioria das vezes, os itens ficam na calçada por mais de uma semana esperando as cooperativas retirarem.
Esse tem sido um desafio enfrentado pelos residentes do Jardim São Carlos, na zona sul da cidade. O aposentado Oscar Thomé Júnior, de 66 anos, conta ao Cruzeiro do Sul que a oscilação nas coletas começou há um mês. Antes, a retirada dos recicláveis era feita semanalmente, toda quinta-feira.
“É uma judiação, porque muitos moradores acabam separando os materiais para ajudar, tanto os cooperados, que vivem disso, quanto o meio ambiente”, aponta Oscar. “Principalmente no mês de dezembro, que tem muitos recicláveis por conta das festas de fim de ano”.
Embora o aposentado enxergue que, atualmente, a reciclagem não é muito significativa e valorizada no Brasil, ele acredita que precisa existir a conscientização. Desta forma, as próximas gerações poderão mudar essa realidade. Porém, na mesma linha, necessita de uma coleta seletiva para que os materiais não sejam misturados com os demais entulhos.
“Com a ausência da coleta, percebo que muitas pessoas deixaram de separar o reciclável, porque fica tanto tempo na calçada que às vezes o próprio caminhão de lixo leva”, relata o morador. “Às vezes, vejo alguns catadores mexendo nestes materiais, mas somente levam aquilo que é mais valioso, como o alumínio”.
Uma alternativa pensada por Oscar é a criação de centros de coleta. Ainda que em Sorocaba existam quatro Ecopontos, onde a população pode depositar até um metro cúbico (m³) de recicláveis, ele se queixa que são muito distantes e, portanto, deveria existir um em cada bairro para atender a demanda.
Em Outros Bairros
No Jardim Emília, também na zona sul de Sorocaba, os residentes enfrentam o mesmo problema há mais de um mês e, assim como no Jardim São Carlos, muitos estão desistindo de separar os recicláveis. A professora Leni Palmira Piacitelli, de 69 anos, continua reservando os itens do lixo orgânico, porém, lamenta a situação.
“Há muitos benefícios na reciclagem. Esse processo emprega e sustenta muitas famílias, estimula os catadores independentes, além da possibilidade de reutilizar materiais e diminuir o volume de lixos nos aterros sanitários”, cita a docente. “Portanto, mesmo sem coleta, o nosso dever como cidadão é fazer a separação e conscientizar o próximo”.
Leni ainda conta que, após colocar os recicláveis na calçada, precisa se manter atenta, pois muitas vezes o vento, ou até mesmo cachorros de rua, espalham os materiais. Neste cenário, ela acredita que colocar container, ao lado do orgânico, para os descartáveis seria uma alternativa.
O que diz a Prefeitura
O Cruzeiro do Sul procurou a cooperativa Coopereso, que atua na coleta seletiva de Sorocaba, porém foi orientado para que procurasse a Prefeitura. A Administração Municipal, por sua vez, explicou que as chuvas fortes ocorridas em dezembro prejudicaram os trabalhos, bem como as festas de fim de ano, uma vez que muitos cooperados fazem uma pausa.
Os Ecopontos também são citados como uma opção para a população, principalmente quando acontecem oscilações na coleta. Contudo, a Municipalidade afirmou que a Secretaria do Meio Ambiente, Proteção e Bem-Estar Animal (Sema) verificará as coletas nos bairros junto às cooperativas para que providências sejam tomadas.
“Esse trabalho é de extrema importância para a proteção do meio ambiente, garantindo a destinação adequada e ambientalmente correta de diferentes tipos de resíduos, e também na geração de renda para os munícipes cooperados”, destaca a Prefeitura, em nota.