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Fissuras reaparecem em viadutos de Sorocaba
Serviços de manutenção tinham sido realizados há menos de um ano nas passagens sobre a av. Afonso Vergueiro
Fissuras e buracos nos viadutos de Sorocaba preocupam pedestres e motoristas que utilizam as estruturas diariamente. Mesmo após obras de manutenção, realizadas há menos de um ano, o problema reaparece em algumas passagens, como nos viadutos Jânio Quadros e dos Ferroviários. Ambas os viadutos, sobre avenida Afonso Vergueiro, apresentaram falhas na pavimentação.
No viaduto dos Ferroviários, que liga as ruas Comendador Oeterer e Álvaro Soares, uma fissura se estendia por toda largura da via. Além desta fresta, havia buracos no asfalto. Em março do ano passado, o jornal Cruzeiro do Sul noticiou que esse mesmo local foi interditado para recapeamento.
No viaduto Jânio Quadros, a situação era parecida. Fendas e buracos também apareceram, depois obras de reparo em abril de 2024. Ontem (7), após a repercussão dos problemas, equipes da Prefeitura de Sorocaba fizeram reparos parciais.
De acordo com o engenheiro civil Valmir Almenara, uma possível causa para as fissuras recorrentes é a falta de uma junta de dilatação, parte importante para a sustentação do asfalto em construções desse tipo. O dispositivo, segundo o profissional, é uma espécie de barreira entre o concreto — que por vários motivos tem uma movimentação natural — e o asfalto.
“É de extrema importância uma análise profunda para um diagnóstico preciso, por mais que superficialmente não se aparenta ter danos estruturais mais sérios”, aponta Almenara. “Essas rachaduras podem causar acidentes, pois em alguns pontos não tem sinalização. O reforço nos cuidados para antecipar e prevenir os acidentes precisa ser urgente. Além disso é essencial manter a manutenção regular”, diz o engenheiro.
A Secretaria de Serviços Públicos e Obras (Serpo) informou, em nota, que as manutenções corretivas são realizadas conforme necessidade, anualmente ou após alguma “intempérie climática”.
A rápida expansão de Sorocaba nos últimos anos trouxe a necessidade de novas obras de mobilidade para melhorar o trânsito. Distribuídos pelo município, existem ao todo 178 pontes, viadutos e passarelas, segundo a Serpo. Com o passar do tempo, os materiais perdem qualidade e, neste cenário, vistorias se tornam essenciais para manter a segurança.
José Antonio de Milito, diretor de engenharia da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Sorocaba (Aeas), explica que, no ramo da engenharia, existem três tipos de vistorias: cadastral, rotineira e específica. A primeira deve ser feita após a construção ou reforma do viaduto, junto a um relatório com todos os detalhes técnicos.
A rotineira, por sua vez, deve ser realizada uma vez por ano de forma rápida e visual. Segundo Milito, os resultados devem ser comparados com o relatório produzido durante a vistoria cadastral, para comparar a evolução ou o surgimento de fissuras no asfalto. Já a específica, deve ser efetuada a cada cinco anos e de modo minucioso, com a presença de engenheiros, calculistas e geotécnicos.
“As vistorias são extremamente importantes porque as fissuras acontecem mesmo, seja em razão do tempo de construção, qualidade do concreto, movimentação do trânsito e até mesmo variação de temperatura. Contudo, é preciso acompanhar se essas fendas não estão crescendo”, esclarece o diretor de engenharia. “Quando a fissura fica pequenininha e não aumenta, é a dilatação normal do material. Agora, quando começa a aumentar, é por algum fator externo.”
Falhas nas juntas de dilatação, como citadas por Valmir Almenara, são comuns em vistorias. Neste caso, a fissura não é considerada uma trinca estrutural e o reparo deve ser executado para evitar um desnível na pista. De acordo com Milito, é orientado que a restauração seja feita a cada cinco anos, uma vez que é normal que haja deterioração com o movimento de veículos.
Outros problemas comuns encontrados de vistorias são as armaduras — conjunto de elementos de aço de uma estrutura — que, por muitas vezes, ficam aparentes e expostas. Neste cenário, o material corre risco de corrosão, comprometendo a estrutura do dispositivo viário.
“Em Sorocaba, os viadutos são muito antigos, então é necessário fazer um estudo da qualidade do concreto devido ao tempo de construção, para saber como está se comportando após anos. Além disso, o tráfego muito intenso e a variação térmica também colaboram com a deterioração dos viadutos”, aponta Milito. “Portanto, volto a dizer, é muito importante manter a manutenção e um controle constante”. (Colaborou Ana Sentelhas - programa de estágio)
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