Crescimento
Indústria local de autopeças está em expansão
Cerca de 300 empresas do segmento empregam cerca de 22 mil trabalhadores em Sorocaba

O segmento industrial de autopeças em Sorocaba é um motor que impulsiona a economia e a geração de empregos na cidade. São centenas de empresas do ramo e milhares de trabalhadores em uma área que demonstra grande potencial de expansão. Os componentes para veículos fabricados no município abastecem montadoras e o mercado de reposição. As empresas têm investido em inovação tecnológica e no aumento da produção.
“Hoje temos em Sorocaba aproximadamente 300 empresas deste segmento. As pioneiras que se instalaram na cidade foram a ZF e a Schaeffler. Na época em que essas empresas vieram, não havia uma montadora como temos a Toyota hoje. Essas empresas trouxeram toda uma cadeia de fornecedores, que passaram a atender também montadoras como GM, Volkswagen e Mercedes-Benz, que não estão instaladas em Sorocaba, mas representam um grande mercado para o setor automotivo”, explica Erly Domingues de Syllos, diretor regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp). Atualmente, aproximadamente 22 mil trabalhadores atuam na cadeia produtiva do setor de autopeças em Sorocaba.
Uma das iniciativas mais recentes na região foi a inauguração de um centro logístico da Schaeffler, empresa que produz peças e soluções tecnológicas para a indústria automotiva, O centro logístico fica em Porto Feliz, a cerca de 20 quilômetros da sede localizada em Sorocaba. O local tem quase 20 mil m² e possui escritório, armazém, centro de montagem e distribuição. Com o novo espaço, mais de 100 profissionais foram contratados, entre operadores logísticos, supervisores, analistas e estagiários. A General Motors também mantém em Sorocaba um centro logístico de peças, localizado na avenida de mesmo nome, na zona industrial.
“Uma das empresas a se instalar em Sorocaba foi a Nal do Brasil, que fabrica faróis e componentes para iluminação automotiva. Trata-se de uma empresa japonesa que veio para a cidade principalmente por conta da Toyota, mas que também fornece para outras montadoras instaladas no Brasil”, destaca Syllos.
O grande número de empresas do ramo faz de Sorocaba um dos polos industriais de autopeças mais importantes do País, diz o diretor regional do Ciesp. “A cidade tem um forte foco nesse setor, com toda a cadeia automotiva (...). Com a chegada da Toyota, há 12 anos, vieram também outras 12 empresas sistemistas, que estão instaladas no mesmo complexo da Toyota e conectadas por uma avenida. Elas operam no modelo ’just in time’, ou seja, entrega imediata, pois a Toyota não trabalha com estoque. Para isso, é necessária uma sintonia perfeita, e normalmente essas grandes empresas realizam auditorias em seus fornecedores para garantir a qualidade e a segurança dos veículos que serão colocados no mercado.”
Exigências e crescimento
Para uma empresa ser considerada do ramo de autopeças, é necessário que tenha vocação para esse segmento, explica Syllos, podendo atuar em usinagem, estamparia, setor de plástico, entre outros. O setor automotivo é altamente exigente, especialmente no quesito qualidade, devido aos padrões de segurança exigidos globalmente. Todas as montadoras operam dentro de plataformas internacionais, e as empresas de autopeças precisam estar certificadas conforme as normas ISO 9000 (qualidade), ISO 14000 (meio ambiente) e IATF 16949 (gestão da qualidade automotiva).
“Esses são os requisitos exigidos não apenas pelas montadoras, mas também pelas sub-montadoras, como ZF, Schaeffler e Bosch, chamadas de Tier 1. Essas empresas, por sua vez, possuem fornecedores classificados como Tier 2 e Tier 3, todos sujeitos a um alto nível de exigência”, afirma o diretor do Ciesp.
Mesmo com tantas exigências, o setor continua crescendo. “Nos últimos anos, por exemplo, a Toyota anunciou um investimento de R$ 11 bilhões nos próximos três anos. Como consequência, todas as empresas sistemistas tiveram que ampliar, investir e contratar. Sorocaba também está entre as cidades que mais exportam no Estado de São Paulo, com a Toyota representando aproximadamente 48% das exportações locais. Outras empresas de autopeças também exportam para mercados exigentes, como Estados Unidos e Europa, o que exige um padrão mundial de qualidade”, pontua Syllos.
Oportunidades
Willians Ramos Kowalski, 47 anos, é um exemplo do potencial desse setor. “Mesmo como jovem aprendiz, percebi que essa área era muito promissora”, diz o gerente industrial, que iniciou sua carreira nos anos 1990. “Trabalhei em uma montadora de ônibus e depois entrei em uma empresa de autopeças de reposição. A indústria de autopeças se tornou um dos motores da economia industrial, com milhares de fornecedores e um grande desenvolvimento tecnológico.”
Seu irmão, Marcos Ramos Kowalski, 43, também seguiu na área. “Vim da área de informática e logo me identifiquei com o setor industrial. Consegui entrar na Denso, o que abriu um leque de oportunidades para mim”, conta o gestor de produção industrial. “A cultura de treinamento e a capacitação do setor ajudam muito. Foi através da indústria de autopeças que consegui impulsionar minha carreira.”
Transição energética
Sorocaba desempenha um papel importante na transição energética, fornecendo autopeças para montadoras que estão adaptando seus processos para novas tecnologias. “As empresas precisarão se reinventar, pois os carros elétricos e híbridos demandam menos componentes”, diz o economista Geraldo Almeida. “O setor precisará se adaptar, mas a indústria de autopeças tem histórico de adaptação rápida. A questão da mobilidade sempre estará presente em nosso cotidiano.”
Rafael Cervone, presidente do Ciesp e primeiro vice-presidente da Fiesp, destacou a participação do setor industrial no crescimento do PIB brasileiro, que avançou 3,4% em 2024, segundo o IBGE. “Os números mostram que a revitalização da manufatura é fundamental para a geração de empregos, o aumento da renda das famílias, a expansão da economia e o desenvolvimento nacional”, afirmou.
“Nosso País tem boas oportunidades de ampliar exportações e impulsionar a economia, mas precisamos solucionar desafios estruturais para manter esse crescimento”‘, avalia Cervone.
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